Diocese de Santo André

Carta recorda superação e apoio da família na vitória sobre a Covid-19

A Diocese de Santo André apresenta nesta quinta-feira (13/08) o oitavo e último capítulo da série especial “Curados para Amar”, que reuniu depoimentos de pessoas que superaram as adversidades e venceram a batalha contra a Covid-19.

E para fechar com chave de ouro, um testemunho marcante de um senhor de 75 anos que lutou e sagrou-se vitorioso contra o coronavírus. Nelson João Ferrari, que participa da Paróquia São João Batista, em São Caetano, optou por escrever uma carta para recordar esse caminho de superação, revelar o apoio fundamental da família e inspirar pessoas que foram acometidas pela doença a enfrentá-la com fé e perseverança.

“No dia 8 de abril apresentei uma piora e no dia 10 meu quadro se agravou e o médico falou para meu filho (Leandro) que a impressão era que eu estava me entregando. Nesse momento meu outro filho (Leonardo) disse: “hoje é Sexta-feira Santa e Domingo é dia de renascimento” e foi dito e feito. No Sábado de Aleluia e no Domingo de Páscoa foi quando meu quadro começou a apresentar melhora constante”, confidencia.

Após ler a carta, na íntegra, acesse os outros sete capítulos da série

Meu nome é Nelson João Ferrari, tenho 75 anos e sou aposentado. Casado com a Angela, tenho dois filhos, o Leandro e o Leonardo, duas noras Adriana e Cilene, e três netos, Yan, Mel e Bianca.

Fui infectado pelo Covid-19 por volta do dia 14 de março. No dia 17 de março comecei a apresentar apenas uma febre e segui os protocolos determinados que era de não ir ao hospital, se não apresentasse falta de ar ou cansaço, não tive perda de paladar e olfato, apenas a febre. Comecei a tomar antitérmico e medicamento para gripe por não ter nenhum outro sintoma, só a febre mesmo que variava em torno de 38°, por isso achava que se tratava apenas de um resfriado.

Após 4 dias sem que a febre cedesse procurei o pronto-socorro do meu convênio (Prevent Senior), o médico fez um Raio-X do pulmão e detectou um início de pneumonia. Fui medicado com antibiótico e voltei para casa. Como era muito início da pandemia o protocolo era somente esse fazer testes com outros sintomas que eu não apresentava. Após 4 dias sem que a febre cessasse voltei ao hospital e foi feito um novo Raio-X. Nesse momento, o médico detectou uma grande piora já me encaminhou de ambulância para um hospital para uma tomografia. Feito isso disseram que eu ficaria internado com oxigênio durante uns 5 dias. Eu estava andando sem nenhum outro sintoma, isso que estou relatando foi no dia 25 de março, às 22h. Após 3 horas senti um desconforto e minha gasometria abaixo demais, nesse momento fui encaminhado para a UTI e colocado em coma induzido, entubado e ligado ao respirador com 100% de sua capacidade.

Portanto, a partir de agora meu relato será pelo que minha família me contou. Na manhã seguinte, a minha família recebeu uma ligação do hospital pedindo a presença deles. Eles foram para o hospital desesperados achando que o pior havia acontecido. Chegando ao hospital foram direcionados para a UTI e lá foram informados da minha situação. O médico responsável (Dr. Renan) informou que o meu quadro era muitíssimo grave e, a partir daí, começou a nossa saga.

Por determinação dos médicos e dos meus filhos, minha esposa foi colocada isolada e de quarentena. Então, sozinha em casa. Meus filhos ficaram dando todo o respaldo necessário. Todas as noites meus filhos se revezaram nas visitas no hospital para saber notícias das minhas condições.

Após duas semanas, eu ainda entubado eles puderam ficar com minha esposa, quando um ia ao hospital o outro ficava com ela para receber o relatório médico. Nesse período eu apresentei algumas infecções fui submetido à várias hemodiálises e vários medicamentos. No dia 8 de abril apresentei uma piora e no dia 10 meu quadro se agravou e o médico falou para meu filho (Leandro) que a impressão era que eu estava me entregando. Nesse momento meu outro filho (Leonardo) disse: “hoje é Sexta-feira Santa e Domingo é dia de renascimento” e foi dito e feito. No Sábado de Aleluia e no Domingo de Páscoa foi quando meu quadro começou a apresentar melhora constante. Eu permaneci entubado por 27 dias e só tinham uma alternativa para que eu pudesse sair desta condição que era fazer a traqueotomia. Feito isso começaram e tirar a sedação e comecei a acordar. Após 51 dias recebi alta da UTI e fui para o quarto. Depois de 4 dias no quarto apresentei um pequeno problema e por precaução voltei para a UTI. Lá fiquei por mais 3 dias e voltei para o quarto.

No dia 25 de maio (60 dias de internação) recebi alta do hospital e fui direcionado para uma clínica de recuperação, ainda estava com a traqueotomia sem saber se poderia voltar a se alimentar e respirar de forma normal. Nessa clínica eu iniciei alguns exercícios e lá tiraram a traqueotomia e passei a iniciar alimentação oral. Lá eu fiquei durante de 35 dias e pude ir para casa. Agora estou me adaptando, fazendo fisioterapia diariamente, com acompanhamento de uma fonoaudióloga, enfermagem para os curativos das escaras, nesse período tive que reaprender a comer, falar e etc.

Hoje já tive alta da fonoaudióloga e posso comer de tudo normalmente. Estou me fortalecendo da parte muscular e já estou conseguindo me movimentar melhor. Já estou conseguindo ficar de pé e trocar alguns passos graças a fisioterapia intensa, porém até voltar a andar sozinho será um longo caminho pela frente, não é fácil, mas tenho um respaldo muito grande da minha família, minha esposa cuida da minha alimentação, um filho da fisioterapia e o outro junto com uma moça que é como uma filha de criação cuidam do banho e dos curativos, estou melhorando a cada dia e assim vamos seguindo.

Estou em total recuperação e espero que mais alguns meses e eu já possa andar sozinho. Minha esposa é frequentadora assídua da Paróquia São João Batista e durante todo esse período rezou muito, era uma corrente contínua de todos, parentes, sobrinhos e amigos, até de fora do Brasil, todos rezaram muito e esse foi um “remédio” essencial, foram centenas e centenas de pessoas. Essa doença me fez aprender que devemos ter mais fé, tolerância e entrega, além de mais calma com os acontecimentos da vida, estou sendo muito perseverante, pois só assim a gente consegue uma recuperação total.

Agradeço de coração e torço para que todos os doentes tenham a chance que estou tendo.
Nelson João Ferrari

 

Leia também:

1º capítulo

2º capítulo

3º capítulo

4º capítulo

5º capítulo

6º capítulo

7º capítulo

Compartilhe:

Mensagem do Bispo Dom Pedro Carlos Cipollini para a Diocese de Santo André

Dom Pedro Carlos Cipollini celebra 9 Anos na Diocese de Santo André

Homilia, Missa do Jubileu Diocesano 70 Anos da criação da Diocese de Santo André

Ginásio lotado com mais de 7 mil pessoas marca celebração dos 70 anos da Diocese de Santo André

Catedral diocesana celebra sua padroeira

Padre Toninho assume nova missão na Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora

Jovens Sarados comemoram 15 anos com missa presidida pelo bispo diocesano

ENCONTRO CHEGA AO FIM COM REFLEXÃO SOBRE PERSPECTIVAS PARA A AÇÃO EVANGELIZADORA DA IGREJA NO BRASIL

PARTICIPANTES DE ENCONTRO DESTACAM PROPOSTA DE SINODALIDADE NA AÇÃO PASTORAL DA IGREJA

“O COORDENADOR DE PASTORAL É UM MEDIADOR DA GRAÇA DE DEUS E PROMOVE A COOPERAÇÃO NA COMUNIDADE”, DISSE NÚNCIO APOSTÓLICO