Diocese de Santo André

Pe. José Nistal: 20 anos de missão e compromisso social na Diocese

“Sou muito agradecido pelos 20 anos em que atuei na Diocese de Santo André. Uma região acolhedora. O povo sempre apoiando. Onde pudemos cuidar da espiritualidade e ter o compromisso social na defesa dos direitos das pessoas. Uma boa experiência que guardarei para sempre.”

Após duas décadas de serviços prestados em nossa Diocese, Pe. José Nistal Martin de Serranos, 75 anos, encerrou sua bela caminhada na Igreja Católica do Grande ABC neste início de segundo semestre de 2020. Ele destaca dois pontos principais que nortearam o trabalho realizado em duas paróquias (Nossa Senhora de Fátima, na Região Santo André – Utinga; e São Geraldo Magella, na Região São Bernardo – Centro).

“Neste tempo nas comunidades pude trabalhar um pouco na estrutura e um pouco na formação. Sempre construindo tijolinho por tijolinho. Partilhei um pouco do meu conhecimento e, por outro lado, recebi muito aprendizado”, afirma o sacerdote do Instituto Espanhol das Missões Estrangeiras, que conversou por telefone com a reportagem da Diocese de Santo André na quinta-feira (13/08), direto de Santo Amaro, na capital paulista, onde reside atualmente e iniciará trabalho com uma Ong nas periferias.

“Tão logo acabe a quarentena e passe a pandemia, devemos iniciar essa ação. Está no sangue trabalhar com o povo na base”, admite, ao afastar qualquer hipótese de aposentadoria. Neste bate-papo, Pe. Nistal recordou a chegada ao Brasil, a atuação nas paróquias, a evangelização e as iniciativas pela inclusão social.

Vocação e amizade

Pe. José Nistal Martin de Serranos nasceu na província de Ávila (Espanha) – mesma cidade onde nasceu Santa Teresa de Ávila – no dia 22 de novembro de 1944. Ingressou no Seminário Diocesano de Ávila (Espanha), no início da década de 1960. A ordenação presbiteral aconteceu na cidade de Burgos (Espanha) – local onde cursou o último ano de Teologia – no dia 20 de dezembro de 1969, ou seja, completou o jubileu de ouro como sacerdote no fim do ano passado.

“A influência da família foi importante no meu processo vocacional. Minha família era religiosa e eu desde pequeno chamava a atenção ao imitar os padres, fazer um altarzinho em casa”, confidencia. Ele recorda a amizade com Pe. Ângelo, que foi companheiro de caminhada sacerdotal.

“Nossa diferença de idade é de três meses. Nos conhecemos no seminário. Fomos para Jerusalém, em 2007, com os franciscanos. Temos um bom relacionamento. O Ângelo sempre puxou muito pela espiritualidade e o desenho. Fazia caricaturas com exatidão, tanto que contribuiu durante três anos com o ABC Litúrgico. Um bom desenhista”, cita Pe. Nistal, sobre os dotes artísticos do conterrâneo e contemporâneo amigo.

Chegada ao Brasil

No ano de 1972, em plena ditadura militar, Pe. Nistal chega ao Brasil, desembarcando em São Paulo, após passagem de dois anos nos Estados Unidos. “Tinha a opção de ir para o Japão, mas vim para o Brasil com mais três pessoas. A ditadura não era novidade para nós aqui. Já tínhamos vivenciado a ditadura de Franco (1936-1975). Mais de 20 padres presos em Samora (província no noroeste espanhol)”, relembra o sacerdote, ao citar que o protagonismo da Igreja no Brasil foi exemplo para o mundo.

“No sentido de enfrentar a ditadura e lutar pela democracia foi um grande exemplo. Pude experimentar essa experiência única. Dom Paulo Evaristo Arns (1921-2016, arcebispo de São Paulo na época da ditadura) foi uma grande referência”, atesta.

Em 1976, Pe. Nistal se naturaliza brasileiro.

Trabalho em São Paulo

Na Arquidiocese de São Paulo, Pe. Nistal atuou de 1972 a 1980 na Paróquia Santa Rita de Cássia, na região de Santo Amaro, zona sul da capital paulista. “Era uma comunidade bem pobre. Não tinha muito estrutura. Foi um período de muito trabalho”, recorda.

De 1981 a 1988, Pe. Nistal administrou a Paróquia Santa Tereza, em Artur Alvim, na zona leste de SP. “Em 1989 retorno para a Espanha para conviver com a minha mãe, já que sou incardinado na Diocese de Madrid”, conta.

De volta ao Brasil, de 1990 a 1999, Pe. Nistal assume a Paróquia Sant’Ana, na zona norte de São Paulo. “Foi uma época muito boa da minha vida. Recebia convites para almoçar nas casas, visitava as famílias. Naquele tempo, a relação com o povo era mais próxima”, constata.

Antes de chegar à Diocese de Santo André, Pe. Nistal realiza uma experiência com o povo de rua, no bairro do Brás, e na Pastoral Carcerária.

Atuação na Diocese

Depois da aprovação da proposta enviada pelo Pe. Nistal para a direção do Instituto Espanhol das Missões Estrangeiras, o sacerdote é acolhido pelo bispo Dom Décio Pereira (1940-2003), que oferece a ele a missão de administrar a Paróquia Nossa Senhora de Fátima, na Região Santo André – Utinga. É apresentado no dia 26 de dezembro de 2000. Uma das principais prioridades ao conhecer a realidade local foi identificar a necessidade de aumentar o espaço interno do templo católico.

“Tinha muita gente no bairro e localidades próximas que frequentava a paróquia. Antigamente, a igreja recebia 200 pessoas. Aumentamos a capacidade para 600 pessoas, mais a construção do mezanino, tudo em seis anos”, salienta.

Como bom missionário, Pe. Nistal parte para uma nova missão, em janeiro de 2008, quando o até então bispo diocesano Dom Nelson Westrupp realiza a nomeação para atuar na Paróquia São Geraldo Magella, na Região São Bernardo – Centro, onde permaneceu até julho de 2020.

“Foi um grande desafio trabalhar numa paróquia com dez comunidades e com uma realidade social bem diferente de onde eu estava”, compara.

Estrutura e formação

O primeiro ponto a ser trabalhado foi estrutural e reforçar a parceria com os padres da Diocese de Ímola, através do Projeto Igrejas Irmãs. “Como a comunidade era bem pobre, os padres italianos ajudaram na construção do salão paroquial. Percebíamos o crescimento das comunidades. Fizemos dois salões na Santa Rita e na São João; o salão paroquial e a cozinha na Santo Afonso. Melhoramos a infraestrutura de salas grandes para catequese, reformamos espaços da paróquia e das comunidades”, ressalta.

A outra questão tratada como prioridade era a formação para atuar na igreja e nas comunidades carentes. “Investimos esforços para formar lideranças, ministros da eucaristia, leitores e membros para trabalhos sociais, a fim de incentivar iniciativas solidárias e educativas, como o projeto da Comunidade Santa Rita que acolhe crianças, das Irmãs Filhas de São Francisco de Salles”, comenta.

Pe. Nistal indica que a igreja não pode perder a missão profética e evangelizadora nos tempos atuais em que a sociedade sofre mudanças constantemente. “Faz parte da igreja ser sal e ser luz no mundo. Ter esse compromisso com os injustiçados e menos favorecidos. Ter essa presença significativa dentro das comunidades para fazer a diferença” finaliza o sacerdote, que elogia a iniciativa do Sínodo Diocesano (2016-2017), idealizado pelo atual bispo Dom Pedro Carlos Cipollini.

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