Diocese de Santo André

A pessoa vale mais

Não há dúvida que vivemos momento agravante da crise econômica que já vem de algum tempo. A pandemia colocou-nos em situação de petição de miséria como se diz. Há um falso dilema: a economia ou a vida?

Não sendo economista, não tenho credenciais para falar como técnico na área, mas como cidadão, observador da sociedade e teólogo. Desta perspectiva posso dizer algo, já que até mesmo economistas de profissão estão inseguros. Cada um entende uma parte da confusão que se armou no sistema financeiro.

A pergunta que se faz é: qual o objetivo do sistema financeiro neste momento? A movimentação financeira está a serviço de quem? Será que o mundo financeiro como está organizado, traz realização para as pessoas? Para o cristão pode se acrescentar uma última pergunta além da preocupação ética: será que tudo isto está de acordo com a Palavra de Deus?

Aqui é importante lembrar o que Jesus disse: “Não se pode servir a Deus e ao dinheiro” (Mt 6,24); São Paulo acrescenta: “O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males” (1Tm 6,10). Com isso não se quer condenar a movimentação financeira. O comércio é atividade humana legítima e colabora para o desenvolvimento e sustento das pessoas. Todavia, atividade comercial, movimentação econômica e financeira, devem estar a serviço do bem comum.

O ser humano e, em última análise a vida, devem ser o objetivo da economia. Assim sendo, o trabalho nesta área pode reverter em bem imenso para as pessoas, para a produção de riquezas e sua distribuição em vista do bem comum. Isto não exclui o lucro equilibrado e razoável.

O que vemos, no entanto, é uma situação na qual até mesmo com esta pandemia, existe aumento de lucro par alguns, enquanto uma maioria vai passando da pobreza à miséria. A estes últimos é aconselhado fazer economia. Na situação atual, aconselhar economia aos pobres é grotesco e insultante. É como aconselhar que coma menos quem está morrendo de fome.

O comércio e a economia que teriam capacidade enorme de unir, partilhar e harmonizar as pessoas, promovendo a vida, se transformam em instrumento de desespero e morte. A ganância que sustenta a idolatria do dinheiro é absurda. Bebemos e comemos como se devêssemos morrer amanhã, acumulamos como se devêssemos esbanjar depois da morte, dizia alguém.

A reforma tributária e a econômica, que tramitam no Congresso, devem ser feitas para manter a vida de todos e não de uma minoria que explora os demais. A cooperação deve vencer a concorrência predadora.

O que estamos colhendo neste momento de pandemia, é o agravamento da situação social crônica no Brasil, que sacrifica os mais vulneráveis, aumentando a miséria. Tudo isto é fruto de uma economia sem coração, que, por ter expulsado Deus e a pessoa humana de seu sistema, acaba na torre de babel econômica.

Enquanto se conceber o tempo como dinheiro, fazendo do lucro o motor da economia e adotando o individualismo como modo de vida, no qual cada um busca seus próprios interesses, deixando ao acaso a concretização do bem comum, não haverá paz. Se não houver conversão ou mudança de rumo, provavelmente outras pandemias virão como alerta, indicando a necessidade de mudança de foco.

O Papa Francisco fez proposta a vários grupos para estudarem uma nova organização econômica. Uma possível saída para os problemas da fome, miséria e degradação do meio ambiente. Marcou-se este ano, um congresso em Assis na Itália com a sugestivo nome: “Economia de Francisco: uma outra economia é possível”. Mas com a pandemia foi adiado.

O ser humano tem primazia sobre as coisas materiais. O que equivale a dizer que a economia deve servir o homem e não o homem viver em função do econômico. A pessoa vale mais!

 

 

 

Compartilhe:

Jubileu Ordinário 2025: Um Ano para Peregrinar na Esperança

Rumo ao 9º Plano Diocesano de Pastoral: Um Chamado à Comunhão e Missão

Diocese de Santo André se despede de Padre Praxedes, sacerdote dedicado aos pobres e à justiça social

CDPA se reúne para fortalecer a ação pastoral e a comunhão diocesana em 2025

Condolência de Dom Pedro pelo falecimento do Padre Praxedes

Nota de pesar pelo falecimento do Padre Walfrides José Praxedes

Pe. Francisco de Assis da Silva, OMI, assume a Paróquia São Luiz Gonzaga em Mauá

Direitos Humanos?

nomeacoes

Nomeações e provisões – 29/01/2025

Núncio Apostólico do Burundi visita Diocese de Santo André