Diocese de Santo André

Filho de Santo André, Dom Gabriel assume Mosteiro Trapista do Brasil

No Ano Vocacional Diocesano e no Mês Missionário, um filho da Diocese de Santo André recorda a sua vocação e a prontidão em sempre acolher o chamado de Deus para a missão. O monge trapista Padre Gabriel Augusto Vecchi (OCSO) nasceu em 1978, na cidade de Santo André, no estado de São Paulo, e iniciou a caminhada há praticamente duas décadas no Mosteiro Trapista Nossa Senhora do Novo Mundo, na cidade Campo do Tenente (PR).

Nomeado no dia 18 de outubro de 2020 como superior ad nutum (1º superior) do Mosteiro Trapista do Brasil (após a renúncia de Dom Bernardo Bonowitz – que atuou como superior da comunidade durante 24 anos – comunicada a Dom Gerard D’Souza, Padre Imediato que acolheu a renúncia e a reportou ao abade geral Dom Eamon Fitzgerald, mediando o processo de nomeação), Dom Gabriel Vecchi atuou durante quatro anos, entre 2016 e 2019, como perito da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), ao lado do bispo da Diocese de Santo André, Dom Pedro Carlos Cipollini, atual presidente no segundo mandato (2019-2022).

Sua família é de São Caetano e frequentava a Paróquia São Bento, da qual também participava, antes de começar os estudos em São Carlos, no interior paulista.   “Meu conselho a todos os vocacionados da Diocese de Santo André é que busquem aquela forma de vida em que podem se oferecer totalmente e ser verdadeiramente amor. Assumam o sacrifício que Deus pede de vocês e entreguem-se com generosidade. Isso torna a nossa vida não apenas santa, mas também muito feliz. Que Deus abençoe a todos vocês com abundantes e copiosas graças. Contem com nossas orações e rezem por nós, também”, enfatiza o monge trapista.

Dom Gabriel concedeu entrevista exclusiva à reportagem da Diocese de Santo André, em que aborda o despertar de sua vocação, aponta conselhos para os jovens, destaca os desafios na trajetória religiosa e durante a pandemia, além da nova missão à frente do Mosteiro Trapista Nossa Senhora do Novo Mundo. Boa leitura!
*

1 – Estamos no Ano Vocacional na Diocese de Santo André. Como surgiu a sua vocação?
Minha vocação surgiu enquanto eu cursava o 2º ano de Química na USP (Universidade de São Paulo) de São Carlos. Fazia menos de um ano que começara a voltar para a Igreja e dei-me conta que, embora gostasse muito de Química, ela só me satisfazia num nível muito superficial, enquanto que o estudo da Teologia e a busca de Deus falavam muito mais profundamente… Comecei a participar das pastorais na paróquia que frequentava – a Paróquia passionista de São Sebastião, em São Carlos – e descobri um mundo novo, um mundo onde a doação, o serviço davam um sentido à vida que eu desconhecia até então. Esta experiência foi se intensificando, até o momento que eu me disse: “Eu quero ser todo de Deus”. Como eu gostava muito de Química Quântica, pensei: “Quero ser um cristão quântico!” E para mim, isto significava: ser um contemplativo.
*

2 – Quem foi fundamental neste processo?
Comecei uma busca vocacional que me conduziu ao mosteiro cisterciense de Nossa Senhora de São Bernardo, em São José do Rio Pardo (SP). Larguei a faculdade no último ano e ingressei ali. E foi durante meu postulantado nesta comunidade que conheci os monges trapistas. Houve um simpósio ali, no qual vários monges trapistas participaram. Ao vê-los, foi amor à primeira vista. Pensei: “Quero ser como eles!” E entrei na Trapa.
Era o ano 2000. Digo com toda a sinceridade: desde então, meu amor pela minha vocação nunca arrefeceu e tenho certeza que, se um dia Deus me permitiu estudar Química e ser postulante naquele outro mosteiro, foi para me trazer para cá.
*

3 – Quais conselhos pode dar a quem quer seguir a vida religiosa e consagrada?
Ainda hoje vejo a vocação contemplativa como uma vocação “quântica”, como uma inserção muito íntima no Coração de Jesus e de sua Igreja. E meu desejo, em minha consagração trapista, é o de ser amor e oblação – para os irmãos de minha comunidade e todos aqueles que a Providência põe em meu caminho. Para mim, é isto ser cristão, monge e sacerdote: viver uma vida de amor e de oblação.

Meu conselho a todos os vocacionados da Diocese de Santo André é que busquem aquela forma de vida em que podem se oferecer totalmente e ser verdadeiramente amor. Assumam o sacrifício que Deus pede de vocês e entreguem-se com generosidade. Isso torna a nossa vida não apenas santa, mas também muito feliz. Que Deus abençoe a todos vocês com abundantes e copiosas graças. Contem com nossas orações e rezem por nós, também.
*

4 – Qual a primeira ação ao assumir essa função?
Minha nomeação como superior foi precedida por um período de ausência, em virtude de um sabático prolongado, de nosso abade D. Bernardo. Eu era o prior (2º superior) e nestas circunstâncias devia atuar como o primeiro superior. Isto funcionou como um período de transição, pois meus encargos eram praticamente os mesmos de um superior regular.

Ao ser nomeado oficialmente superior da comunidade, a primeira ação foi celebrarmos uma Missa votiva do Espírito Santo, em ação de graças por tudo o que Deus tem operado na vida de nossa comunidade e pedindo a bênção divina sobre esta nova etapa de nossa caminhada que se inicia.
*

5 – Quais os principais desafios de ser monge trapista em tempos de pandemia?
Por sermos monges de clausura, o isolamento social imposto pela pandemia não afetou em nada a nossa vida cotidiana – exceto em pontos secundários, como o uso regular de álcool gel e outras medidas preventivas. O que mudou foi o nosso contato com as pessoas de fora – que já era bem delimitado e passou a ser ainda mais reduzido.

Fechamos nossa casa de retiros (hospedaria) e a portaria onde vendemos nossos produtos. Porém, decidimos não fechar a nossa igreja, que sempre esteve aberta para as pessoas. Mudamos apenas o horário da Missa dominical – que passou das 10h para as 07h da manhã. Mas jamais impusemos restrição quanto ao número de participantes. Neste contexto, o maior desafio é o de testemunhar a quantidade de pessoas que sofrem muito mais do que nós por terem suas vidas mais diretamente afetadas pela pandemia do que nós, e não podermos com frequência fazer outra coisa por elas, senão rezar…

Saiba mais sobre Dom Gabriel:
Nome completo: Gabriel Augusto Vecchi, OCSO
Data de Nascimento: 20/07/1978
Cidade Natal: Santo André (SP)
Data de entrada no seminário: Mosteiro Trapista Nossa Senhora do Novo Mundo, aos 16 de janeiro de 2000.
Data de ordenação como diácono: 11/07/2014
Data de ordenação presbiteral: 26/01/2015
Quais funções exerceu durante sua vida em assessorias, coordenações e conselhos da Igreja?
Subprior (3º superior): 2008-2009
Prior (2º superior): 2009-2020
Superior ad nutum (1º superior): desde 18/10/2020
Mestre de noviços: desde 30/12/11
Tradutor
Membro perito da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) durante o quadriênio (2016-2019)

Compartilhe:

JUVENTUDE E ESPERANÇA

Entrevista de Dom Pedro para a Diocese de Campo Limpo aborda nova etapa da caminhada sinodal

“O amor pode tudo, porque o amor é o próprio Deus”: Domingo de Ramos no Santuário do Bonfim reúne fiéis em caminhada de fé e esperança

“Peregrinos da esperança”: manhã de espiritualidade reúne coordenadores da Pastoral da Acolhida

Padre Jean se pronuncia na Câmara Municipal de São Bernardo do Campo em defesa da missão da Igreja

Juventude diocesana anima a casa da Mãe Aparecida na Peregrinação do Jubileu da Esperança

Sete anos da Constituição Sinodal: um caminho de fé, escuta e missãoSete anos

VIOLÊNCIA DE CADA DIA

nomeacoes

Decretos e provisões – 02/04/2025

Retiro do Vicariato para a Caridade reforça que servir é deixar-se habitar por Deus