Diocese de Santo André

Santa Missa da Ceia do Senhor: os dons valiosos da eucaristia, do amor e do sacerdócio 

Iniciando o Tríduo Pascal desta Semana Santa de 2021, o bispo da Diocese de Santo André, Dom Pedro Carlos Cipollini, celebrou na noite de quinta (1º/04), a Santa Missa da Ceia do Senhor, sem a presença de fiéis e apenas com transmissão online, na Catedral Nossa Senhora do Carmo, no Centro da cidade andreense.

“Que essa celebração possa confortar o coração de cada um. Estamos de luto pela situação que vivemos, muitas mortes nesta pandemia, uma verdadeira tragédia para todos nós brasileiros. Coloquemo-nos diante do Senhor, no seu mistério de amor manifestado em Jesus Cristo. Queremos celebrar nesta última ceia, à instituição deste sacramento maravilhoso da eucaristia, do sacerdócio, e também o mandamento do amor, que Jesus deixa como seu testemunho”, enfatiza Dom Pedro, ao lado do pároco da catedral, Pe. Joel Nery, e do secretário episcopal, Pe. Camilo Gonçalves de Lima, que participaram da celebração.

 

A instituição da Eucaristia

Ao refletir sobre a segunda leitura da Carta de São Paulo aos Coríntios (1Cor 11,23-26), Dom Pedro diz que é o testemunho mais antigo da instituição da eucaristia, porque esse trecho de Apóstolo Paulo foi escrito antes dos evangelhos. 

“O que eu ouvi, eu vos transmito! Aí está a grande tradição, a transmissão das grandes verdades da fé. O Senhor Jesus, naquela noite, antes de ser preso e morto, tomou o pão, deu graças, o consagrou, distribuiu aos discípulos, dizendo: “Tomai e comei, isto é o meu corpo”, mistério profundo do poder e do amor de Deus. “Tomou o vinho, deu graças, isto é o meu sangue”. Então, nós temos a instituição do Sacramento da Eucaristia”, elucida o bispo.

“Que tristeza hoje não podermos celebrar com todo o povo de Deus, para que todos possam participar e comungar. Esperamos que logo passe essa situação (da pandemia) para voltarmos a celebrar presencialmente e recebermos o pão eucarístico, Corpo e Sangue do Senhor. A eucaristia faz a Igreja, alimenta os cristãos. Ela é fonte de vida solidária, E a Igreja reunida celebrando faz a eucaristia acontecer pela força do alto, pela graça do espírito, pela fé da comunidade”, complementa Dom Pedro.

Meditação do sacrifício e da vitória de Cristo

O bispo diocesano prossegue o raciocínio em relação ao Sacramento da Eucaristia, sacrifício de Cristo na cruz, dizendo que não é um sacrifício renovado, mas o mesmo sacrifício da cruz que aconteceu lá no Calvário, que acontece no altar. 

“Você certamente já foi em algum lugar que tenha eco. Você diz uma palavra e ela vai ecoando, vai se repetindo a mesma palavra. Assim também em cada santa missa, em cada eucaristia que participamos e celebramos é o mesmo sacrifício de Cristo no calvário ecoando através dos séculos”, compara.

“Isto é maravilhoso. Mistério da manifestação de Deus tão grandiosa que nós não compreendemos totalmente, mas conseguimos entrar neste mistério, participar dele naquilo que nos é possível, neste privilégio de receber o Corpo de Cristo, que todos temos”, salienta.

No entanto, Dom Pedro relembra que, ao mesmo tempo que a eucaristia é o sacrifício de Cristo no Calvário antecipado, também tem o aspecto de festa, porque o mesmo Cristo crucificado é o ressuscitado, força vitoriosa e paz absoluta comunicada aos fiéis. 

A importância do gesto do Lava-pés

No Evangelho proclamado nesta Quinta-feira Santa  (Jo 13,1-15), o Apóstolo São João pede que imitemos o exemplo de Cristo, por meio da narrativa do Lava-pés. 

“Tendo nos amado amou até o fim, esse amor se exprime em forma de serviço ao próximo. Servir é a expressão do amor. Para esse mundo, a pessoa que serve aos outros gratuitamente como Jesus fez, é uma pessoa que não tem explicação, que não tem lugar  numa sociedade egoísta, de grande competição, de luta pelo poder, pela fama, mas tudo é vaidade. É a fogueira das vaidades na qual se consome, se deteriora e se derrete aqueles que participam dela. Ao contrário, aqueles que aprendem com Jesus, o que é amar e servir vivem a vida plena para qual fomos criados destinados aqui e por toda a eternidade”, medita Dom Pedro. 

Jesus ensina que a plenitude da realização humana não está no fechar sobre si, mas no abrir-se para o serviço ao próximo, não importando a dimensão, se é grandiosa, a nível mundial, como o serviço que o Santo Padre presta à Igreja, que a Madre Teresa de Calcutá prestou à humanidade, que abrange a terra toda, ou se é um serviço que você faz quem sabe cuidando de um doente ali escondido na sua casa, sem que ninguém talvez saiba. Diante de Deus, tudo se mede pelo amor que doa a vida pelo serviço.

E como aponta Dom Pedro, o gesto de lavar os pés era tarefa dos escravos e Jesus, na última ceia, atinge o cume da sua kenosis, o rebaixamento, sendo Deus se fez homem, sendo homem se fez Deus. 

“Tomou o lugar do servidor, e depois não contente daquele de ser que serve lavando os pés, Ele toma o lugar dos escravos, que morriam na cruz. Então, Jesus nos ensina que o caminho da santidade é um caminho de rebaixamento. Se o grão de trigo não morre, não pode produzir vida. Morrer por seu egoísmo, por sua ganância, por sua sede de poder de ter, para querer amar a Deus nos irmãos”, indica Dom Pedro.

O dom valioso do sacerdócio

Jesus também confirma os apóstolos na oração sacerdotal. “Fazei isto em memória de Mim”, diz aos apóstolos, que presidem a eucaristia, que consagram o pão e o vinho. Cristo deixa os apóstolos para organizar a continuidade de sua missão no mundo. Surge o dom valioso do sacerdócio.

“Jesus quer estar presente no mundo através de sua Igreja. Mas não é uma Igreja desorganizada. É uma Igreja apostólica, que tem a presidência dos apóstolos, que sinalizam a presença de Jesus, cabeça desse corpo que é a Igreja”, afirma Dom Pedro.

Segundo o bispo, Jesus deixa esse grande legado do ministério dos presbíteros, que representam a presença de Jesus no meio de nós. “Onde se vive o amor, onde está a caridade, Deus aí está. Onde se celebra a eucaristia, Deus está presente. E Jesus está presente onde estão os ministros de Deus, escolhidos por Ele, porque o sacerdote age in persona Christi”, garante Dom Pedro, ao relembrar o lema de sua ordenação presbiteral  há 43 anos e que o acompanha na sua caminhada episcopal de dez anos: “Em nome de Jesus” (Colossenses 3:17).

 

Perseverar e reafirmar o compromisso com Cristo

Em tempos de pandemia, a Missa Crismal, que conta com a presença de todo o clero diocesano, precisou ser adiada para cumprir as medidas de distanciamento e isolamento necessárias para frear o avanço do vírus. Dom Pedro acredita que a esperança necessita ser cultivada diariamente para superar esse período de dificuldades. 

“Vamos passar essa noite e assim como Cristo morreu na cruz e ressuscitou, também sairemos vitoriosos com uma fé mais purificada, com aquele desejo de participar da eucaristia todo domingo”, projeta.  

Contudo, o bispo faz um alerta se o tempo para a eucaristia era reservado pelas pessoas antes da pandemia. “Nós sentimos falta da eucaristia, mas quando não tinha toda essa situação que você podia vir livremente, você preferia estar com Cristo, na eucaristia?”, indaga.

Segundo Dom Pedro, é preciso refletir neste tempo de privação da eucaristia para depois reafirmarmos o nosso desejo e propósito de reservar aquele horário para estar com Cristo, em comunhão com Ele e com toda a Igreja. 

“Porque a eucaristia nos potencializa para viver a nossa fé aqui neste mundo. Dar testemunho da liberdade, da verdade, do amor, mas também nos potencializa para a vida eterna. Quem come deste pão viverá eternamente”, conclui.

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