Errata: o texto foi atualizado (10h13 – 17/04)
[diferentemente do informado inicialmente na matéria, a Comunidade Padre Pio completa 12 anos neste domingo, 18 de abril, e não dez anos como publicado anteriormente]
Atendendo aos itinerários do 8º Plano Diocesano de Pastoral, que tem como prioridades Acolhida e Missão, na promoção de atividades de espiritualidade, formação e solidariedade. a Comunidade Padre Pio celebra neste domingo, 18 de abril de 2021,doze anos de atuação na Diocese de Santo André, por meio da “Comunidade São Pio de Pietrelcina – Casa de Alívio ao Sofrimento”, um local que realiza um trabalho exemplar de acolhimento, de inclusão social e resgate da dignidade das pessoas (muitas delas em situação de rua e para tratamento de álcool e outras drogas, sendo oferecidas refeições, além de acompanhamento psicológico, médico e espiritual).
Uma das iniciativas da Casa para que se concretize essa ligação com a sociedade e a prática da cidadania é o oferecimento também de oportunidades profissionais, por meio da qualificação para trabalhos em determinada área.
Mais informações sobre como ajudar a “Comunidade São Pio de Pietrelcina – Casa de Alívio ao Sofrimento” (Estrada da Xiboca, 34 – Zanzala – Riacho Grande –São Bernardo) com doações de alimentos, roupas, calçados, móveis e trabalho voluntário nos telefones: (11) 4101-4407 e 95000-2385.
E para conhecer melhor essa trajetória, a Diocese de Santo André conversou com Francisco José de Melo Rogério, conhecido como Rogério, que é missionário da Comunidade Católica São Padre Pio. Casado com Elisângela, com quem tem três filhos, Maria Clara, Ana Júlia e Vitor Hugo. Rogério está com a família nesta missão desde o ano de 2018. “Estamos nos doando, deixamos casa, trabalho, parentes, família, alguns sonhos para vir contemplar o sonho de Deus em nossa vida”, afirma.
“Passei um ano e dez meses na Diocese de Santo André, em São Bernardo, e hoje estamos em mais uma missão da comunidade. Viemos abrir essa casa em Cachoeira Paulista (SP). Estamos aqui há um ano e quatro meses. Então, tudo é graça de Deus”, destaca.
Confira a entrevista:
1 – Como ocorreu o início da Comunidade Padre Pio na Diocese de Santo André?
A Comunidade Padre Pio nasceu dentro do carisma do fundador e da nossa cofundadora: Moisés dos Anjos e Márcia dos Anjos. Eles já faziam trabalhos com grupos de oração e com pastoral de rua. Então, eles já levavam comida para as famílias carentes, para as pessoas em situação de rua. E eles eram paroquianos da Paróquia Santo Antônio, do Bairro Batistini, em São Bernardo. Eles moram no bairro Los Angeles, perto da Capela Espírito Santo. Moisés foi fundador de um grupo da Renovação Carismática Católica.
E o que acontece: um desses irmãos pediu acolhimento na própria residência do Moisés, na casa onde ele mora com à família. E ele acolheu esse irmão, o João. E o Moisés levou esse irmão ao Pe. George (à época, pároco da paróquia). E ele abraçou a causa. Então vamos fundar uma comunidade, na Paróquia Santo Antônio, franciscana, ali já nasce inspirada no desejo de colocar o nome de Padre Pio. E o nome “fantasia” Casa de Alívio ao Sofrimento, porque alivia o sofrimento do “Jesus abandonado desta pessoa em situação de rua”.
2 – E a escolha para o início dos trabalhos na cidade de São Bernardo?
O Pe. George acolheu bem a proposta e aí foi alugada uma casa, no Jardim Canaã, e deste local para acolher dez pessoas quando foram ver tinha mais de 15. Então, observaram a necessidade de alugar uma chácara. Daí alugaram uma chácara no Royal Park, no Batistini, para 20 a 25 pessoas. Quando foram ver tinha mais de 30 pessoas. E aí a Prefeitura de São Bernardo viu a possibilidade de entregar um espaço (Cidade dos Anjos), na Estrada do Xiboca, 34, no Riacho Grande (km 34 da Via Anchieta).
Então, essa experiência que o Moisés fez há dez anos, acolhendo a primeira pessoa na sua casa, hoje acolhe mais de 150 pessoas em seis casas. Atualmente, a Comunidade Padre Pio possui três casas em São Bernardo: a Casa Cidade dos Anjos, que é uma chácara de acolhimento e espiritualidade; tem a Cidade dos Santos, que realiza a triagem; e tem a Casa São Judas Tadeu, que fica na Capela São Judas da Paróquia Santo Antônio (Bairro Batistini). Temos também uma casa em Paraibuna, na Diocese de São José dos Campos; e temos duas casas na cidade de Cachoeira Paulista, na Diocese de Lorena, que é o Sítio Bom Pastor e o Casarão São Padre Pio. Nessas seis casas estamos com uma média de 150 a 160 pessoas acolhidas em situação de vulnerabilidade.
3 – Como aconteceu a implementação dos valores e da missão da Comunidade Padre Pio em nossa região?
A missão da Comunidade Padre Pio “Casa de Alívio ao Sofrimento” é concretizada dentro do carisma do acolher, no qual dá a forma da evangelização, que tem como o fim, a restauração cristã, firme e permanente na sociedade. As nossas ações e testemunhos são pilares das edificações do Reino de Deus na terra. Os fundadores, sensibilizados pelo evangelho de Mateus (Cap 25, 34,40), com toda benevolência doam as duas vidas a essa missão. E são concretizadas sua missão através da reintegração social, da evangelização e da promoção humana, da pessoa em situação de rua. Acolher é a nossa forma de amar. Acolher o ser humano é acolher uma promessa de Deus.
4 – Destaque os principais pontos nesta trajetória de mais de uma década (ações marcantes, consolidação do projeto, atuação junto à diocese)
Creio que ações marcantes são os próprios irmãos que hoje são missionários. Nós podemos contar com vários irmãos, o próprio seu Ademir, que foi acolhido há sete anos em situação de rua, em São Bernardo, e hoje é um missionário que toma conta de uma das casas da comunidade. “Dar de graça, o que recebeu de graça”, é o lema dele. Então, acredito que as ações marcantes são a conversão, a metanoia, a mudança de vida daquelas pessoas que são acolhidas no portão da Comunidade Padre Pio.
E fora esse acolhimento que nós fazemos, fica muito forte para a diocese, o trabalho missionário de evangelização que a comunidade faz. Trabalhamos com pastoral de rua, levamos alimentos para 600 pessoas na região da Cracolândia (em SP). Dentro da pandemia foi paralisado, mas nós estávamos entregando semanalmente 150 a 200 cachorros-quentes e chocolate quente, todas às quartas, em São Bernardo e Santo André.
Missionários da comunidade participam também nesta unidade de carisma com outras pastorais. Tem a pastoral de rua que fica em Mauá, na Paróquia Nossa Senhora das Vitórias, e sempre participam dois a três irmãos missionários da Comunidade Padre Pio, que vão fazer esse trabalho de resgate nas ruas. Nosso trabalho é bem coeso nos municípios que integram a Diocese de Santo André. As casas ficam em São Bernardo, mas nosso plano de evangelização e de acolhimento é atuante nas sete cidades.
Outro projeto a se destacar é a parceria com a Universidade Metodista, “Dos bancos das praças para os bancos da universidade”. Hoje temos duas, três pessoas que já foram pessoas acolhidas de situação de rua. e estão com bolsas de estudo de cursos superiores, além dos cursos profissionalizantes que a Metodista ofereceu para pessoas em situação de rua que foram acolhidas pela comunidade, como cursos de panificação, gastronomia, artesanato e pintura.
Temos curso de eletricidade e uma padaria dentro da comunidade. todo esse trabalho coeso de não apenas acolher o irmão por um tempo, mas prepará-lo para voltar à sociedade. Com profissão e metas para que possa permanecer em sobriedade.
5 – Nos tempos atuais, como a Comunidade Padre Pio tem se adaptado durante a pandemia? Quantas pessoas são atendidas no local? Quantos voluntários atuam na obra? Quais as principais atividades desenvolvidas?
Hoje, na Diocese de Santo André, temos 120 pessoas acolhidas (adultos e idosos). Entre voluntários e colaboradores estamos na faixa de umas 30 a 40 pessoas.
As principais atividades desenvolvidas são o acolhimento, o retiro espiritual de seis meses e a reinserção sociofamiliar. A Comunidade Padre Pio tem uma cooperativa, com trabalhos de jardinagem, de pintura e de construção civil. E ali participam tantos os missionários, quanto os irmãos que já passaram pelo tratamento. Fazem o trabalho, o irmão recebe uma parcela e ali vai juntando o dinheiro para se reinserir novamente, alugar um local, voltar para a família.
Temos todos esse zelo de preparar esse irmão, além da parceria que temos com a Pastoral da Sobriedade, que é muito importante também. Esse irmão vir para a comunidade, fazer uma experiência com Jesus Cristo Ressuscitado, conhecer a pessoa de Jesus, mas vivenciar os 12 passos, e ao sair da comunidade procurar um grupo de apoio, de ajuda, e esse, que outrora estava na rua, hoje é um agente de pastoral, é um paroquiano dizimista dentro das paróquias. Existem muitos casos assim. Essa é a nossa fórmula de vivermos em sobriedade e se curar dos vícios do álcool e das drogas.