Diz o Papa Francisco na Carta Encíclica Fratelli Tutti: “a vida não é tempo que passa, mas tempo de encontro” (cf. FT 66). Bom recordar esta verdade no início do ano e projetar nosso trabalho como um tempo dedicado sobretudo ao encontro, diálogo, escuta. Não é nada fácil mas é mais do que necessário voltar a estes valores básicos do relacionamento. Precisamos reconhecer a tentação que nos cerca de se desinteressar dos outros, especialmente dos mais frágeis (cf. FT 64). É preciso não esquecer que fomos criados para a plenitude, a qual só se alcança no amor. Viver indiferentes à dor não é uma opção possível para um ser
humano que tem coração, e mais ainda para um cristão.
O Evangelho ao nos apresentar a parábola do bom samaritano, nos mostra que existem somente dois tipos de pessoas: aquelas que cuidam do sofrimento e aquelas que passam ao largo. Precisamos incluir na nossa reflexão, nas nossas orações, de forma mais direta e clara, o sentido social da existência, a dimensão fraterna da espiritualidade, a convicção sobre a dignidade inalienável de cada pessoa e as motivações para amar e acolher a todos (cf. FT 86).
Vamos caminhar juntos neste novo ano, com Deus no coração e os irmãos nos olhos para vê-los, e nas mãos para ajudá-los. Caminhemos assim na paz que é fruto da justiça. Justiça que é não dever nada a ninguém a não ser o amor (cf. Rm 13,8). Amor universal que se torna fraternidade universal cujo fruto maduro é paz e vida.
Só podemos ter Deus por pai de todos se vivermos todos como irmãos.
Desejo a todos um Feliz Ano Novo repleto de bênçãos de Deus!
Dom Pedro Carlos Cipollini, Bispo de Santo André