A fé tem poder: “Quanto mais pode a fé que a força humana”, exclamava Luiz Vaz de Camões. De fato, a fé é o único abrigo, no qual pode refugiar-se o homem na neblina de sua razão, e nas calamidades de sua natureza passageira.
Na Bíblia está escrito que “a fé é um modo de possuir o que se espera, a convicção a cerca de realidades que não se veem”(Hb 11, 1-2). Na Bíblia a fé é antes de tudo adesão à pessoa que revela, é a certeza da fidelidade e lealdade de Deus que nos fala. Isto não tem nada a ver com certa interpretação intelectualista que ensina ser a fé, aceitar uma verdade incompreensível.
A fé no sentido bíblico correto, deve ter em conta o aspecto de confiança e o aspecto da verdade-revelação, entre Deus e o ser humano. Quem tem fé nunca está sozinho, e quem perde a fé, não tem mais nada a perder, porque a fé é o conhecimento do significado da vida humana.
Surpreendi-me ao ler um livro do famoso médico Dr. Kenneth H. Cooper, intitulado “É melhor acreditar”(Ed. Record, Rio, 1998), no qual ele fala das vantagens da fé para a saúde. Faz o elo entre fé e saúde, explicando por que a crença pode levar a mais saúde e boa forma, abordando o lado científico da crença: “Hoje em dia, diversos pesquisadores comprovaram que o fato de manter a mente calma e equilibrada, pela confiança num sólido sistema pessoal de crença, traz um efeito salutar para o corpo…é importante assumir um compromisso definitivo em relação ao embasamento da sua fé e depois estar prestes a agir de acordo com esse compromisso”(cf. pag 53 e 59).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde como um estado de completo bem estar físico, mental e social. Nesta afirmação porém, a OMS não incluiu o aspecto da fé. Por mais que haja indiferença e até desprezo por parte do meio acadêmico, que se importa sobretudo em ser “politicamente correto”, pesquisas científicas tem confirmado a importância da fé nos processos de cura. Isto porque a fé vem sempre junto com a esperança. Quando se tem fé, há esperança no tratamento, na cirurgia e em tudo o que envolve a cura. Mas acima de tudo, há confiança no poder de Deus, em dar a cura quando parece não ter mais saída.
É frequente ouvir relatos nos quais pessoas doentes que receberam orações diárias e que rezaram pela sua cura, se restabeleceram mais depressa, precisaram menos medicamentos e tiveram menos complicações no processo de cura. Assim não é difícil a partir da prática, concluir que orar e ter fé faz parte do processo de cura.
Acreditar no tratamento, no médico, em si mesmo e na recuperação é importante e pode ajudar a curar. Por isso o Dr. Cooper intitula o capítulo décimo quarto de seu livro: “Alimento interior: é melhor acreditar”! Ter uma fé, uma religião promove o bem estar. Muitos médicos e eu mesmo, quando era capelão de hospital, presenciei situações de recuperação e cura que a medicina não explicava. De fato, como disse Jesus: “tudo é possível a quem tem fé”.
Anatole France, famoso escritor francês, se sentia infeliz sem a fé e exclamava: “Não tenho fé, mas quisera tê-la. Considero a fé o bem mais precioso deste mundo”.
Enfim é melhor acreditar!
Dom Pedro Carlos Cipollini
Bispo Diocesano de Santo André