Na tarde do dia 20 de novembro, o Santuário Nossa Senhora Aparecida, na Pauliceia, em São Bernardo do Campo, acolheu o Encontro Diocesano dos Músicos, organizado pela Comissão Diocesana de Liturgia da Diocese de Santo André. O encontro teve como foco a formação litúrgica e musical dos participantes e contou com as palestras do coordenador da comissão Padre Guilherme Franco e do Maestro Diego Muniz.
Padre Guilherme abordou a profunda relação entre música e liturgia, destacando que a liturgia não deve ser vista como um espetáculo ou um ato privado, mas sim como uma ação sagrada da Igreja em louvor ao Pai, conduzindo à santificação do povo. Ele enfatizou que todos os envolvidos na música litúrgica são chamados a servir à liturgia, não a utilizá-la para se destacarem. “Pela liturgia, nós, por Cristo, com Cristo e em Cristo, como Igreja, invocamos e nos dirigimos ao Pai. Desse modo, nós estamos a serviço da liturgia, e não é a liturgia que está a nosso serviço”, explicou o padre, baseando-se nos ensinamentos do Concílio Vaticano II e da Constituição Sacrosanctum Concilium.
Durante sua palestra, Padre Guilherme destacou ainda a importância da participação ativa da comunidade nas celebrações. “A Igreja deseja que os fiéis vivam o direito de participar plena, consciente e ativamente da liturgia, por força do Batismo”, disse. Essa participação envolve todos os ministérios e exige uma formação contínua, tanto para músicos quanto para outros agentes que contribuem para o culto.
Já o Maestro Diego Muniz trouxe reflexões práticas sobre o canto litúrgico e sua aplicação nas celebrações. Ele ressaltou que o canto litúrgico deve estar intimamente ligado à ação litúrgica e deve servir como um fator de comunhão. “O canto sagrado, intimamente unido ao texto, constitui parte necessária da liturgia solene”, afirmou, mencionando que a música, mais do que um complemento, é um elemento essencial para a elevação espiritual e para a participação plena da assembleia.
O maestro também trouxe à tona questões relacionadas à escolha dos cantos e à maneira como a música é executada nas celebrações. Ele apontou alguns desafios que os músicos enfrentam, como a falta de critérios teológicos e litúrgicos na escolha dos cantos e a tendência de alguns grupos de música se destacarem de forma desproporcional à assembleia. “A música sacra será tanto mais santa quanto mais intimamente unida estiver à ação litúrgica, quer como expressão delicada da oração, quer como fator de comunhão, quer como elemento de maior solenidade nas funções sagradas”, reforçou Diego.
Um dos pontos altos do encontro foi a discussão sobre como superar a tendência de transformar a liturgia em um espetáculo, com excesso de ruído e falta de contemplação. Tanto o padre quanto o maestro insistiram que a música litúrgica deve ser um canal de participação da comunidade, promovendo a unidade e elevando os corações a Deus, em sintonia com os valores e tradições da Igreja.