A Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) – Regional São Paulo, Núcleo Santo André, esteve reunida com o bispo diocesano Dom Pedro Carlos Cipollini na manhã da Sexta-feira Santa, 18 de abril, para a Vigília Eucarística realizada no salão da Catedral Nossa Senhora do Carmo. Religiosos e religiosas participaram da Hora Santa, marcada pela oração, silêncio e profunda escuta da Palavra.
O encontro foi iluminado pelo tema da Campanha da Fraternidade de 2025: “Fraternidade e Ecologia Integral”, que tem como lema “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31). À luz dessa proposta, a reflexão se aprofundou no chamado à conversão ecológica, que começa pela reverência diante do dom da vida — seja na natureza criada ou no irmão fragilizado. A ecologia integral não é apenas cuidado ambiental, mas um olhar que reconhece, em cada ser, a marca do Criador e o apelo à fraternidade universal.
Durante sua reflexão, Dom Pedro conduziu os presentes a uma contemplação sincera da missão da vida religiosa. Inspirando-se no profeta Isaías, afirmou que o verdadeiro jejum é aquele que liberta, partilha e acolhe. E lembrou: “Nós só temos um modo de amar a Deus — na pessoa dos irmãos”. O bispo destacou que a vida consagrada, mesmo em tempos de invernos vocacionais, permanece como sinal profético da esperança cristã.
Foi então que, com palavras simples e uma imagem carregada de sentido, Dom Pedro comparou a vida religiosa a uma nascente esquecida:
“Imaginemos que numa aldeia só tem uma fonte de água e todo mundo bebe água todo dia, mas ninguém se preocupa com a fonte, nunca limpa, nunca cuida. Um belo dia, a água pára de chegar. O que aconteceu? O descuido da morte provoca a falta da água. Assim também nós não podemos cair nessa tentação de descuidar da fonte. A fonte da vida religiosa é o próprio Jesus. Estar com Jesus, pensar em Jesus, amar Jesus, viver a vida de Jesus, deixar que Jesus viva em nós. E muitas vezes, correndo para levar água para todo lado, a gente esquece da fonte. E de repente, não se vê mais sentido em levar a água nem para lá, nem pra cá, porque esqueceu da fonte.”
Com humildade, Dom Pedro recordou a simplicidade de Santa Teresinha do Menino Jesus, que, mesmo incompreendida por muitos em vida, tornou-se farol de espiritualidade e entrega total a Deus. “A maior profecia da vida religiosa é a própria existência de pessoas que consagram inteiramente sua vida a Jesus.”
Ao final da Vigília, a oração pelas intenções da Igreja e da Diocese uniu todos os presentes em um mesmo clamor. Rezou-se pelo Papa Francisco e pela preservação da criação, em fidelidade ao Evangelho da vida e da esperança.
Na manhã em que Jesus foi entregue por amor, os consagrados e consagradas de nossa diocese, em silêncio adorador, renovaram seu “sim”, cuidando da fonte de onde brota toda vocação: a presença viva do Senhor na Eucaristia.






