Reportagem da Diocese de Santo André promoveu diálogo entre a caçula do grupo e a integrante mais experiente do Coral Diocesano
O que seria de nós sem a música? Já parou para pensar num mundo em silêncio total? O filósofo alemão do século XIX, Friedrich Nietzsche (1844-1900), acreditava que “sem música, a vida seria um erro”; Aristóteles (384-322 a.C.), um dos mais influentes filósofos gregos, diria que “a música é celeste, de natureza divina e de tal beleza que encanta a alma e a eleva acima da sua condição”; ou mesmo o dramaturgo e poeta espanhol Miguel de Cervantes (1547-1616) revelaria: “onde há música não pode haver coisa má”.
Neste contexto, o encontro de gerações no Coral Diocesano de Santo André simboliza que o amor pela arte não tem idade, muito menos barreiras ou estereótipos. Basta ter perseverança, fé e disciplina.
E a paixão musical uniu num mesmo grupo de música litúrgica, a estudante Amanda Manzoli Paiva, que nasceu na década passada (15 anos), ou seja, no início do século XXI; e a pedagoga Irmã Isaura Oliveira Marques, nascida no século XX, em 1940 (77 anos).
Caçula do grupo
Realidades de épocas diferentes. Porém, o conceito da atemporalidade faz com que o entrosamento não seja tão difícil de se conseguir em pouco tempo. Ambas se apresentaram em novembro do ano passado, no 2º Congresso de Corais de SP, realizado no Mosteiro São Bento, na capital paulista, e emocionaram o público presente com um repertório de música sacra.
“No meu caso foi o amor pela música. Sempre gostei de cantar. Por isso que entrei (no Coro Diocesano)”, recorda Amanda, a integrante mais jovem do grupo e a ‘primeira cantora da família’.
“Sempre gostei de sertanejo. Mas os mais antigos, moda de viola, música de raiz. Meus pais aprovaram e disseram: ‘se é o que gosta de fazer, siga em frente”, conta a garota, que frequenta a Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Mauá.
Influência paterna
Por outro lado, a mais experiente do grupo, Irmã Isaura, confessa que a inspiração musical surgiu por meio do seu pai, Ricardo José Marques, que tocava acordeon em um conjunto popular da época dos bailes de carnaval e marchinhas, entre as décadas de 1930 e 1970.
“Comecei a música no ventre da minha mãe, porque o meu pai era músico. E assim que fui alfabetizada, era muito exigente com nossos estudos, começou a ensinar as notas e os compassos. Mas não gostava muito dos compassos (risos)”, relembra a paulista nascida em Catanduva, no interior paulista, que chegou ao ABC apenas em agosto de 2016.
“Minha família é daqui. Eu, como irmã, me formei em Curitiba (PR), dirigi um colégio por alguns anos, depois me transferiram para Niterói (RJ). A vida era assim. Pular de estado em estado”, comenta Isaura, que participa também das pastorais da Educação, Amor Exigente e do Idoso da Diocese de Santo André, além de frequentar a Paróquia São João Batista, na cidade andreense.
Carreira e conselho
Amanda não esconde o desejo de seguir carreira no meio musical e conciliar a evangelização por meio da música sacra com os trabalhos de cantora no futuro.
“Pretendo fazer uma faculdade na área e me especializar profissionalmente. É um sonho que quero realizar na minha vida”, revela.
Com muitas histórias para contar, conselhos também não faltam da Irmã Isaura para a jovem Amanda.
“Continue em busca do seu objetivo! Muitos me perguntam, porque você não envelhece? Respondo. Não bebo, não fumo, não me casei e vivo da música. Então, não perdemos aquele desejo, aquela força de enfrentar as dificuldades e vencê-las”, aconselha a mais experiente do Coral.
O Coral Diocesano de Santo André conta com a regência de Diego Muniz e um grupo de 65 cantores e cantoras.
Leia também a entrevista com o maestro e a repercussão do 2º Congresso Corais de SP:
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Reportagem: Fábio Sales
Foto: Eva Casagrande
