Diocese de Santo André

Infectologistas comentam expectativas sobre vacinas contra a Covid-19

Com foco na fé e confiança na ciência, a produção de vacinas no mundo tem se tornado a grande esperança para a imunização contra a Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus. No Brasil, não é diferente. Ainda sem um tratamento comprovado cientificamente, a expectativa em relação aos testes de duas vacinas tem mobilizado a atenção de especialistas neste segundo semestre.

E para saber mais sobre o tema, a reportagem da Diocese de Santo André conversou com dois médicos especialistas do Grande ABC, o professor da disciplina de Infectologia da Faculdade de Medicina do ABC e consultor da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), Dr. Munir Ayub; e o infectologista chefe do Hospital e Maternidade Dr. Cristóvão da Gama, Dr. Carlos Quadros.

Testes

Atualmente, pesquisadores e cientistas estão trabalhando em cerca de 200 possíveis vacinas contra o coronavírus (Sars-CoV-2) que estão sendo testadas ao redor do mundo.

No Brasil, duas delas em estágio avançado de pesquisas e entrando na fase 3 dos testes, como a desenvolvida pela Universidade de Oxford, da Inglaterra, em parceria com a biofarmacêutica, a AstraZeneca, que deverá ser produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Rio de Janeiro, e poderá ser disponível até o fim do ano; e a da Sinovac Biotech, de origem chinesa, em parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo, que iniciará os testes em voluntários humanos, a partir do dia 20 de julho.

“Geralmente, as vacinas são produzidas em três fases. A primeira fase é testada em laboratório, em camundongos. Depois, ela pode ser testada em macacos. Logo após, pode ser testada num grupo pequeno de pessoas para verificar se ela é segura, para depois se testar num grupo maior. Essas duas vacinas já estão na fase de testagem de um grupo maior”, explica Quadros.

“A fase 3 é a que a gente chama para definir justamente se essas vacinas vão ser eficazes, se terão efeitos colaterais. Enfim, todas as respostas teremos durante a última fase da pesquisa”, afirma Ayub.

 

Eficácia

De acordo com Ayub, os resultados primários foram bons, no entanto, ainda é cedo para definir a eficácia dessas vacinas em toda a população.

“Pode ser que nenhuma delas funcione adequadamente ou é possível que várias dessas vacinas que estão sendo testadas no mundo tenham eficácia. E de repente teremos vários laboratórios produzindo. Isso é muito bom. Porque, na verdade, nós temos que pensar na possibilidade de vacinar o planeta inteiro. E estamos falando de bilhões de doses de vacinas. Nenhum laboratório do mundo teria a possibilidade de produzir essa grande quantidade de vacina num período curto. Então, se puder ter mais vacinas, isso facilitaria a vacinação universal”, relata o infectologista.

“Dados iniciais indicam que são vacinas seguras e tem uma certa eficácia contra o Sars-CoV-2”, complementa Quadros.

Imunização e Efeitos colaterais

Segundo Quadros, os efeitos colaterais ainda são desconhecidos em relação às vacinas e a capacidade de imunização.

“Pelo menos em animais, essa vacina de Oxford não demostrou efeitos colaterais em macacos. Não sabemos em humanos. E a capacidade de imunizar também não sabemos o percentual, se ela vai proteger 60%, 80% ou 30%. O que pode acontecer, inclusive, é utilizar várias vacinas, cada uma oferecendo um certo nível de proteção”, salienta.

O infectologista explica que geralmente é selecionado um grupo primordial como se faz em vacinações contra a gripe, por exemplo, primeiramente profissionais de saúde, pessoas do grupo de risco, acima dos 60 anos e em situação de vulnerabilidade social.

“Provavelmente vai ocorrer dessa forma. Chamando as pessoas por grupos, os de maior risco, primeiro, os de menor risco, depois. Mas ainda não há previsão de início. Não sabemos se a segurança é total. Uma coisa é testar vacinas em animais e também num grupo pequeno de pessoas. Outra coisa é num grupo maior de pessoas, onde efeitos colaterais mais raros podem aparecer”, pondera Quadros.

“Se essas vacinas terão efeitos colaterais. Se vamos ter que fazer doses anuais. Se teremos que repetir doses a cada seis meses. Fazer uma dose e não vamos mais precisar fazer vacina. Se esse vírus vai sofrer alguma mutação lá para frente, e nós vamos ter que mudar a composição da vacina, como por exemplo, acontece com a vacina da gripe, que anualmente são diferentes, já que o vírus produz mutações, todas essas respostas ainda não temos. Essas respostas teremos com essas pesquisas que estão sendo realizadas”, argumenta Ayub.

Só em 2021

“Na melhor das hipóteses, teremos uma vacina em meados do ano que vem. A vacina é complexa, leva um tempo. É preciso ter normas de segurança. É preciso ter resultados de estudo se ela é eficaz ou não”, constata Quadros, em relação aos critérios de vacinação, ao acreditar que mesmo com a vacina disponível até o fim deste ano, não haverá tempo hábil para vacinação em larga escala.

Ayub segue a mesma linha. “Acredito que a vacina não vai resolver a pandemia neste momento. A pandemia vai passar por si só, vai diminuir os números de casos. Os casos continuarão acontecendo, mas numa velocidade mais lenta. Vamos ter vacinas disponíveis, se os resultados iniciais confirmarem a eficácia, provavelmente no meio do ano que vem”, prevê.

Flexibilização e o novo normal

A flexibilização das medidas de isolamento social tem alertado para que a população siga vigilante quanto às recomendações de prevenção contra o contágio e surto de novos casos da Covid-19. Com o plano de abertura nas cidades e a crescente movimentação de pessoas, o aumento do número de casos pode ocorrer diante das aglomerações e o descumprimento das orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde).

“Óbvio, como uma doença que não tem nenhum tratamento específico, nenhum medicamento, nenhuma droga se mostrou eficaz para o tratamento da infecção pelo coronavírus, a única coisa que nos resta é manter o distanciamento social, o uso da máscara sempre que sair da residência, a higienização das mãos. Enfim, todas essas medidas que a população já sabe, mas muitos ainda insistem em não segui-las”, avisa Ayub.

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