Fruto do projeto Igrejas Irmãs (Dioceses de Ímola e Santo André), a Associação de Promoção Humana e Resgate da Cidadania “Padre Leo Commissari” celebra 25 anos de fundação nesta quarta-feira (24/11). O projeto foi criado e idealizado pelo padre italiano Leo Commissari (assassinado em 1998), com apoio da equipe missionária de padres e irmãs das Paróquias São Geraldo Magella, no Jardim Petroni, e Jesus de Nazaré, na Vila São José, atuante nas periferias e comunidades de São Bernardo do Campo.
Aliando evangelização à promoção social, no resgate da dignidade e da cidadania, assim surgiu a ideia da Escola Profissionalizante com cursos de panificação, marcenaria, computação, pedreiro, encanador, entre outros, e a Creche Margarida, que estimula a educação, cultura e lazer para as crianças em situação de risco.
A Associação Pe. Leo Commissari está localizada na Rua Padre Leo Commissari, 261 – Jardim Silvina, em São Bernardo do Campo. Mais informações sobre a associação e de como participar dos cursos e como voluntário da obra pelo telefone: 4127-0866.
Nascida em Ímola, na Itália, no dia 14 de fevereiro de 1951, a presidente da Associação Padre Leo, Irmã Daniela Bonello, chegou à Diocese de Santo André no ano de 1989. Antes, desde o ano de 1985, ela atuava na periferia de Guarulhos (SP). Nesta entrevista, a religiosa recorda o legado do Pe. Leo e a trajetória de 25 anos da associação. Confira:
1 – Como ocorreu o início da Associação Padre Leo Commissari na Diocese de Santo André? Como surgiu a ideia? A data e a escolha para o início dos trabalhos na cidade de São Bernardo?
O Padre Leo Commissari (1942-1998) foi o idealizador do Projeto Igrejas Irmã “Ímola – Santo André”. O Projeto nasceu no dia 5 de março de 1980 com a presença de cinco irmãs das cinco congregações religiosas nascidas na Diocese de Ímola, e três sacerdotes da mesma diocese: Padre Leo Commissari, Padre Sante Collina (1939-2021) e Padre Nicola Silvestri (1940-2020).
O Padre Leo sempre foi um pouco o líder natural do grupo e uma das suas características era a constante insatisfação do que se estava realizando seja nas atividades de pastoral, seja nas atividades sociais. Por isso, durante os anos seguintes, o grupo desenvolveu várias atividades e foi abrangendo duas paróquias (São Geraldo Magella e Jesus de Nazaré). As questões sociais sempre foram uma preocupação: “Do que o nosso povo mais precisa? ” Era a pergunta constante. Em uma de suas viagens à Itália pensou em envolver nas atividades sociais, não só a Igreja, mas também a sociedade como um todo, iniciando pelo prefeito de Ímola. A resposta foi boa. Aos poucos se criou um comitê de apoio que existe até hoje. Entre os anos 1993 e 1995, em nossas reflexões, ficou claro que uma maneira melhor, pela situação da época, era ajudar as pessoas a entrar no mercado de trabalho, bem convencidos que a ajuda em alimentos ou em roupa usada, mesmo sendo um pronto socorro, não resolvia o problema das famílias. Todos precisavam trabalhar para dar sustento à própria família.
Foi assim que surgiu a ideia da Escola Profissionalizante num local acessível à população mais carente: a favela (da época) do Oleoduto, sem dúvida uma das mais carentes de São Bernardo do Campo. Assim, no 24 de novembro de 1996 foi inaugurado o primeiro complexo escolástico com cursos de panificação, marcenaria, computação, pedreiro, encanador… E foi aos poucos melhorando e aumentando os cursos e as atividades no decorrer dos anos.
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2 – E a implementação dos valores e da missão em nossa região?
A missão é promover a formação e conscientização política e cidadã e o acesso à cultura, inclusão digital, formação e qualificação para o trabalho e fomentar a economia solidária. A visão é transformar a realidade local empobrecida promovendo o desenvolvimento humano, econômico, político e social. E os valores são relacionados ao compromisso com o próximo, ética, solidariedade, competência, qualidade. Responsabilidade, seriedade e autonomia.
3 – Destaque os principais pontos nesta trajetória de 25 anos (ações marcantes, consolidação do projeto, atuação junto à diocese…)
Ao longo dos anos, além dos cursos, implementamos a economia solidária e a incubadora de microempresa anexa à Creche Margarida (antes tinha iniciado como sopão para as crianças da Favela do Oleoduto). Trabalhamos em parceria com a prefeitura no projeto “Tempo Escola” e depois “Mais tempo escola”, atendimento e assistência social às crianças e adolescentes vulneráveis. Criamos uma sorveteria (gelato italiano com tudo importado), ampliamos e estimulamos o voluntariado e atualmente, durante a pandemia, a criação de cursos online em EAD (Ensino a Distância). Tudo isso é atuação da Diocese de Santo André porque nós, paróquias e irmãs, estamos inseridas dentro do território diocesano do Grande ABC. Todos os bispos da Diocese de Santo André, a partir de Dom Cláudio Hummes (bispo diocesano entre os anos de 1975 e 1996), sempre nos apoiaram e apoiam reconhecendo o valor desta atividade totalmente a favor do desenvolvimento da pessoa humana na sua totalidade. Inclusive, o local e assim todas as atividades são diocesanas. Nós, paróquias, padres e irmãs somos simples gestores.
4 – Nos tempos atuais, como a Associação Padre Leo Commissari tem se adaptado durante a pandemia? Quantas pessoas são atendidas no local? Quantos voluntários e quais as principais atividades desenvolvidas?
Nos tempos de pandemia, os nossos locais foram utilizados constantemente pela coleta e distribuição de alimentos, máscaras e produtos de higiene. Contando muito com o voluntariado por volta de 15 pessoas, jovens em sua maioria. Atendemos entre 150 a 300 famílias, dependendo da possibilidade de arrecadação.
As atividades, em sua maioria, foram desenvolvidas em home office durante a pandemia, mas a secretaria ficou sempre aberta, e como estava explicando, tivemos que aprender a gravar e colocar na plataforma os cursos em EAD.
Fotos: arquivo Associação Pe. Leo Commissari