Diocese de Santo André

Centenário de Fátima

A 13 de maio de 1917, três crianças pastoreavam rebanho de ovelhas, pertencente a suas famílias. Por volta do meio dia, quando rezavam o terço, “viram uma senhora mais brilhante que o sol” sobre uma azinheira que estava ali perto. Esta “aparição” disse ser necessário rezar muito e convidou-as a virem à Cova da Iria, assim se chamava o local, por cinco meses consecutivos. Na última “aparição”, que contou com a presença de 70.000 pessoas, conforme reportagens de jornais da época, a “aparição” disse ser Maria, a mãe de Jesus e pediu que ali se construísse uma capela.

Fátima se tornou um local de peregrinação, dos mais movimentados da Europa. O fluxo não diminuiu até hoje. Este fenômeno coloca-nos algumas questões que não são simples de responder.

A primeira questão é quanto aos pastorzinhos, os irmãos Francisco e Jacinta (9 e 7 anos), falecidos pouco após as aparições. Canonizados pelo papa Francisco na festa do centenário das aparições. A outra “vidente”, Lúcia, faleceu a pouco tempo. Isoladas do mundo, tiveram uma clarividência precisa, sobre certos acontecimentos que futuramente se realizaram? Como conseguiram vencer as perseguições, permanecendo coerentes no relato dos fatos e superando o medo?

Outra questão é relativa ao próprio fato das “aparições”. Nós sabemos que a fé não está determinada pelos nossos cinco sentidos: “Bem-aventurados os que não viram e creram”. Porém não podemos negar que existem outras maneiras de ver sem ser pelos olhos. O misterioso mundo interior do ser humano, em grande parte ainda desconhecido pela ciência, é capaz de uma “inteligência emocional” a pouco tempo insuspeita. O fato de a razão não ser capaz de compreender certos fenômenos não a desmerece. Como dizia o filósofo Pascal, o supremo ato de inteligência se dá quando a razão é capaz de reconhecer que existem coisas cuja compreensão a supera.

O julgamento dos acontecimentos envolvendo as aparições de Nossa Senhora de Fátima, devem ser feitos a partir do efeito destas aparições. É improvável que um acontecimento que provoca cada vez mais, uma adesão e um interesse tão grandes, em um número sempre mais variado e maior de pessoas, seja fruto de um acaso ou ilusão tresloucada. Pelos frutos se conhece a árvore. Os frutos de Fátima são bons, como podem ter nascido de uma árvore má?

A Igreja não coloca a fé nas aparições como necessárias à salvação. São revelações chamadas “particulares”, não se impõem à fé dos fiéis. A própria Igreja no começo não incentivou a devoção. Nem as autoridades civis incentivaram, pelo contrário, recorde-se que a primeira capelinha construída no local, foi destruída por uma dinamite. Somente em 1930 o episcopado português vai reconhecer a validade da mensagem de Fátima, e das “aparições”, por estar  coerente com os Evangelhos. Mensagem que pode ser resumida como: conversão (Mt 18,3), oração (Mt 26,41) e penitência (Mc. 1,15). Esta de fato é a síntese da mensagem de Fátima e os três verdadeiros “segredos”. Como dizia o cardeal Cerejeira: “Não foi a Igreja que impôs Fátima, foi o acontecimento de Fátima que se impôs à Igreja”.

Fátima na interpretação católica nos recorda algo importante. A lembrança de que sem Deus o ser humano acaba por destruir a natureza, aos relacionamentos e a si mesmo. Fátima nos recorda a primazia de Deus sobre todas as coisas. Fátima nos recorda também o papel de Maria, mãe de Jesus na obra da redenção, papel que ganha realce com o diálogo ecumênico de nível. Num famoso escrito de Lutero sobre o Magníficat, Maria aparece como um reflexo do olhar de Deus, ela não atrai para si, mas leva-nos a olhar para Deus, seu e nosso salvador.

È a intuição desta mensagem que torna Fátima tão atraente aos homens sedentos de infinito. Fátima atrairá sempre os que não se contentam com o material, mas vislumbram algo mais, além do genoma humano.

Artigo escrito por Dom Pedro Carlos Cipollini para o jornal Diário do Grande Abc.

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