Diocese de Santo André

Campanha da Fraternidade 2016: À luz da palavra de Deus

A Campanha da Fraternidade deste ano engloba um tema que pode parecer simples, mas é bem mais complexo do que se pensa. Ora, a crise ambiental é resultado de uma crise maior, que envolve e atinge todos os setores de nossa vida: economia, justiça, desigualdade social, entre outros. O texto-base faz uma ótima síntese de todo o problema. Além do mais, ele confronta a atual realidade com a mensagem dos profetas e do próprio Jesus, revelação plena do Pai.

 Justiça e caridade são as metas para as quais a campanha aponta, uma vez que um eficaz saneamento básico garante a dignidade para a vida das pessoas, sobretudo as mais pobres, e a valorização da Casa Comum em seu papel fundamental: lugar criado por Deus e dado aos homens, com a finalidade de os fazer felizes. Justiça, paz e felicidade fazem parte do projeto de Deus.

O lema da campanha faz parte da profecia de Amós, que viveu em tempos de grave crise social, durante o reinado de Jeroboão II (782-753 a.C.) (cf. Texto-base, n. 118-120). A capital Jerusalém gozava de crescimento econômico, mas também de desigualdade, o que é típico quando há crescimento, sobretudo econômico. As denúncias de Amós acenavam à vontade de Deus, que era de justiça e dignidade para todos. Deus ama a todos. Por isso, se por um lado louvamos a Deus mas por outro nós permitimos que haja injustiça, nosso culto torna-se vazio.

Assim como Amós, Isaías e Oseias também fazem suas denúncias a esse respeito. Mais que homenagens, a vontade do Senhor é de que haja fraternidade e paz, que é fruto da justiça. Os profetas clamam por essa justiça, que é garantida também, segundo o texto, pela presença dos direitos básicos a todas as pessoas. “As ações humanas degradantes e violentas colocam em risco a integridade da Casa Comum” (n. 123). Ser fieis a Deus significa também cuidar dos outros e da natureza.

A Bíblia traz muitas orientações, sobretudo na lei de Deus presente no Pentateuco, sobre como cuidar do ambiente e se manter em harmonia com a natureza. Do jardim do Éden, o paraíso, brotavam rios que regavam toda a superfície da terra. Lá também havia todos os alimentos úteis para a sobrevivência. Na nova Jerusalém um rio brota de diante do trono de Deus, um rio de água viva (cf. n. 128). A água sempre foi tida como bênção de Deus e também de suas manifestações em favor do povo, como, por exemplo, no deserto, quando Moisés fazia brotar água da rocha ou tornar potáveis as águas amargas do deserto de Mara.

Aquelas normas que se tornaram preceitos religiosos para o povo judeu eram, no começo, instruções de higiene, como, por exemplo, a ingestão de carne suína. Todas elas seriam uma extensão da harmonia existente no Éden. O texto-base elenca alguns modos de cuidar da Casa Comum à luz da Palavra: organizar a comunidade para que haja igualdade; manter o acampamento limpo e dar destino certo ao lixo (a ideia da Geena, o depósito do lixo de Jerusalém); tratar a água, como ocorreu no deserto; alimentar-se corretamente; repartir com os pobres os frutos das colheitas; cuidar das árvores, cujos frutos são bênçãos de Deus; remunerar o trabalho de outrem; descansar (cf. n. 132).

Garantir um serviço eficaz de saneamento básico é fruto da prática constante da justiça. Os profetas denunciavam as práticas dos ricos, de cujas casas o lixo ia parar nos lugares onde os pobres viviam. Geralmente os bairros de classe média e alta são limpos, enquanto as periferias permanecem sujas e sem prestação correta de serviços. Amós clama que a justiça deve ocorrer qual riacho que nunca seca. A busca desenfreada por lucro acaba por impedir que todos vivam bem.

O papel das igrejas é o de educar as pessoas para o bem comum. Os mandamentos da lei de Deus são orientações para o bom convívio e a prática da justiça. Até mesmo as celebrações e os louvores tornam-se vazios se não há fraternidade e justiça de fato.

Os evangelhos também mostram Jesus atualizando a mensagem dos profetas e praticando a justiça. Em seu tempo havia muita hipocrisia por parte dos fariseus e mestres da lei. Jesus veio dar pleno sentido às leis. Ele se identificava com os mais pequeninos. E nossas ações precisam ser direcionadas a esses pequeninos de hoje, pois, pelo Batismo, somos uma família na qual não deve haver preconceitos e injustiças.

A denúncia dos profetas e a práxis de Jesus são hoje para nós um grande tesouro. Por isso, iniciativas como a desta Campanha da Fraternidade Ecumênica nos animam e somam forças para praticarmos os gestos de Jesus. E não só os cristãos, mas todos os povos, de todas as tradições, podem oferecer contributos para o cuidado com a Casa Comum. A Campanha da Fraternidade nos questiona também sobre nossa prática cotidiana.  A fidelidade a Deus é manifestada e concretizada nas nossas ações. O que você tem feito para cuidar da Casa Comum?

por Guilherme Franco Octaviano

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