Diocese de Santo André

Músicos católicos aprendem e tiram dúvida em congresso

A Diocese de Santo André realizou seu primeiro Congresso Diocesano de Músicos Católicos no período de 31 de janeiro e 3 de fevereiro no Colégio Sagrada Família em Santo André. No segundo dia, os perto de quatrocentos inscritos puderam acompanhar a palestra proferida pelo Prof. Dr. Clayton Júnior Dias sobre “O sentido teológico e litúrgico do canto”. Interessante frisar que o palestrante tem sua vida profissional vivida em Campinas e teve a oportunidade de cantar na missa de ordenação episcopal de Dom Pedro Cipollini. Aliás, o bispo ali esteve nesta noite para prestigiar o evento e deixar a sua mensagem.

O bispo iniciou sua fala afirmando que “Somos uma diocese que canta muito. E isto é muito bom. O canto das missas deve sempre brotar da Palavra de Deus, por que brota da fé de quem está cantando. O verdadeiro cântico litúrgico deve brotar da gratidão, a graça que vem do coração. Este canto é diferente dos outros cantos, por exemplo, de uma festa, de um baile, de um show. Este canto é para Deus”, reforçou.

Em outro momento, Dom Pedro lembrou Santa Cecília a padroeira dos músicos. “O que sabemos dela é o que nos foi passado pela tradição da Igreja. Consta que enquanto estava sendo martirizada, seu coração cantava a Deus. Ela sabia que o que importa é quando o coração canta”.

Prof Clayton explicou que sua palestra iria partir do texto de Padre Zezinho escrito em 2013, em que explica a diferença entre Música Sacra, Música Litúrgica e Música Religiosa. Elas não são sinônimas. Possuem conceitos diferenciados. Tudo que se refere à fé se divide em música litúrgica ou religiosa, mas a primeira é utilizada na missa e a segunda em encontros religiosos.

O palestrando frisou que “São Pio X em 1903 escreveu vários documentos a este respeito, tanto que depois de Papa Gregório Magno foi o pontífice que mais se preocupou com a questão da música nas missas”. Ele também alertou: “Quando se escolhe uma música para ser inserida em uma missa, não se deve usar o critério do gosto pessoal, e sim respeitar aquilo que a Tradição da Igreja nos ensina”.

Em outro ponto destacou: “Temos a música sacra e a música profana, ou seja, a do mundo, a secular. Não podemos pegar uma música profana e colocar uma letra litúrgica, por que quem a ouve não vai se lembrar de Deus, mas do tema que trata inicialmente aquela música.

Sobre gêneros de música sacra, ensinou que são quatro os itens. a) Canto Gregoriano, b) Polifonia antiga e moderna, c) Para órgão e outros instrumentos admitidos e d) Canto popular sacro ou litúrgico e religioso.

Quanto ao termo popular explicou que “Aqui o termo popular não se refere a pop. É popular, por que é o canto do povo, canto na língua do povo. Lembremos que antes era cantado em latim” E que “Nem toda música sacra é litúrgica. É preciso ver se elas são aptas a entrarem na liturgia. É preciso estar de acordo com o texto litúrgico. Padre Zezinho não escreve música litúrgica. São todas religiosas. Bach e Beethoven também não escreviam. São autores de músicas que duram duas horas, hoje não podem fazer parte da liturgia. Só em concertos próprios. As músicas religiosas são músicas utilizadas para a evangelização na Catequese”.

Continuando em seus ensinamentos, disse que “Polifonia é o canto com mais vozes. Um canto escrito para mais vozes, própria para os corais”… “O órgão é o primeiro instrumento. Não deveria faltar em nenhuma paróquia. Antes era só vocal. Quando colocaram a música, se definiu pelo órgão de tubos”.

O palestrante recordou que sempre ouve perguntas se isso pode, se isso não pode. Para estas questões ele pontifica: “É o documento da Igreja que vai definir o que pode e o que não pode ser utilizado como instrumento dentro de uma celebração. Não é a minha opinião, ou de outra pessoa. É a tradição da Igreja que nos explica esta situação”. Também disse que “A música de hoje deve se inspirar na musica sacra. Primeiro se preocupar com a letra da música. E só depois a música que deve revestir esta letra litúrgica”.

Na última parte respondeu a uma série de dúvidas dos participantes. Ele também esclareceu que “A música é parte integrante da ação litúrgica. Não é distração ou enfeite. Infelizmente temos muitos voluntários sem formação. Isso não é mais possível.

Felizmente esta diocese se mostra preocupada e tem organizado eventos como este congresso. Vocês são felizardos. Aproveitem esta iniciativa da Diocese de Santo André”.

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