O bispo da Diocese de Santo André, Dom Pedro Carlos Cipollini, destacou que os trabalhadores precisam ter esperança, mesmo com a forte crise econômica e política que no Brasil. Sua mensagem foi passada na Missa de São José Operário, também conhecida como Missa do Trabalhador, em 1º de Maio, na Basílica Menor de Nossa Senhora da Boa Viagem, a Matriz de São Bernardo.
A igreja estava lotada por integrantes de pastorais e movimentos sociais, além de autoridades como o vice-prefeito de São Bernardo, Marcelo Lima, deputados, vereadores, ex-prefeitos do Grande ABC e presidentes de sindicatos. “A palavra de Deus nos convida a não perder a esperança. Não tinha sentindo nenhum se reunir aqui se nós não tivéssemos esperança, um coração que acredita no Cristo que venceu a morte, o pecado, o mal”, frisou Dom Pedro.
Ele recordou que percorre sistematicamente as sete cidades do Grande ABC e fez uma analogia à região. “Digo que o Grande ABC, se comparando a Cristo, é uma cabeça maravilhosa, gloriosa, mas coroada de espinhos. Espinhos do sofrimento que vêm hoje em especial numa causa imediata do desemprego. São treze milhões de desempregados. Fruto de uma crise econômica e política”, criticou Dom Pedro.
Ele ainda destacou que o trabalho é uma ajuda a unir o homem a Deus. “O trabalhador, pelo seu trabalho, une-se a Deus para construir um mundo melhor. O mundo do trabalho com justiça, dignidade, deveres e direitos, que prolonga a ação de Deus”, disse o bispo.
Ressaltando o Evangelho do dia (Mt 13, 54-58), Dom Pedro ainda destacou o Evangelho em que ficaram impressionados com a sabedoria de Jesus, sendo “apenas um filho de carpinteiro”. “O escândalo que Jesus provocou é porque ele quis ser operário e aprendeu a função do seu pai adotivo, São José Operário. Jesus foi operário, trabalhou a madeira com seu pai adotivo. Na época de Jesus, era comum aprender a função do pai (…) a evangelização exige a promoção humana”, frisou o bispo.
A celebração é tradicional no Grande ABC e, com o apoio da Pastoral Operária, acontece desde 1980, época de lutas sindicais que fizeram história no País. “A classe trabalhadora está sofrendo mais depois da reforma trabalhista que tirou mais 117 direitos da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), mas não desistimos. Foi uma Missa que deixou a Igreja cheia e com a animação da Folia de Reis de Mauá. Os trabalhadores entraram lindamente na procissão de entrada”, disse uma das representantes da Pastoral Operária, Toninha Carrara.
Ao fim da celebração, os movimentos realizaram um ato político na Praça da Matriz.
Texto e fotos de Thiago Silva