Diocese de Santo André

Política para a Paz

Ninguém duvida da necessidade que temos de paz. Paz que não é ausência de conflitos inerentes à vida cotidiana, mas é esperança e caminhar confiante na realização da própria vida. O Papa Francisco escreveu uma “mensagem para o dia mundial da paz” no primeiro dia deste ano. Comento aqui alguns tópicos.

Jesus ao enviar em missão seus discípulos, disse-lhes: “Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: “A paz esteja nesta casa!” (Lc 10, 5-6). Oferecer a paz está no coração da missão dos discípulos de Cristo. E esta oferta é feita a todos os homens e mulheres que, no meio dos dramas e violências da vida, apostam na paz. A “casa”, de que fala Jesus, é cada família, comunidade, país. Antes de mais nada, é cada pessoa.

Existe um instrumento para construir a paz e que chamamos de política.  Ela é um meio fundamental para construir cidadania e as obras do homem, mas, quando aqueles que a exercem não a vivem como serviço à coletividade humana, pode tornar-se instrumento de opressão, marginalização e até destruição.

O papa Francisco assinala que somente é bom político quem serve aos interesses da população. Tomar a sério a política, nos seus diversos níveis – local, regional, nacional e mundial – é afirmar o dever do homem, de todos os homens, para procurarem realizar juntos o bem da cidade, da nação e da humanidade. E isto é caridade!

A função e a responsabilidade política são um desafio permanente para todos que recebem o mandato de servir o seu país, proteger as pessoas que habitam nele, trabalhar para criar condições dum futuro digno e justo onde se respeita a vida e dignidade de cada um.

Todas as pessoas, em especial os cristãos, são chamados a esta “caridade política”. Quando o empenho pelo bem comum é animado pela caridade, tem uma valência superior à do empenho simplesmente secular, do político profissional. A ação política que se inspira na caridade é um programa no qual se podem reconhecer todos os políticos honestos, de qualquer afiliação cultural ou religiosa, que desejam trabalhar juntos para o bem da família humana. A política exercida na caridade pratica as virtudes humanas que caracterizam uma boa ação política: a justiça, a equidade, o respeito mútuo, a sinceridade, a honestidade, a fidelidade.

A propósito, vale a pena recordar as “bem-aventuranças do político”, propostas por uma testemunha fiel do Evangelho, o Cardeal vietnamita Francisco Xavier Nguyen Van Thuan, falecido em 2002:

“Bem-aventurado o político que tem uma alta noção e uma profunda consciência do seu papel. Bem-aventurado o político de cuja pessoa irradia a credibilidade.  Bem-aventurado o político que trabalha para o bem comum e não para os próprios interesses. Bem-aventurado o político que permanece fielmente coerente. Bem-aventurado o político que realiza a unidade.  Bem-aventurado o político que está comprometido na realização duma mudança radical. Bem-aventurado o político que sabe escutar. Bem-aventurado o político que não tem medo”.

Cada renovação nos cargos eletivos, cada período eleitoral, cada etapa da vida pública constitui uma oportunidade para voltar à fonte e às referências que inspiram a justiça e o direito. Duma coisa temos a certeza: a boa política está ao serviço da paz; respeita e promove os direitos humanos fundamentais e é exercida como caridade, ou seja, um modo de praticar o bem.

A par das virtudes, não faltam infelizmente os vícios na política. Estes vícios enfraquecem a vida democrática autêntica, são a vergonha da vida pública e colocam em perigo a paz social: a corrupção, a negação do direito, a falta de respeito pelas regras comunitárias, o enriquecimento ilegal, a tendência a perpetuar-se no poder…

A paz é fruto dum grande projeto político, que se baseia na responsabilidade e na solidariedade. Mas é também desafio que requer ser abraçado cada dia. A paz é uma conversão do coração e da alma.

Fazemos votos que o novo governo que tomou posse no início deste mês possa governar nosso pais, com base na política inspirada na “caridade” como Jesus ensinou, e não na ganância e submissão ao poder econômico em desprezo às pessoas. Só assim construiremos a paz.

Artigo desenvolvido por Dom Pedro Carlos Cipollini, Bispo Diocesano de Santo André

Compartilhe:

nomeacoes

Nomeações, provisões e decretos – 30/05/2025

SOLIDÃO E TECNOLOGIA

Há 10 anos, Dom Pedro era escolhido por Francisco para cuidar do povo do grande ABC

Catedral acolhe Padre Jean: “Servir a Cristo com simplicidade e entrega”

“Faça-se em mim segundo a tua Palavra”: Padre Joel toma posse da Paróquia São José

Dom Pedro conduz retiro para o clero da Arquidiocese de Joinville (SC)

Padre Marcelo Moura toma posse como novo administrador paroquial da Paróquia São Judas Tadeu, em São Bernardo

Membros do CAED são empossados na Diocese de Santo André

PEREGRINOS DE ESPERANÇA

nomeacoes

Nomeações e provisões – 14/05/2025