É como se os anjos anunciassem as presenças de Jesus Cristo e sua mãe, Maria, como convidados da festa. Não seria um sonho, mas realidade segundo moradores da cidade que frequentam a tricentenária capela e presenciaram na noite de segunda-feira (29/04), a missa presidida pelo bispo da Diocese de Santo André, Dom Pedro Carlos Cipollini, no 2º Dia do Tríduo das Festividades de Nossa Senhora do Pilar, em Ribeirão Pires. “A presença de Deus e Nossa Senhora é tão forte aqui que percebemos algo especial e diferente de outros lugares. Realmente é uma bênção”, cita a aposentada Teresa de Melo, 65 anos.
O ambiente da capela, o chão, os bancos, o teto, as paredes, a porta… Tudo faz lembrar as casas das nossas avós, sempre dispostas a nos receber com carinho. É nesse clima que Nadir Franco, 64 anos, considera a capela como sua casa. Cuida com zelo do espaço sagrado, ao fazer a limpeza e acolhida dos fiéis no local. “Venho aqui desde criança. Então tenho uma ligação muito forte com a capela”, recorda a aposentada. “Meus pais e avós sempre frequentaram a comunidade. Foi restaurada, sem perder a originalidade”, conta.
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Valor devocional
Dom Pedro ressaltou que a Capela do Pilar é muito querida pela diocese e conhecida pelo valor devocional e histórico para veneração a Nossa Senhora, a primeira na fé, o modelo de perseverança e seguimento de Jesus.
“É muito emocionante para nós sabermos que estamos neste local que há vários séculos acolhe os fieis. Essa capela é do século XVII. Quantos anos os cristãos se unem aqui para celebrar a sua fé. E nós agradecemos a Deus que, diante de todas as dificuldades e intempéries, manteve esta capela bem conservada, no sentido de que podemos estar aqui reunidos”, reitera o bispo, ao recordar o local de oração construído através de uma devoção a Nossa Senhora do Pilar, originária da Espanha, mais precisamente de Zaragoza.
“Essa capela é história viva que permanece como um espaço de evangelização, oração e meditação pelas mãos do povo de Deus”, reflete o pároco da Igreja Santa Luzia, Pe, Clemilson Pereira Teodoro, que concelebrou a missa. Ainda estiveram presentes o Pe.Guilherme Franco Octaviano, que assumiu recentemente a Paróquia São Jorge, em Santo André, e o secretário episcopal Pe. Camilo Gonçalves Lima. O prefeito de Ribeirão Pires, Adler Kiko Teixeira, também prestigiou a celebração.
A 83ª Festa de Nossa Senhora do Pilar aconteceu entre os dias 27 de abril e 1º de maio, com shows, praça de alimentação, procissões e missas.
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Torre da capela
“A minha avó contava uma história de que se trazia água no lombo do cavalo para construir a torre nova da capela”, recorda Hilda Aparecida de Paula Souza, 71 anos, ao dizer que o bisavô Antônio Correia do Nascimento, foi o responsável pela obra. Ele faleceu com 40 anos. Ela afirma que antigamente o lugar comportava olarias – fabricação de tijolos, telhas e produção de objetos por meio de barro e argila – e tinha muito movimento na região da capela, em virtude das várias colônias. “Passei a minha juventude e infância aqui. Não tinha asfalto. Meu pai contava que era tudo escuro aqui. Mas me recordo quando chegou a luz aqui”.
Prestes a completar 70 anos, Basílio Vitor era um apaixonado por rádio na mocidade. Paroquiano da Igreja Santa Luzia, ele presenciou o desenvolvimento do município, inclusive chegou em Ribeirão Pires no ano da emancipação político-administrativa, em 1954 “Me lembro das festas, das romarias e de quando era criança se divertia aqui”, revela.
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História
Construída em 1714, por escravos em taipa de pilão a pedido do Capitão-Mor Antônio Correia de Lemos, em devoção à Nossa Senhora do Pilar, a tricentenária Capela foi tombada em 1975 pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo). O local é um dos mais belos pontos turísticos da Estância e recebe moradores e visitantes durante todo o ano. A edificação conserva-se praticamente inalterada após restaurações.
Fotos: Maicon Genovez e Kelly Assis
