Diocese de Santo André

A importância da vida consagrada na Igreja e no mundo de hoje

“A vida consagrada, profundamente arraigada nos exemplos e ensinamentos de Cristo Senhor, é um dom de Deus Pai à sua Igreja, por meio do Espírito”. Com essas palavras o Papa São João Paulo II inicia a sua Exortação Apostólica Pós-Sinodal Vita Consecrata, sobre a vida consagrada e sua missão na Igreja e no mundo, de 1996. Como é costume, o Santo Padre escreve uma exortação apostólica logo após um Sínodo dos Bispos com o mesmo tema de reflexão, no caso foi o nono Sínodo ordinário, dado em 1994. Vinte anos após esse Sínodo, o Papa Francisco faz publicar uma carta apostólica às pessoas consagradas em ocasião do Ano da Vida Consagrada, que aconteceu no período de 30 de novembro de 2014 a 2 de fevereiro de 2015. O dia 2 de fevereiro, Festa da Apresentação do Senhor, é tradicionalmente um dia em que se faz memória das pessoas consagradas, e que antigamente era escolhida como a data para as consagrações. No Brasil, desde 1981, por iniciativa da CNBB, o terceiro domingo do mês de agosto, mês vocacional, é o domingo em que se reza e se reflete sobre a vida consagrada.

Todos esses exemplos e muitos outros que se poderiam dar, falam do quanto a Igreja valoriza e precisa de pessoas que se consagrem a Deus, para o serviço dos irmãos. Os consagrados, principalmente os que vivem em institutos de vida consagrada ou em sociedades de vida apostólica (conforme as novas nomenclaturas usadas pela Igreja), estão numa posição intermediária entre os fiéis leigos e o clero. O clero, por suas atribuições eclesiásticas, muitas vezes não pode se fazer presente no seio da sociedade civil, para aí levar o Evangelho. O leigo, por suas atribuições civis e familiares, muitas vezes não podem se dedicar integralmente ao serviço pastoral e humanitário da Igreja. Os consagrados, exatamente por conta do carisma que seu fundador lhe deu, dedicam o seu tempo a funções eclesiásticas, pastorais e humanitárias, o tempo todo.

Não nos faltam exemplos de religiosos que trabalham com a educação, com a saúde, com o acolhimento de órfãos, idosos, pessoas em situação de rua, menores de idade carentes que precisam de um lugar para ficar enquanto seus pais trabalham, e tantos outros serviços humanitários exercidos pela multidão de consagrados espalhados por todo o mundo. Muitas vezes, até mesmo por necessidades históricas, foi a Igreja que cumpriu com esses papéis, que hoje exigimos que o Estado assuma para si. Mas falar que a Igreja fez tal coisa é muito abstrato, pois quem faz coisas são pessoas concretas, e essas pessoas concretas da Igreja que empenham sua vida no serviço humanitário são os consagrados.

Diante disso, fica a pergunta: no século XXI, em que o Estado assumiu muitas dessas atividades humanitárias, e que a proliferação de ONGs é grande, ainda faz sentido em se falar em pessoas que fazem uma consagração religiosa, sendo “impedidas” de constituírem família, patrimônio, carreira e tantas outras coisas que o mundo civil proporciona? A resposta é categórica e vem do Papa São João Paulo II: “Vós não tendes apenas uma história gloriosa para recordar e narrar, mas uma grande história para construir! Olhai para o futuro, para o qual vos projeta o Espírito a fim de realizar convosco ainda coisas maiores”, (Vita Consecrata, n. 110). Em outro contexto, mas com sentido semelhante, o Papa Francisco disse aos jovens argentinos na Catedral do Rio de Janeiro, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude de 2013: “As paróquias, as escolas, as instituições são feitas para sair; se não o fizerem, tornam-se uma ONG e a Igreja não pode ser uma ONG”.

O que a Igreja tem feito desde os seus primórdios, principalmente na pessoa dos consagrado, é muito mais do que assistência social, que hoje é até um curso superior. Ela está atenda à advertência de Nosso Senhor: “Vinde, benditos de meu Pai! Recebei em herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo; pois eu estava com fome, e me destes de comer; estava com sede, e me destes de beber; eu era forasteiro, e me recebestes em casa; estava nu, e me vestistes; doente, e cuidastes de mim; na prisão, e viestes até mim. […] Todas as vezes que fizestes isso a um destes mínimos que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes!”, (Mt 25,34-37.40). O que os consagrados fazem não é filantropia, é a prática mais radical possível do Evangelho.

Por isso, retomando as respostas recolhidas dos Santos Padres, São João Paulo II e Francisco, a vida consagrada não é coisa do passado, pois jamais poderá ser substituída pelo trabalho de uma ONG, já que o que os consagrados fazem não é trabalho de ONG. Quando uma pessoa escuta o chamado de Deus para uma vida consagrada, o ideal que ela está abraçando não é o de um mundo utópico, sem injustiças ou desigualdades. Sua meta é a Jerusalém celeste, onde os pobres a quem eles servem têm lugar privilegiado, pois como conta a parábola do rico e do Lázaro, “Abraão, porém, respondeu: ‘Filho, lembra-te de que, durante a vida, recebeste teus bens, assim como Lázaro recebeu os males. Agora, porém, ele encontra aqui consolo, e tu és atormentado’”, (Lc 16,24-25). Como seria bom se todas as pessoas tivessem tempo suficiente para dedicar-se integralmente às atividades pastorais e às atividades civis, mas (in)felizmente é preciso fazer escolhas, o que implica abdicar de algumas coisas em função de outras. Por isso a uns Deus chama para o ministério ordenado, a outros para a vida matrimonial, e felizmente, a alguns para a vida consagrada. O que seria da Igreja sem a vida doada e gasta de cada consagrado?

*Artigo por Rafael Ferreira de Melo Brito da Silva

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