Diocese de Santo André

Santos e santas negros da Igreja Católica

Trazemos aqui um pequeno resumo da vida dos santos e santas negros venerados pelos negros e negras católicos no Brasil, de modo muito especial pelos membros da Pastoral Afro Brasileira hoje presente na grande maioria das dioceses.
Deixamos por último justamente pelo destaque por ela merecido nossa querida Mariama, a Mãe Negra Aparecida (Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Padroeira do Brasil). Cujo o santuário na cidade de Aparecida – SP tornou-se lugar de peregrinação da assim chamada “Romaria das Comunidades Negras”, que em 09 de novembro deste ano teve sua 23ª edição.
Sejamos agradecidos pela vida dos santos e santas negros cuja a memória é sem dúvida estimulo de luta para o trabalho desenvolvido em nossos dias pelos negros e negras na Pastoral Afro Brasileira em nossas Dioceses.

Santa Efigênia 

Efigênia ou Ifigênia é uma das responsáveis pela disseminação do Cristianismo na Etiópia.  Era filha do rei etíope Eggipus. Ela se consagrou a Deus após se converter pela mediação de São Mateus, o Evangelista. É festejada no dia 21 de setembro.

São Benedito

Benedito, o Negro ou Benedito, o Africano, nasceu na Sicília, sul da Itália, em 1524, no seio de família pobre e era descendente de escravos oriundos da Etiópia. Outras versões dizem que ele era um escravo capturado no norte da África, o que era muito comum no sul da Itália nesta época. Neste caso, ele seria de origem moura, e não etíope. De qualquer modo, todos contam que ele tinha o apelido de “mouro” pela cor de sua pele.

Santa Bakhita

O nome “Bakhita” que significa em idioma africano, “afortunada”, “sortuda” ou “bem-aventurada”, não lhe foi dado ao nascer mas lhe foi atribuído pelos raptores. Foi capturada e vendida por mercadores de escravos negros no mercado de El Obeid e de Cartum ao cônsul da Itália no Sudão, D. Calixto Legnani, que logo lhe deu carta de liberdade. No período de escravidão, Bakhita sofreu as humilhações, sofrimento físico, psicológico e moral dos escravos negros.  Sua festa litúrgica é no dia 8 de fevereiro. É a Padroeira do Sudão, dos sequestrados e escravizados.

Beata Nhá Chica

Ela é a primeira beata nascida no Brasil (para a Santa Sé), a primeira beata negra brasileira, logo uma referência importante para a população negra, sobretudo para quem professa o catolicismo. Francisca de Paula de Jesus, a Nhá Chica, nasceu em 1808, na fazenda Porteira dos Vilellas, na região de Santo Antônio do Rio das Mortes Pequeno, no município de São João del Rei (MG), e faleceu em 14 de junho de 1895, em Baependi (MG). Pressupõe-se que tenha nascido escrava, já que era filha de uma: Izabel Maria, filha de Nhá Rosa, que veio de Benguela, em Angola, pois quando a Lei do Ventre Livre – que considerava livre a prole de mulher escrava nascida a partir da data da lei – foi promulgada, em 28 de setembro de 1871, Nhá Chica estava com mais de 61 anos! Ela morreu sete anos após a Lei Áurea (13 de maio de 1888).

Beato padre Victor 

Pe. Francisco de Paula Victor, o sacerdote mineiro afrodescendente foi beatificado em Três Pontas, Minas Gerais, no dia 14 de novembro de 2015. Tendo vivido entre os anos 1827 e 1905, Pe. Victor tornou-se o primeiro padre ex-escravo do Brasil. Presidindo o rito, como representante do Papa Francisco – reporta o jornal vaticano “L’Osservatore Romano” –, o Cardeal Amato recordou que alguns com desprezo chamavam-no de “pretinho e não lhe poupavam humilhações pelo fato de ser de descendência africana”. Efetivamente, “tinham preconceitos raciais contra ele. Mas foram sucessivamente conquistados pela sua modéstia, bondade e simpatia”. O purpurado traçou algumas característica da personalidade do Pe. Victor, que era “de ânimo nobre. Não se deixou envolver pela mentalidade elitista dos sacerdotes, mas cultivou a virtude da humildade e da simplicidade”. Foi um pároco generoso e dinâmico, ressaltou o prefeito da Congregação das Causas dos Santos, recordando que “assegurava sempre a santa missa, celebrada no domingo com grande solenidade e com a participação de notáveis pregadores”. No entanto, Pe. Victor “jamais subiu ao púlpito, mas foi muito ativo na catequese e na administração dos sacramentos”.
O Cardeal Amato frisou que todos reconheciam nele “um homem de Deus, repleto dos dons do Espírito Santo. Seu zelo apostólico não conhecia limites”. O novo beato foi particularmente atento em favorecer a educação, sobretudo aos jovens menos favorecidos. Para tal fundou uma escola gratuita em sua paróquia.
“Era generoso e dava aos necessitados os presentes e as ofertas que recebia. Beneficiava inclusive aqueles que no início o havia desprezado”, disse o purpurado.
Quando morreu, um jornalista escreveu que Pe. Victor era “uma arca de caridade e a sua vida foi um faixo de luz, porque ensinava aos ricos a ser misericordiosos e aos pobres a ser pacientes “, recordou o cardeal prefeito.
Morreu muito pobre: na realidade, concluiu o purpurado, ele “nasceu para o Evangelho e viveu para o povo”. A Igreja no Brasil celebrará sua festa litúrgica em 23 de setembro.

Santo Antônio de Categeró

Santo Antônio de Categeró ou Antônio de Cartago, OFS nasceu na cidade de Barca, Cirenaica, na África e, no início de sua vida religiosa, professava a fé em Maomé. Por ocasião de um aprisionamento que o fez escravo, foi levado à Sicília, para trabalhar em galeras. Vendido como trabalhador escravo a João Landavula (camponês dos arredores de Noto) tornou-se pastor. Detentor de alma sincera, grande retidão de caráter e agudeza de espírito, aproximou-se da fé em Cristo. Muito disciplinado, sabia controlar seu corpo a ponto de vencer as fraquezas. O que se pode perceber da descrição do caráter do bem-aventurado Santo Antônio de Categeró é que o seu ascetismo foi responsável pela superação das condições sociais adversas. Quando conquistou liberdade, dedicou-se totalmente ao trabalho em hospitais (cuidar dos doentes) e à vida religiosa (homem de orações) o que o levou a ingressar para a Ordem Terceira de São Francisco e, por fim, optou por uma vida contemplativa como grande eremita no deserto. Sua morte deu-se no dia 14 de março de 1549.

Nossa Senhora da Conceição Aparecida

A história de Nossa Senhora da Conceição Aparecida tem seu início pelos meados de 1717, quando chegou a notícia de que o Conde de Assumar, D. Pedro de Almeida e Portugal, Governador da Província de São Paulo e Minas Gerais, iria passar pela Vila de Guaratinguetá, a caminho de Vila Rica, hoje cidade de Ouro Preto (MG). Convocados pela Câmara de Guaratinguetá, os pescadores Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves saíram à procura de peixes no Rio Paraíba. Desceram o rio e nada conseguiram. Depois de muitas tentativas sem sucesso, chegaram ao Porto Itaguaçu, onde lançaram as redes e apanharam uma imagem sem a cabeça, logo após, lançaram as redes outra vez e apanharam a cabeça, em seguida lançaram novamente as redes e desta vez abundantes peixes encheram a rede. A imagem ficou com Filipe, durante anos, até que presenteou seu filho, o qual usando de amor à Virgem fez um oratório simples, onde passou a se reunir com os familiares e vizinhos, para receber todos os sábados as graças do Senhor por Maria. A fama dos poderes extraordinários de Nossa Senhora foi se espalhando pelas regiões do Brasil.
Por volta de 1734, o Vigário de Guaratinguetá construiu uma Capela no alto do Morro dos Coqueiros, aberta à visitação pública em 26 de julho de 1745. Mas o número de fiéis aumentava e, em 1834, foi iniciada a construção de uma igreja maior (atual Basílica Velha).
No ano de 1894, chegou a Aparecida um grupo de padres e irmãos da Congregação dos Missionários Redentoristas, para trabalhar no atendimento aos romeiros que acorriam aos pés da Virgem Maria para rezar com a Senhora “Aparecida” das águas.

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