Num gesto de proximidade com os diocesanos em tempos de pandemia, o bispo da Diocese de Santo André, Dom Pedro Carlos Cipollini, participou do programa Diocese em Missão na tarde de quinta-feira (21/05), como parte da programação das lives, a fim de conversar sobre temas como a atuação da Igreja no período da quarentena, os exemplos de solidariedade diante das dificuldades vivenciadas no mundo atual, o papel do bispo, além das particularidades de sua vida, a família e vocação religiosa.
Assista o bate-papo na íntegra
Solidariedade
“O Vicariato Episcopal para a Caridade Social é uma vitória da nossa Igreja, como um todo”. Assim, Dom Pedro definiu a criação do organismo eclesial de articulação de ações de solidariedade, como uma ideia amadurecida a partir das reuniões ocorridas no Sínodo Diocesano, que aconteceu entre os anos de 2016 e 2017. O sonho se tornou realidade em novembro de 2019, durante a Solenidade de Santo André Apóstolo.
“O povo do Grande ABC é muito solidário e a Igreja tem que se reinventar nesse aspecto da caridade. E o Vicariato leva em conta a doutrina social da Igreja, que o Papa João Paulo II, em 1984, de uma forma tão bonita, entregou a Igreja junto com o catecismo, o Diretório Geral da Caridade Social da Igreja. E durante o nosso Sínodo Diocesano recebendo toda a história, estudando e percebendo o sinal dos tempos, analisamos que esse organismo seria essencial para juntarmos forças, com sensibilidade e determinação”, analisa. O bispo diocesano também faz um apelo diante do atual cenário de dificuldades enfrentadas pelas pessoas em situação de vulnerabilidade social e aumento da pobreza nas famílias.
“A Igreja tem que olhar para a sociedade. Temos que fazer algum sacrifício pessoal. Dar algo que é seu. Sem ajudar não podemos comungar em paz, vendo a miséria, o desespero ao nosso redor, com não tem o que comer. Não tenhamos medo de sermos generosos, pois Deus será muito mais generoso conosco. Deus ama os pobres e ama os que ama os pobres”, salienta.
Unidade da Igreja
Durante o bate-papo com o vice coordenador do Departamento de Comunicação diocesano, Pe. Marcos Vinícius, o assunto unidade foi um dos mais abordados ao longo da conversa. Dom Pedro reiterou que a união da Igreja é uma questão de fé. “As pessoas que encontrei na minha vida, e que tem fé, fazem de tudo para não quebrar a unidade. Através da fé sabem o valor da unidade. Por um conhecimento, através da oração, elas sabem o valor da unidade. Agora, quem não tem a unção do Espírito Santo dentro do seu coração faz divisão em tudo quanto é lugar e trabalha pela divisão. Vocês sabem que quem gosta de divisão é o diabo, que quer dizer em grego, o divisor. Então, admiro o modo como o Papa Francisco está alertando sobre esse ponto do cristão, do membro da Igreja trabalhar pela unidade, valorizar unidade e evitar tudo que desune”, avalia.
Papel do bispo
Dom Pedro também enfatizou o papel do bispo na condução do clero e do povo diocesano em cada diocese. “A principal tarefa do bispo é pregar a palavra e ser a referência da fé da Igreja. É uma responsabilidade muito grande. Depois o bispo também é uma referência da unidade da Igreja. Onde está o bispo, está a Igreja. Sem a união com o bispo, tanto os ministérios ordenados como os não ordenados, não instituídos na Igreja, não funciona. A unidade com o bispo é uma questão de fé”, ressalta, ao recordar a importância da atuação dos bispos nas épocas de crise.
Pandemia
Dom Pedro avaliou sobre o período da não realização de celebrações e atividades presenciais, como forma de preservar a vida e a saúde das pessoas. “Quando ouvi a notícias sabia que não seria fácil. Há uma situação nunca vista por muitas pessoas. À medida que a coisa foi se complicando fui me preparando e pensando no que poderia ser feito para que a nossa Diocese pudesse caminhar sem grandes traumas. Tivemos que tomar medidas firmes, coerentes e unidos como presbitério. Desde o primeiro momento sempre consultei os padres, de forma online. Para mim também é um sacrifício, pois estou no isolamento social, e entendo a tristeza e dores das pessoas, pois gosto muito de conversar e encontrar com o povo”, salienta.
O bispo diz que o momento é de paciência e ter compaixão com o próximo, principalmente aquele que sofre com doenças e são vítimas da Covid-19. “Nossa luz é a palavra de Deus. Não podemos ficar lendo tudo como palavra inspirada. Para nós, a palavra de Deus é absoluta. Nada de fundamentalismo, mas você tem que interpretar as coisas, a partir da palavra de Deus. No meio dessa pandemia, nós devemos perceber os sinais que Ele nos dá. Um pedido de conversão, uma reflexão e vamos entendendo e assimilando esse período difícil de nossa história”, explica.
Família e vocação
Dom Pedro ainda comentou sobre a sua cidade natal – Caconde, no interior do estado de São Paulo –, a convivência com a família, a entrada no seminário e a vocação para o sacerdócio. “Nós somos uma família de origem muito simples. Meu pai muito trabalhador e nos ensinou princípios éticos, de honestidade, de trabalho e também de vida familiar. Também foi congregado mariano. Já minha mãe era muito religiosa, sempre participou das pastorais, nos ensinou o caminho de Deus, o caminho da fé”, afirma Dom Pedro, ao revelar durante a conversa, a surpresa da família quando disse que queria ser padre.
“Nunca fui coroinha, como hoje muitos vocacionados iniciam a caminhada ao sacerdócio. Era uma outra realidade antigamente. Mas eu entrei no seminário, venci muitas resistências e dificuldades”, revela. Vale lembrar que Dom Pedro tem um irmão também que é bispo: Dom Luiz Antônio Cipollini, da Diocese de Marília. Durante a quarentena, Dom Pedro tem presidido as missas todas as quartas e domingos desde a segunda quinzena de março, em virtude da realização de celebrações sem a presença de fiéis, sendo transmitidas pelo Facebook da Diocese.