Diocese de Santo André

Salve a represa!

Ao ser batizada a criança é mergulhada na água ou recebe água sobre sua cabeça. Antes de nascer estava imersa no líquido amniótico, composto 98% de água. A água está tão entrelaçada à vida que sem ela a vida tende a desaparecer.

Pela sua importância para o planeta, o respeito com a água deveria fazer parte de nossa cultura, através de um processo de educação que levasse a isto. O poeta Píndaro na antiguidade grega, escreveu que o mais nobre dos elementos é a água. Na Bíblia a força da água é notada, ela desgasta as pedras (cf. Jo 14,19). De fato, o que há de mais duro que a pedra e mais mole que a água? No entanto, a água mole escava a pedra dura.

Ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela existe (cf. Dt 10,14). Por isso Deus nos proíbe toda posse absoluta da terra e da água. Não podemos usar e abusar como queremos dos recursos da natureza, sem responsabilidade. Em sua exortação Apostólica “Querida Amazônia” o Papa Francisco observa que “Na Amazônia, a água é a rainha; rios e córregos lembram veias, e toda a forma de vida brota dela” (n.43).

Infelizmente, nós nos habituamos a usar e abusar dos recursos da natureza, especialmente a água. Ela é usada, poluída e desperdiçada à vontade, como se fosse  um recurso inesgotável. Há um descuido para com a natureza em especial com a água em nosso dia a dia. Isto fica claro na falta de preocupação por medir os danos à natureza e o impacto ambiental das decisões que se tomam, relativas ao meio ambiente. A crise ecológica atinge em cheio os recursos hídricos.

Temos aqui no Grande ABC um tesouro: a Represa Billings. Grande reservatório de água potável. Não me canso de admirar sua beleza sempre que passo por ela, e também sua utilidade. Mas, infelizmente, é maltratada. Hora se torna lixeira, na qual se lançam objetos plásticos descartáveis e outros dejetos; hora se torna esgoto; hora se torna parque aquático na prática de esportes, com tudo que sabemos que acontece nestes locais de lazer desordenado. Que costume estranho este, de poluir a água para depois trata-la, a fim de ser utilizada por mais de um milhão de pessoas, só aqui em nossa região?

Uma represa desta deveria ser um “santuário ecológico” respeitado por todos porque fornece água, elemento vital para manter milhares de vidas. A finalidade da represa de armazenar água potável a ser tratada e distribuída á população é desvirtuada pelos múltiplos usos, estranhos à sua finalidade. É usada como um lago natural, às margens do qual cada um pode realizar seus intentos, segundo os vários interesses existentes. São muitas as justificativas que se dão para a ocupação desordenada de suas margens. É um descalabro!

O que ninguém conseguiu fazer até agora, nem a legislação nem a fiscalização, foi feito pelo isolamento, imposto pela pandemia do Coronavírus. É o que mostrou a reportagem do Diário do Grande ABC (cf. Setecidades – 13/7/2020). Aliás dou parabéns ao jornal que cumprindo sua função de informar, também está sempre alerta quanto à sobrevivência ou preservação deste reservatório vital.

A consciência da gravidade da crise ecológica, e no caso aqui na vertente hídrica, precisa traduzir-se em novos hábitos de cuidado e preservação. Precisamos ter  educação ambiental. Somos chamados a criar uma “cidadania ecológica” (cf. Papa Francisco in Laudato Si n. 211).

A interpretação do título deste artigo fica a critério de cada um. Se você admira esta represa e colabora para sua preservação, o salve é uma saudação. Se você ainda não despertou para a gravidade da questão que configura o mau uso destas águas, então é um apelo para salvar. Esta represa poderá acabar se não cuidarmos dela.

* Artigo de Dom Pedro Carlos Cipollini para o Diário do Grande ABC

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