Neste Mês da Bíblia, o diácono permanente e teólogo Luciano José Dias apresenta um excelente material sobre os significados e quais são os Livros Litúrgicos que contém os Ritos e as Leituras das celebrações na Igreja Católica Apostólica Romana. Conheça cada um deles:
Missal Romano: O Missal Romano ou Missale Romanum (do latim missale, relativo a Missa) é o livro litúrgico que contém todas as orações utilizadas na Celebração Eucarística. O Missal Romano é o livro usado nas missas de rito romano para as leituras próprias do celebrante. Ele contém vários tipos de orações eucarísticas. O novo Missal Romano, aprovado pelo Papa, traz as instruções (cerca de 400 itens) que devem ser obedecidas para a celebração da Santa Missa em suas diversas formas aprovadas pela Igreja.
A reforma mais recente dos textos do missal, aconteceu durante e após o Concílio Vaticano II, onde o papa Paulo VI, através Constituição Apostólica Missale Romanum, promulgou a mesma. O Papa João Paulo II promulgou, em 2002, a terceira edição típica do novo Missal Romano. Antes da grande reforma litúrgica efetuada por Paulo VI, o Missal Romano previa a celebração da chamada Missa tridentina, que era a forma anterior do rito romano e cujo uso foi amplamente restaurado pelo papa Bento XVI através do motu proprio Summorum Pontificum e da instrução Universae Ecclesiae. A forma ordinária da celebração da Missa segundo o rito romano continua a ser a do Missal Romano reformado e publicado por Paulo VI (chamada também de Novus Ordo Missae).
Lecionário: Os lecionários ou Lectionarium (do latim lectio, leitura) são os livros litúrgicos que contém as perícopes (trechos das Sagradas Escrituras) lidas nas Celebrações Eucarísticas e celebrações da Palavra de Deus. Atualmente existem três lecionários, reformados após o Concílio Vaticano II pela primeira vez em 1970, após a reforma do Calendário Romano. Uma segunda edição típica foi elaborada em 1981, sendo a atualmente utilizada. Todos os lecionários contêm inicialmente, além dos decretos de aprovação da edição típica e da tradução, o Elenco das Leituras da Missa ou Ordo Lectionum Missae (OLM), documento que apresenta a importância da Palavra de Deus na Liturgia e os critérios para a escolha das leituras. O OLM teve sua primeira edição aprovada em 1969 e a segunda em 1981, sendo essa a vigente.
Em seguida, os lecionários apresentam as leituras, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento, os salmos, os versículos de aclamação ao Evangelho e os Evangelhos de todas as celebrações propostas no Missal Romano.
O Lecionário está dividido em três livros: Dominical – Semanal – Santoral
Dominical: Ele consta de três partes, que correspondem a um ciclo de leituras de três anos. Isto quer dizer que a cada três anos voltam as mesmas leituras.Apresenta as duas leituras, o salmo e o Evangelho para os domingos e solenidades, divididos em um ciclo trienal (anos A, B e C) no qual se lê os Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, respectivamente. O Evangelho de João é lido em algumas celebrações solenes e festivas.
- A primeira leitura é tirada do antigo testamento e acompanha o sentido do evangelho daquele dia. (No Tempo pascal, a primeira leitura é dos atos dos apóstolos).
- O Salmo responsorial (salmo de resposta) também consta no lecionário. Ele acompanha ao sentido da primeira leitura.
- A segunda leitura é independente. não tem ligação nem com o evangelho, nem com a primeira leitura. (A não ser nas festas e nos tempos litúrgicos fortes). É uma leitura semi-contínua das cartas de novo testamento ou do apocalipse.
- A aclamação do evangelho também faz do lecionário, porque, em geral, acompanha o sentido do evangelho.
Semanal: Também chamado de ferial, composto por leituras para os dias da semana (de segunda a sábado). Apresenta a leitura e o salmo para os dias de semana, em um ciclo bienal (ano par e ano ímpar) e o Evangelho, que é anual, conforme o tempo litúrgico. Também contém a missa da quarta feira de cinza.
Santoral: Lecionário para as missas dedicados aos santos, dos comuns, para diversas necessidades e votivas: às vezes chamado simplesmente de santoral, apresenta leituras, salmos e Evangelhos para as celebrações da Virgem Maria e dos santos e para as demais celebrações propostas no Missal Romano. Geralmente este lecionário apresenta várias sugestões de leituras, cabendo ao sacerdote ou responsável pela celebração escolher as mais oportunas.
OBS: No Brasil, há ainda um quarto lecionário, o Lecionário do Pontifical Romano. Diferentemente dos rituais, no Pontifical não há leituras. Assim, estas foram publicadas em um volume à parte. Contém as orações para diversas celebrações como Crisma; Ordenação de Bispos, Presbíteros e Diáconos, bênção de abade e abadessa, Consagração das Virgens, instituição de leitores, acólitos e de admissão entre os candidatos à Ordem Sacra, profissão religiosa, dedicação de Igreja e de Altar.
Evangeliário: O Evangeliário ou Evangeliarium (do grego evangelion, boa notícia) é o livro que contém as perícopes evangélicas, isto é, os trechos do Evangelho lidos nas celebrações. O Evangeliário contém especificamente o Evangelho para as Celebrações Eucarísticas dos domingos e solenidades em seu ciclo trienal (anos ABC).
Por conter as palavras do próprio Cristo, “a leitura do Evangelho constitui o ponto alto da Liturgia da Palavra, para o qual a assembleia se prepara com as outras leituras” (OLM n.13). Assim, “sendo sempre o anúncio evangélico o ponto alto da Liturgia da Palavra, as duas tradições litúrgicas, a ocidental e a oriental, mantiveram uma diferença entre o Evangelho e as demais leituras. Com efeito, o livro dos Evangelhos era elaborado com grande cuidado, adornado e venerado mais do que qualquer outro Lecionário” (OLM n.36). Assim, convém que nas celebrações mais solenes utilize-se um Livro dos Evangelhos distinto do livro das leituras, a fim de manifestar a primazia do Evangelho sobre os demais livros da Sagrada Escritura. Este Livro dos Evangelhos distinga-se dos Lecionários tanto pela nobreza de sua confecção quanto pelos sinais de veneração.
Para a Celebração Eucarística, o Evangeliário é conduzido elevado à procissão de entrada pelo diácono ou, na sua falta, por um leitor. À chegada ao altar, é depositado sobre este e aí permanece até a aclamação ao Evangelho. Durante o canto da aclamação, o diácono ou o sacerdote toma o Evangeliário sobre o altar e, precedido pelos acólitos com incenso e velas, o conduz elevado até o ambão. Na proclamação do Evangelho, o livro recebe os sinais de reverência da incensação e do beijo do diácono ou do sacerdote.
Após a proclamação do Evangelho, se o celebrante for bispo, pode dar a bênção com o Evangeliário à assembleia, traçando com ele o sinal da cruz. Em seguida, o Evangeliário é conduzido a um lugar digno, na credência ou mesmo na sacristia. Em algumas celebrações mais solenes, como na Solenidade do Natal do Senhor, na qual se recorda que “o Verbo se fez carne, e habitou entre nós” (Jo 1, 14), a íntima ligação entre a Palavra de Deus e a Encarnação pode ser ressaltada colocando-se o Evangeliário à vista dos fiéis em um lugar destacado, inclusive junto à imagem do Menino Jesus, no Natal. Essa prática é adotada no Vaticano para as celebrações do tempo do Natal.
Com informações do Diácono Luciano
Fonte: https://psantanacoroinhas.blogspot.com/p/livros-liturgicos