Novembro Azul é o mês de conscientização e prevenção do câncer de próstata. O movimento com foco na saúde do homem surgiu há quase duas décadas, na Austrália, sendo conhecido primeiramente como Movember (nome original que faz referência ao mustache, que significa bigode em inglês). Daí a adesão do símbolo do bigode nas campanhas.
E para falar sobre o assunto com a Diocese de Santo André e a Rádio Imaculada Conceição AM 1490, nosso convidado é o médico urologista Leonardo Seligra Lopes, que é diretor de comunicação da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia) e professor assistente da Faculdade de Medicina do ABC. Acompanhe a entrevista:
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1 – Dr. Leonardo, quais os índices atualizados de pacientes com câncer de próstata e de mortalidade no Brasil?
Olá. É um prazer estar aqui participando com vocês da Diocese de Santo André, da Rádio Imaculada Conceição, para conversar a respeito do câncer de próstata. Câncer de próstata é uma doença importante, porque estima-se esse ano pelo INCA (Instituto Nacional do Câncer) que mais de 65 mil homens terão esse diagnóstico de câncer de próstata.

Ela é uma doença que mata até 25% dos pacientes que fazem esse diagnóstico. Mais ou menos como a gente entendesse que há cada 40 minutos no mundo, morre uma pessoa por câncer de próstata. E isso é muito importante porque às vezes o diagnóstico do câncer de próstata acontece numa fase muito avançada. Um em cada quatro homens acaba descobrindo o câncer somente numa fase avançada, o que prejudica o tratamento posteriormente.
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2 – Qual a faixa etária mais vulnerável e qual o percentual de cura quando o câncer diagnosticado mais precocemente?
O grande problema é que o fator de risco para essa doença é simplesmente ser homem, com a idade avançada. Então, aquela faixa de risco acima dos 50 anos de idade é quando devemos nos preocupar com o rastreamento do câncer de próstata, principalmente se tiver outro fator de risco associado, como obesidade, ser da raça negra ou já ter algum antecedente familiar de câncer de próstata.

Apesar de tudo, quando a gente faz o diagnóstico precoce, faz o diagnóstico mais cedo, consegue ter chances de cura altíssimas perto de 95%. Então, daí a importância desse rastreamento adequado para identificar a doença da maneira mais precoce possível.
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3 – Quais os primeiros sintomas e como identificar um possível câncer de próstata?
Um dos grandes problemas em relação ao câncer de próstata é que num primeiro momento ele não dá sintoma nenhum. É assintomático, como a gente chama. E esse é que o grande vilão da história e por isso que o rastreamento faz parte dessa investigação, por que a gente tem que ativamente identificar aqueles pacientes que possam ter o câncer de próstata.

Quando eventualmente algum paciente começa a desenvolver sintomas e esses sintomas possam estar relacionados ao aumento da próstata, como por exemplo, dificuldade para ir ao banheiro para urinar, sangramento na urina, levantar muitas vezes durante a noite, essas situações podem estar associadas a um câncer de próstata. Mas quando a gente tem sintomas até relacionados a dor óssea, por exemplo, a gente está falando de uma doença mais avançada, que aí provavelmente é aquele momento onde estaremos oferecendo menos qualidade de vida e menos chance de cura para esses pacientes.
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4 – Quais as principais orientações para as pessoas se prevenirem dessa doença?
A grande recomendação é em relação à qualidade de vida adequada. Uma dieta balanceada. A gente sabe de estudos que dizem sobre dietas muito gordurosas, baseadas em carne tem um maior risco de desenvolvimento do câncer de próstata. E como falei, um dos fatores de risco é a obesidade. A gente tem como prevenir esses fatores de risco. Outros fatores de risco não conseguimos controlar como a idade, a raça, os antecedentes familiares. Então, a gente fica numa balança muito desigual, muito desequilibrada em relação à prevenção. Mas o máximo que pudemos ter para uma boa qualidade de vida com atividade física é o mais recomendado.
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5 – Há alguma recomendação especial nestes tempos de pandemia?
Nestes tempos de pandemia, a nossa preocupação está justamente nas pessoas não conseguirem ter essa capacidade de promover um estilo de vida saudável, com atividade física, mas também não buscar ajuda no serviço de saúde.

A gente teve aí tanto nos sistema público quanto no privado, uma queda muito grande, por exemplo, das indicações de biópsia de próstata, o que significa que as pessoas têm ido menos ao médico, tem feito menos diagnóstico do câncer de próstata do que se estimava fazer e provavelmente  a gente deve encontrar casos mais severos nos próximos meses e anos, de acordo com essa demora de procura ao acesso à saúde.

Então, o importante nestes casos dos fatores de risco é que não deixem de procurar ajuda, não deixem de procurar o médico para fazer o rastreamento do câncer de próstata.