A pandemia continua fazendo seu caminho. Assim chegamos às quinhentas mil vítimas, quantia já ultrapassada. Somos uma nação em luto. A tristeza bateu na porta do coração dos que são sensíveis e não perderam a humanidade. Temos muito a fazer para ajudar as vítimas, consolar os que perderam entes queridos, cuidar e socorrer os pobres. Uma atividade, porém, se impõe sobre todas: orar!
Na Sagrada Escritura tem o Livro dos Salmos. É um compêndio ancestral de orações em forma de hinos e cânticos, composto através dos séculos. Ali estão contidas as aspirações mais profundas do ser humano diante de si mesmo, da vida, de Deus e do destino. A oração é levar o finito da terra até o infinito do céu. Por trás de cada salmo está uma alma de poeta em sua maioria anônimo.
Entre os muitos salmos, um em especial é apropriado para este tempo que vivemos, o Salmo 91 (90) que assim começa: “Você que habita no abrigo do Altíssimo e te abriga na sombra do Onipotente, dize ao Senhor: Meu Refúgio, minha rocha protetora, meu Deus, eu confio em ti”. É a súplica de alguém que busca refúgio no templo, à sombra do altar de Deus, buscando proteção e forças para superar as dificuldades.
Este salmo é uma meditação sobre o tempo que passa, e o que vai acontecendo ao ser humano. Fala da condição humana através de imagens. Fala da duração da planta comparada à vida humana que também é breve, da história humana cheia de contradições. Tudo vai passando, nós passamos. Deus não passa! O salmista reconhece que todo o poder e sabedoria pertencem a Deus. Nós não damos conta de entender. Ele está presente no meio da alegria e também na pandemia: mistério!
O certo é que Deus promete um final feliz para quem nele confia, mesmo que tenha que atravessar vales sombrios. Deus promete ao fiel: “Porque me ama eu te salvarei” (v. 14). Para defender dos caçadores, dos perversos, das pragas e desgraças, o Senhor enviará seus anjos que oferecerão refúgio e mostrarão o caminho. O Senhor promete que aqueles que nele confiam desfrutarão da sua graça e proteção.
Rezemos, portanto, peçamos ao Senhor para que passe logo esta pandemia. Ponhamos nosso coração nas nossas orações, porque não chegarão aos ouvidos do Eterno palavras sem sentimento e sem amor, regadas com as lágrimas da humildade.
Dom Pedro Carlos Cipollini
Artigo para o Jornal “A Boa Notícia”