Diz assim no Evangelho de Marcos (6, 30-31): “Os apóstolos se reuniram com Jesus e contaram tudo o que haviam feito e ensinado. E Jesus disse para eles: vamos sozinhos para algum lugar deserto, para que vocês descansem um pouco.”
O Retiro dos Presbíteros é um grande momento e oportunidade de descanso! Quando nós ouvimos falar em descanso, dá-nos a impressão de que é para ficar dormindo, sem fazer nada. Na realidade é ter um encontro privilegiado com Jesus. Ele é o que oferece água para quem tem sede, pão para quem tem fome. “Se tu soubesses quem te pede água, tu é quem pediria. E aquele que bebe desta água, nunca mais terá sede” (João 4, 10 e 14). Então é nesse sentido, o descanso. O encontro com Jesus. O retiro é esta possibilidade. Ao mesmo tempo, também é um momento de encontro com os irmãos. Afinal, cada padre ou em comunidade com outros padres, ou sozinho na sua paróquia, tem as suas atividades e nem sempre consegue fazer a experiência de estar juntos como um colégio, como um grupo, como clero e presbitério da diocese.
Portanto, esse encontro também ajuda na oração e na reflexão. A oração em comunidade é muito importante e esse é um exercício realizado pelos padres. Também a reflexão, onde cada sacerdote, a partir do tema do retiro pode colocar as suas questões e, ao mesmo tempo, aprofundar junto com aquele que é o pregador do retiro.
Esse é o ponto mais importante. O retiro é feito por cada um, por meio da meditação da palavra, da celebração da eucaristia e do silêncio. Interessante relembrar o que o nosso querido Dom Cláudio Hummes (bispo da Diocese de Santo André entre 1975 e 1996) disse quando pregou o retiro para a Cúria Romana, onde o Papa João Paulo II (1920-2005) estava presente. Ele dizia e lembrava o óbvio, mas que nem sempre nós paramos para pensar:
“Quando entramos numa mata só vamos ouvir barulho ou sinais daqueles animais que habitam a mata, no momento em que paramos e deixamos de fazer barulho. Então, o silêncio é a grande possibilidade de podermos ouvir a Deus”. Este silêncio não se dá somente no cessar de falar, mas sobretudo, no silêncio de estar disposto a ouvir o que Deus nos fala. E quando queremos ouvir, então Deus toma a frente e realmente atende nosso desejo.
É regra canônica que presbíteros façam exercícios espirituais anualmente, seja no seio da Diocese, seja no do instituto religioso ao qual se pertence, em caso de religiosos.
Resumindo, o Retiro dos Presbíteros é um momento onde nos encontramos como irmãos, um momento onde rezamos em comunidade, celebramos a eucaristia, mas sobretudo, um momento de intimidade com Jesus e na pessoa de Jesus, com o Pai e o Espírito Santo.
*Artigo por Padre José Pedro Teixeira de Jesus, membro da Comissão Diocesana de Pastoral Presbiteral, diretor da Escola Diaconal Santo Efrém Diácono e pároco da Paróquia São Bento, em São Caetano do Sul