A solenidade da Anunciação, celebrada dia 25 de março, devido à Semana Santa que este ano caiu nesta data, foi transferida para o dia 08 de abril. O que celebramos? Celebramos um momento importantíssimo da história da salvação: o milagre do encontro íntimo do divino e o humano, do tempo com a eternidade.
Antes, esta solenidade tinha como título “Anunciação de Maria”, colocando o acento na mãe de Jesus, mas após o Vaticano II se passou a chamar “Anunciação do Senhor”, fazendo sobressair o próprio Jesus, que está no centro deste mistério da encarnação: “O Verbo se fez carne a habitou entre nós” (Jo 1,14). Não é uma festa mariana, mas uma solenidade litúrgica do Senhor.
Deus escolhe para sua mãe uma jovem de Nazaré, simples e humilde, mas repleta da mais pura santidade, que é a união com Deus e a vida contemplativa na ação do dia a dia: “Maria guardava e meditava a Palavra em seu coração” (Lc 2,19). No entanto, se Jesus é o centro, ninguém mais que Maria faz parte deste centro.
O seu sim, seu “fiat”, dividiu a história da humanidade em antes e depois.
Através de seu sim, a eternidade entra no tempo, Deus entra na história humana para fazer parte dela. A anunciação é uma semente divina plantada no humano, florescerá na natividade de Jesus, e dará seu fruto maduro na Páscoa do Senhor.
Na anunciação se evidencia a santidade de Maria que consiste em cumprir a vontade de Deus. “A virtude do Altíssimo cobrir-te-á com a sua sombra, disse o Anjo a Maria. Esta sombra, na qual se esconde a virtude de Deus para gerar Jesus Cristo nas almas, é o que cada momento traz em si de deveres, de gozos ou de cruz” (J. P. Caussade). De fato, na ordem moral e sobrenatural, os deveres de cada momento, sob as obscuras aparências, encobrem a verdade da vontade divina, a única a merecer a nossa atenção.
À boa notícia da encarnação do Verbo, Maria disse seu sim. Acompanhemos Maria, dizendo a cada momento, nosso sim ao cumprimento da vontade de Deus em nossa vida. “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38).
+Dom Pedro Carlos Cipollini
Bispo de Santo André