Mensagem para a Missa do Grito dos Excluídos
07/09/2024 – Matriz de Diadema
Dom Pedro Carlos Cipollini – Bispo de Santo André
Meus irmãos e irmãs, prezados padres, diáconos e demais fiéis presentes nesta Santa Eucaristia. Jesus nos mandou rezar sempre, em todas as ocasiões e por todas as intenções. Desejamos rezar e elevar a Deus um grito de clamor por justiça e paz. Nossa sociedade está se esquecendo de Deus, e com isso, esquecendo dos irmãos, em especial os menos favorecidos, os marginalizados. Em nome de Deus é preciso profetizar: “Todas as vidas importam”. É isto que desejamos fazer aqui a partir de nossa fé cristã. A Igreja não tem ideologia nem partido político, mas os cristãos estão engajados em todas as tarefas que levam o selo de Jesus que é o amor ao próximo.
O “Grito dos Excluídos” é uma iniciativa que brota da fé, da ética e misericórdia do Evangelho de Jesus Cristo que a Igreja Católica no Brasil deseja levar a todos. Porque não acreditamos em anúncio do Evangelho sem promoção humana, a CNBB articulou esta manifestação que visa conscientizar para a partilha, justiça e dignidade de todas as pessoas diante de Deus o criador e doador da vida. É necessário nos comportar com humanitarismo se quisermos ter paz na sociedade. É necessário buscar o Reino de Deus!
Por causa de Jesus, a pregação do Evangelho, a evangelização, que é a tarefa da Igreja, se faz com a promoção humana. Isto não é mera atitude política, é mais.. É elevar o ser humano para Deus, porém, antes, restituí-lo a si mesmo, através de uma vida digna para todos e todas. É missão da Igreja, para ser fiel a Jesus Cristo, ter um olhar de compaixão para os que sofrem, e promover o ser humano.
Temos na Diocese de Santo André o Vicariato Para a Caridade Social e a Comissão Diocesana de Justiça e Paz, organismos que promovem a vida a partir da fé em Jesus Cristo e no conhecimento da realidade social necessitada de mudança. Ficou a cargo deles promoverem esta iniciativa do “Grito dos Excluídos” em nossa Diocese.
A exclusão no mundo cresceu. Aumentam os pobres e miseráveis e diminui o número das pessoas que detêm a maior parte das riquezas. Há ricos cada vez mais ricos à custa de pobres cada vez mais pobres. Com a agravante que estes pobres são descartáveis. A fome está presente em nosso pais que é exportador de alimentos: um escândalo! E as políticas sociais continuam sendo cortadas dos orçamentos públicos, porque a vida das pessoas que acessam os serviços públicos pouco importam. Tudo isto se agrava com os impactos das catástrofes climáticas, cada vez maiores, sobre os territórios da periferia da Terra.
A proposta da Igreja é a mesma do Evangelho: romper a barreira do individualismo. Viver a proposta de Jesus : “Vós sois todos irmãos, um é vosso Pai que está nos céus”(Mt 23,8). Assim, nestes 30 anos do “Grito dos Excluídos”, uma iniciativa da Pastoral Social da CNBB, nos acompanhou como grito pela vida, por terra, trabalho e educação para todos.
Somente quando tivermos a consciência de que temos um Pai, que ama todos os seus filhos e deseja que vivam como irmãos, através da partilha fraterna dos bens que ele da para todos, somente aí teremos a paz tão almejada. Pois sem partilha dos bens não a justiça e sem justiça não ha paz.