Encontro dos Jovens com o bispo – 20.3.2016
Dom Pedro Carlos Cipollini
Bispo Diocesano de Santo André
Introdução
Saúdo a todos e cada um de vocês. Como é bom estarmos aqui e participar desta bela caminhada. Saúdo os padres na pessoa do Pe. Ademir, vigário geral e Pe. Joel, vigário episcopal para coordenar a Pastoral. Saúdo os seminaristas, ministros e demais participantes. A quaresma está terminando, começa a Semana Santa, recomeça a Paixão de Jesus. Jesus sofre e morre por nós e depois ressuscita!
Vamos perguntar qual é nosso papel no sofrimento e na morte de Jesus. De que lado estamos?
O Evangelho não é uma lenda nem uma história do passado mas é uma profecia: diz-nos o que se passa e o que se há de passar até o fim do mundo. Ele nos projeta para a eternidade. É uma revelação viva de Deus para nós. O Evangelho nos mostra a vida de Deus entre os homens.
Como foi a vida de Jesus entre nós? Qual a mensagem que ele nos transmite? O que Ele pede de nós? Jesus vive entre nós: Eu estarei convosco até o fim dos tempos, ele disse (cf. Mt 28,20). Todos nós aqui presentes estamos escritos e citados no Evangelho. Com quem você se identifica nesta narração evangélica que acabamos de ouvir?
E lá vamos nós, vejamos os milhões de indiferentes, os covardes e traidores, maria-vai-com-as-outras, os que lavam as mãos, os que ficam parados, os que não tem opinião, os que deixam o barco correr, os fujões como São Pedro, os que dizem não ter nada com isso, os desinteressados porque acabaram-se os milagres e os que não podem faltar: os curiosos…
Mas tem também os carrascos para completar o quadro: o ignorante com o chicote, o funcionário com seu regulamento, os homens da ordem para garantir a lei mesmo que injusta e o curioso que veio para se divertir com o sofrimento alheio.
E aí está Jesus, vítima dolorosa, infinitamente paciente que olha com ternura e misericórdia os que o maltratam. Ele é o Servo de Deus não violento, ele é o Amor. Jesus sabe que só o amor vence porque o amor pode tudo mesmo que tenha de passar pela cruz! É o justo que sofre!
Ele recebe a solidariedade de bem poucos: as mulheres ao pé da cruz, cireneu e as mulheres que choram por ele. Se fossemos montar agora a cena da paixão de Cristo, poderíamos perguntar quem seria quem, quem se prontificaria a fazer o papel de Pilatos, Herodes, Verônica, o Cireneu, etc…
É preciso saber que o drama continua hoje, e Jesus nos chama a participar nele fazendo nossa parte, escolhendo nosso papel. É preciso entrar neste drama!
Nosso encontro hoje aqui é com Jesus! Quem é Ele? É o filho de Deus! O que Ele vem trazer para nós? O AMOR que é a verdade que liberta. O que é o amor? É um modo de vida, é a vida sem egoísmo: Amor-serviço-misericordioso. Assim, Jesus não nos tira nada, ele nos dá tudo e nos dá a missão de segui-lo. Esta é a missão da Igreja: levar Jesus. A Igreja hoje nos pede a través do Papa Francisco: conversão pastoral! O que é isso? Voltar para Jesus!
Jesus sabe do drama que atravessam os jovens hoje. Falta de perpectiva para o futuro, desemprego, drama do alcoolismo, drogas, tédio e desânimo e o pansexualismo e até o suicídio!
- Queremos ver Jesus!
“Jesus pode romper os esquemas enfadonhos nos quais o pretendemos aprisionar. Ele pode nos surpreender com sua constante criatividade divina” (Papa Francisco in Hom. Santa Marta 23.10.2013).
Não basta reformar ou modificar nossa vida. É preciso reproduzir o essencial do Evangelho que é o modo de ser de Jesus: devemos ter os mesmos sentimentos de Jesus Cristo (cf. Fl 2,2-5).
Devemos mudar nossas atitudes para adotarmos as atitudes de Jesus. Quais são?
- Fidelidade à vontade de Deus Pai: buscar o Reino em primeiro lugar
- Agir com base na compaixão e misericórdia
- Ser Igreja missionária e para os pobres
- É preciso dar um “coração novo” à nossa Igreja
Como se fará isso? Vivendo uma nova relação com Jesus, reavivando o relacionamento com Ele. Precisamos em nossas comunidades e paróquias, reavivar o relacionamento com Jesus. Se nós ignorarmos quem é Jesus, estaremos seguindo um desconhecido.
- Se ignorarmos quem é Jesus não conheceremos o que é decisivo em nossa fé.
- Se não olharmos para o mundo e os pobres com o olhar de compaixão de Jesus, seremos cristãos cegos.
- Se não escutarmos o clamor do sofrimento das pessoas seremos comunidades surdas.
- Se não concordamos com o amor, o perdão e a ternura de Jesus, não conheceremos o que há de melhor em nossa fé.
Não vamos nos resignar a viver um cristianismo sem conversão, sem conhecer quem realmente é Jesus.
- É preciso ter relação vital com Jesus
Hoje tem jovens que creem sem pertencer a Jesus e à Igreja. Por outro lado, tem os que pertencem sem crer na prática.
A experiência vital é ser discípulo (a) de Jesus. Qual o caminho para isso? É ouvir a Palavra de Deus.
Nossa fé deve gerar seguidores de Jesus e não adeptos de uma religião. Ser seguidor de Jesus é ser apaixonado pelo Evangelho! Identificar-se com o projeto de Jesus, que é um mundo onde Deus reina através da justiça e da paz.
Precisamos interiorizar as atitudes fundamentais de Jesus e estar ligado a Ele para sempre.
Você já teve seu encontro pessoal com Jesus? Estar ligado a ele não é aceitar doutrinas e nem praticar ritos, é um novo modo de viver… Viver o que? Viver a experiência de ser salvo.
Jesus nos salva dando a vida por nós por fidelidade e amor. Não foi Deus que exigiu a morte de seu Filho. Jesus recebeu do Pai a missão de mostrar seu grande amor. Mas o único lugar que sobrou para Jesus mostrar o amor do Pai foi a cruz e ele aceitou por amor: se tinha que passar pela cruz para fazer a vontade do Pai ele passou.
Por isso ele foi exaltado, recebeu todo o poder e nele nós somos feitos filhos adotivos de Deus. Só onde há misericórdia termina a crueldade e a violência!
- Jesus é Rei pela sua cruz/amor que dá a vida
O Evangelho nos apresenta Jesus rei pacífico. Ele vence pela não violência ativa. Jesus ensina que o primeiro gesto de amor é o serviço.
Paciente: ele perdoa. Misericordioso: ele oferece a salvação: ama os inimigos. Morrendo ele destrói a morte!
Somos chamados a apostar no amor que é a força mais poderosa do mundo. Jesus te convida a vencer o pessimismo, abrir-se à confiança e à esperança…
Vamos preparar um tempo novo da Igreja e do mundo…
“Bendito o que vem em nome do Senhor”(Lc 19,38), gritava a multidão que o recebia com alegria. Vamos recebê-lo e deixar que Ele entre em nossa vida.
Conclusão
“Quanto mais a noite fica escura, mais perto ela está do amanhecer” Esta é a dinâmica pascal, esta é a vitória de Cristo e a nossa também.
Não podemos olhar para o futuro só a partir de nossos cálculos e previsões. A Igreja não pode fundamentar seu futuro sobre si mesma.
O modo de agir de Deus pode nos parecer distante e incompreensível, mas é o caminho do amor e da verdade que liberta.
Somente Deus tem a última palavra sobre a história.
O exemplo de Jesus Cristo nos ensina o caminho da libertação.
Vamos libertar o mundo pela fidelidade radical à vontade de Deus, mesmo que isto nos faça sofrer.
Que nada nos impeça de encontrar em Jesus a fonte da nossa alegria. Quem saber alguns de vocês sinta no coração o desejo de seguir Jesus mais de perto, como sacerdotes. Ser padre é bom! Não tenham medo!
Façamos hoje um compromisso com Cristo Jesus, compromisso de estar sempre com Ele. AMÉM.