Publicado no Jornal a Boa Notícia no mês de Setembro de 2015
A Bíblia é palavra de Deus, palavra de vida. Neste mês de setembro a Igreja , celebra o “mês da Bíblia”. Com isto quer recordar a possibilidade que se tem hoje de ler os livros sagrados, graças ao trabalho do erudito São Jerônimo, tradutor dos livros da Bíblia para o latim. Esta tradução, chamada Vulgata, possibilitou que a Bíblia fosse traduzida para todas as línguas modernas, e daí para todas as línguas existentes hoje.
É inegável o atrativo exercido por este livro, o mais lido até hoje. Milhões de pessoas encontram aí a inspiração, a força e o sentido de viver. Neste livro tão divino, mas escrito em palavras humanas, Deus diz tudo o que tem a comunicar. No ápice da comunicação de Deus está Jesus, Ele é o centro da mensagem bíblica.
Assim, os Evangelhos são o coração da mensagem bíblica que está resumida no mandamento do amor: “Amar a Deus acima de tudo e ao próximo como a si mesmo” (Mt 22,37-39). Jesus aprofunda este mandamento nuclear: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 13,34). Ele se coloca como a medida do amor. Aliás, esta medida é um amor sem medida, porque Ele, “tendo nos amado amou-nos até o fim” (Jo 13,1). Centro da revelação bíblica, portanto, é que “Deus é amor” (1Jo 4,8).
Mas o que é este amor? As interpretações são tantas, há um lugar, porém, onde o amor é explicado claramente: o Sermão da Montanha (Mt cap. 5 a 7). É a nova lei da nova aliança, que aí vai colocada por Jesus, assinalando os limites da perdição e da salvação. O amor infinitamente misericordioso de Deus pelos homens é modelo ao qual a vida dos discípulos se deve conformar: “Sede perfeitos como vosso Pai do céu é perfeito” (Mt 5,48). São Lucas no seu Evangelho quando fala das bem-aventuranças diz que esta perfeição é a misericórdia (Lc 6,36).
O amor infinito de Deus se traduz no sentimento de misericórdia. Ela é o segredo mais íntimo do amor de Deus. E nós sabemos que estamos no amor de Deus quando usamos de misericórdia, até mesmo para com os inimigos: “amem seus inimigos e rezem pelos que vos perseguem” (Mt 5, 44). Quem se tornou capaz, com a graça de Deus, de amar os inimigos, chegou á compreensão da mensagem bíblica, do contrário tudo ainda é tentativa e busca.
Jesus é o realizador do amor aos inimigos porque deu a vida para salvar a humanidade, que pelo pecado estava na inimizade com Deus. O amor aos inimigos parece desumano e irracional, porém é a única atitude capaz de restituir ao homem uma nobreza tal que o faz semelhante a Deus. Nesta semelhança se realiza e cumpre toda a Lei.
Imagine você como seria este mundo, se por um dia só todos se perdoassem mutuamente, até mesmo os inimigos? Que neste mês da Bíblia possamos impregnar nossa vida pelos seus ensinamentos que certamente nos levarão à felicidade.
O bispo é o servidor da Palavra de Deus. Nesta missão quero convidar toda nossa querida Igreja presente na Diocese de Santo André, para fazermos da Palavra de Deus, a raíz de nosso agir pastoral. Porque sem a Palavra de Deus permanecerá somente a nossa, a qual ér insuficiente para dar vida a nossos projetos pastorais.
Dom Pedro Carlos Cipollini
Bispo Diocesano de Santo André