30.XI.2015
Matriz de Santo André
Rm 10,9-18 – Sl 18 – Mt 4,18-22
por Dom Pedro Carlos Cipollini, Bispo de Santo André
Exmº Sr. Dom Nelson, prezados padres, diáconos, religiosos e religiosas, seminaristas, leigos e leigas engajados nas pastorais diocesanas, queridos paroquianos desta Paróquia de Santo André, sejam todos bem-vindos, meus irmãos e irmãs, a esta celebração. Mais uma vez vos acolho na alegria de celebrar nosso padroeiro Santo André. É bom estarmos aqui como família diocesana, para agradecer e celebrar nossa fé no amor de Cristo que nos reúne e, mais que isso nos une. Viemos para celebrar a bondade de Jesus Cristo que desejou os seus apóstolos, sobre os quais Ele, Jesus, na força do Espírito Santo, fundou sua Igreja.
Nosso padroeiro diocesano foi pescador como seu irmão São Pedro (Mt 4,18), tinha um nome de origem grega, cuja cultura era muito difundida na Galiléia onde morava. André foi discípulo de João e depois, discípulo de Jesus, a quem levou seu irmão ( Jo 1,40; Jo 1, 41 – 42). André foi o primeiro chamado por isso é denominado protocleto. André faz parte do pequeno grupo dos apóstolos que tem contato mais direto com Jesus (Jo 6,8; 12,22). Segundo a tradição mais antiga, André passou da Ásia Menor para a Grécia, na região do Épiro, onde evangelizou até sua velhice. Foi preso na cidade de Patras e condenado à morte por crucifixão, por volta do ano 60.
O Evangelho narra o encontro de André com Jesus. Jesus estava passando ao largo de onde João estava com seus discípulos. João Batista aponta para Jesus e diz: eis o cordeiro de Deus… (Jo 1,36). André e João foram atrás de Jesus que lhes perguntou: “O que buscais?” E eles perguntaram a Jesus; “Mestre onde moras?” E Jesus respondeu: “Vinde e vede”…foram com Jesus e ficaram com ele o dia todo…
André nos faz recordar a Igreja missionária, que sai para fora dos muros de Jerusalém e faz sua imersão na cultura grego romana. Um episódio do evangelho de João nos mostra esta realidade profetizada por Jesus. André serve de interprete a alguns gregos que desejavam conhecer Jesus. Então jesus diz ao discípulo e por meio dele ao mundo grego: ”Chegou a hora em que o Filho do Homem será glorificado. Eu garanto a vocês: se o grão de trigo não cai na terra e não morre, fica sozinho. Mas se morre, produz muito fruto” (Jo 12,23-24). Jesus quer dizer que com sua morte, chega a hora de sua glorificação: o grão de trigo morto (ele mesmo) se converterá com a ressurreição, no pão da vida para o mundo, será luz para os povos e culturas. André foi o que ouviu isso de Jesus. “Em outras palavras, Jesus profetiza a Igreja dos pagãos, a Igreja do mundo como fruto da páscoa” (Bento XVI, sobre Santo André in Audiência geral 17.X.2006). André foi o apóstolo da cultura grega.
O que nos ensina o apóstolo André? Seguir Jesus com prontidão (Mt 4,20; Mc 1,18), a falar dele com entusiasmo e, cultivar uma relação de verdadeira familiaridade com Ele. Assim, o que a Conferência de Aparecida nos propõe, o encontro com Jesus para sermos discípulos e missionários, realiza-se no Apóstolo Santo André. Renovemos nosso propósito de servos uma Igreja que faz de Jesus Cristo seu Senhor, o Caminho, a Verdade e a Vida. Uma Igreja discípula e missionária que brota da comunhão Trinitária. “A vocação ao discipulado missionário é con-vocação à comunhão em sua Igreja. Não há discipulado sem comunhão… A fé nos liberta do isolamento do eu, porque nos conduz à comunhão” (DAp 156).
Diz-nos a 1ª leitura (Rm 10,9-18): “se confessares com tua boa que Jesus é o Senhor e no teu coração creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo”. É a Igreja discípula que recebe e segue a herança apostólica. Fiel à Palavra de Deus proclamada e meditada, aprendendo todos os dias a beber desta fonte de água viva que é a Palavra de Deus. Nossa Igreja quer ser lugar de animação bíblica da vida e da pastoral. A fé vem da pregação, e a pregação se faz pela palavra de Jesus Cristo. E ainda: a voz dos apóstolos se espalhou por toda a terra e suas palavras chegaram aos confins do mundo.
O papa Francisco nos propõe a “Igreja em saída missionária”. Esta proposta é para todos na Igreja, não é somente para os leigos, mas também para os bispos, padres (presbíteros) e diáconos. É para todos. Ser missionário é assumir a herança dos apóstolos. Uma Igreja onde seus membros criam raízes e não conseguem sair do lugar está falhando com esta vocação apostólica que faz parte de seu ser.
A missão está fundada no encontro pessoal com Jesus. O Evangelho (Mt 4,18 – 22) nos fala do encontro com Jesus à beira do lago de Genesaré (Mar da Galiléia). Os apóstolos estão pescando e Jesus os chama pelo nome. Jesus chama Pedro e André que estavam lançando as redes. “Segui-me e eu farei de vós pescadores de homens. Eles imediatamente deixaram as redes e o seguiram “. Jesus nos encontra e nos chama. Qual a nossa prontidão em segui-lo? Qual a prontidão de nossa Igreja de Santo André em ouvir a voz de Jesus e executar o que ele nos indica?
Precisamos continuar ouvindo a voz do Espírito e levando avante aquilo que nos é proposto como Igreja em permanente estado de missão, casa da iniciação cristã, comunidade de comunidades, a serviço da vida plena para todos. Em nosso sétimo Plano de Pastoral o Espírito falou à nossa Igreja de Santo André. É preciso nos animarmos uns aos outros e aceitar a Pastoral de Conjunto como expressão do trabalho evangelizador feito ao modo dos apóstolos que não agiam isoladamente, mas iam de dois a dois como Jesus ensinou, porque a evangelização não é fruto do trabalho de um apóstolo isolado, mas da comunidade que envia os missionários que por sua vez deverão formar comunidades…
Que sejamos uma Igreja capaz de criar comunhão através do serviço que é levar ao mundo o Evangelho da vida.
Que nosso Padroeiro Santo André nos conduza sempre a Jesus, como fez com seu irmão Pedro e nos ajude a ter sempre seu realismo e entusiasmo na evangelização que é nossa missão. Que ele interceda por nossos padres, diáconos e leigos engajados na tarefa apostólica que é a tarefa de todos nós. AMÉM