Aos Caríssimos
Religiosos e Religiosas que se dedicam
à vida consagrada na Diocese de Santo André-SP
Irmãos e Irmãs,
Encerrando o Ano da Vida Consagrada, que certamente foi vivenciado com entusiasmo por todos vocês, venho trazer uma palavra de apreço e incentivo a todos. A paz e a alegria de Nosso Senhor Jesus Cristo, autor e consumador da fé, estejam convosco. Aquele que vos chama na força do Espírito Santo, o qual confere os carismas para a edificação da Igreja Servidora do Reino de Deus, vos ilumine e plenifique com todas as graças do alto.
Gostaria de agradecer vossa presença entre nós, ao mesmo tempo de reconhecer o quanto a vida consagrada fortificou e contribuiu para o crescimento de nossa Igreja Particular de Santo André. A vida consagrada, atuando em diversas frentes de trabalho missionário, deu à nossa Diocese, uma contribuição muito importante nos seus primeiros anos e, continua com sua presença animadora e fraterna, a fortalecer e integrar nossa caminhada de Igreja. Nossos respeitos, nosso muito obrigado de coração e com carinho.
Permitam-me dizer que a vida consagrada é sinal dos bens futuros na cidade humana, em êxodo pelas veredas da história. Somente vale a pena consagrar-se nesta perspectiva, pela entrega total da vida, para que todos tenham vida e a tenham plenamente um dia no céu. Sem o olhar para o transcendente, para o além da história, a vida consagrada perde sua identidade, não mais poderá atuar na história com a força do Espírito, mas com as próprias forças. Por isso, é necessário perscrutar os horizontes da nossa vida e do nosso tempo com vigilante atenção. Na nossa vida pessoal, na vida privada, o Espírito nos impele a tomar um caminho mais evangélico, conforme os votos emitidos. É necessário não se esquecer do “primado da vida espiritual” (cf. Vaticano II, PC n. 6).
No desejo de que continuem firmes na fé e na vocação a que foram chamados, discernindo realmente a própria vocação, e dedicando-se a ela, recordo-vos a necessidade de deixar para trás uma Igreja mundana, sob vestes espirituais e pastorais, para respirar o ar puro do Espírito Santo que nos liberta de nós mesmos (cf. papa Francisco in EG n. 97).
A prática e a proposta missionária de Jesus e também de todos os vossos fundadores foi sempre a de ir às periferias do mundo, visando integrar, incluir e promover os pobres e excluídos da história, para que na volta ao centro, sejam os protagonistas da conversão e redenção do centro. Assim as periferias humanas não podem ser reduzidas a destinatários da evangelização, mas lugares privilegiados da evangelização onde o Espírito Santo atua com força.
O núcleo da inspiração carismática das diversas formas de viver o carisma da vida consagrada na Igreja, sempre foi o ir ao encontro, a missão, e isto, mesmo em se tratando da vida consagrada monacal. Exemplo desta missionariedade da vida consagrada, é o fato de que a padroeira das missões, juntamente com São Francisco Xavier, seja uma monja carmelita, Santo Terezinha do Menino Jesus. Por isso O Vaticano II exorta para que se voltem sempre às fontes, à inspiração original (cf. Vaticano II, PC n. 2).
Encerro esta mensagem que me foi solicitada e que escrevi com muita satisfação e respeito, fazendo um apelo para que não tenham medo, não fiquem olhando para traz, mas voltem os olhares para o horizonte do Reino de Deus que nos chama para um novo amanhecer. Deus sempre proverá para aqueles que ele ama: “aos seus amados Ele providencia o pão enquanto dormem” (Sl 127, 2).
Em nome de Jesus, deixo a todos minha benção de pai e pastor que muito vos estima em Cristo Jesus.
Santo André, 28 de janeiro de 2016, festa de Santo Tomás de Aquino
Dom Pedro Carlos Cipollini
Bispo Diocesano de Santo André