Fiéis de todas as paróquias da região do ABC reviveram nesta sexta-feira (25/03), a crucificação e o sofrimento de Jesus, que derramou seu sangue para livrar a humanidade dos pecados do mundo
“Precisamos saber o que fazemos com a cruz. Ela continua, para nós, sendo um instrumento de morte ou de vitória como foi para Jesus? Mas se temos fé no Cristo crucificado vencedor da morte, se com Ele (Cristo) sofremos, com Ele (Cristo) seremos vitoriosos!”.
A reflexão profunda realizada pelo bispo da Diocese de Santo André, Dom Pedro Carlos Cipollini, encheu de esperança e fé os corações das centenas de fiéis presentes à celebração da Paixão do Senhor, ocorrida na tarde da Sexta-Feira Santa (25/03), na Catedral Nossa Senhora do Carmo, em Santo André.
Os cristãos no ato concelebrado pelos padres Vanderlei Nunes (pároco local), Padre “Jaime” Giacomo Pellin (vigário local) e Guilherme Melo Sanches (secretário episcopal) relembraram toda a trajetória das últimas horas de Jesus Cristo, antes de partir para o lado do Pai, como o julgamento, a paixão, a crucificação, a morte e a sepultura.
A celebração
Na Igreja Católica, esta data pertence ao Tríduo Pascal, o mais importante período do ano litúrgico. Por ser um dia em que se contempla de modo especial Cristo crucificado, as regras litúrgicas prescrevem que neste dia e no seguinte (Sábado Santo) se venere o crucifixo com o gesto da genuflexão, ou seja, dobrar os joelhos em sinal de respeito.
Embora sem a celebração da missa, um rito litúrgico é seguido neste dia, com a ausência da Oração Eucarística, a mais importante parte da missa católica.
A celebração da morte do Senhor na Catedral do Carmo consistiu, resumidamente, na adoração de Cristo crucificado, precedida por uma liturgia da Palavra e seguida pela comunhão eucarística dos participantes. Ao final, os presentes contemplaram a figura de Jesus na cruz e refletiram sobre o sangue derramado por Ele para livrar a humanidade dos pecados.
Cruz da vitória
Durante a homília, Dom Pedro comentou sobre o Evangelho da Paixão de Jesus Cristo, segundo João (18,1-19,42), em que aborda essencialmente o simbolismo da cruz, as provações em nossas vidas e a fidelidade com o próximo.
Segundo o presidente da celebração, na época de Jesus os generais que venciam a batalha, quando chegavam em suas respectivas cidades, eram recebidos em triunfo e carregavam em procissão , as armas dos inimigos, usadas em combate.
“Assim também, a cruz, que é um instrumento de morte, de tortura, símbolo do pecado que escraviza, mata o ser humano, este instrumento de morte, a partir de Jesus, se torna símbolo da vitória. Jesus vitorioso carrega o instrumento da morte como troféu”, sintetiza Dom Pedro.
Superação do sofrimento
De acordo com o bispo, os cristãos precisam se espelhar em Cristo, que venceu a morte depois de muito sofrimento, para superar os desafios e se livrar dos pecados.
“Nós, como seus seguidores, o que fazemos quando o sofrimento bate a porta de nossa casa? O sofrimento está presente também em nossa vida. Não podemos pretender chegar a gloria da ressurreição sem passar pelo calvário. Os sofrimentos, as tristezas, as dificuldades da vida, continuam nos matando, se não temos fé na ressurreição e na vitória de Cristo. Mas se temos fé em Cristo ressuscitado, vencedor da morte, com Ele sofremos, com ele seremos vitoriosos”, ensina.
Piedade e conversão
Dom Pedro também mencionou que nossas atitudes de humildades e arrependimento são necessárias para a salvação.
“Não sejamos como os soldados ou doutores da lei aos pés da cruz, mas que tenhamos o desejo de piedade e conversão, como a do ‘bom ladrão’, que pediu a Jesus: Lembra-te de mim quando estiveres no ceú?Jesus lhe disse: hoje mesmo estarás comigo no paraíso! A misericórdia infinita de Deus espera um sinal mínimo de boa vontade para nos resgatar da morte”, ressalta.
Amor incondicional e fidelidade
O bispo diocesano ainda relembrou a Leitura do Profeta Isaías, que preconiza a atitude fundamental de Jesus, como Ele mesmo dirá “Meu alimento é fazer a vontade do Pai. A vontade do Pai era que Ele anunciasse o reino de Deus, ou seja, o amor incondicional de Deus para com a humanidade”.
Como prova de sua fidelidade ao Pai, Cristo morreu na cruz para remissão dos pecados, doar a vida por nós e vencer a morte.
A influência do Espírito Pascal na sociedade dos tempos atuais:
“Muitas pessoas estão sem paciência, intolerantes e agressivas. Talvez a distância de Deus seja o motivo para revoltas por coisas simples. E a misericórdia do Papa Francisco traz nessa Páscoa a compreensão, a compaixão, a luta e a esperança dentro de cada coração. Se não tivermos a paz e a consciência de misericórdia todos os dias, de que a Porta Santa representa nosso coração, nós não sobreviveremos. As pessoas precisam, sim, dobrar os joelhos e acreditar que o bem vencerá o mal”, Roseli Zanoli da Costa, comerciante e há 60 anos frequentadora da Catedral do Carmo, (da direita para esquerda) ao lado do neto Pedro, da filha Cris e do genro Aníbal.
“Com a Páscoa, Jesus nos traz uma nova esperança! Nos faz lembrar que, a nossa vida não é só essa, mas também a que Ele nos dá! Mesmo com tudo que acontece no mundo, Cristo atua para que acreditamos, por meio dessa graça, mais pessoas possam ser alcançadas e convertidas para o amor em Cristo”, Jéssica (à direita),estudante, ao lado de Mariana, coordenadora de reservas e eventos, ambas da Comunidade Shalom.
“Sobre a Páscoa, temos que lembrar todo o martírio que Ele (Cristo) sofreu por nós. Essa rememoração serve para conscientizar as pessoas sobre o amor e bondade de Deus. Jesus morreu na cruz para apagar nossos pecados. Isso não quer dizer que estamos deles (pecados). Ainda temos muitos e a sociedade atual mostra bem isso. Muito pela ausência do amor divino que precisa existir para um novo rumo”, Clive Iope, aposentado (desenhista técnico) e participante da Paróquia Catedral do Carmo.
“A Páscoa é uma data sagrada, mas nem todo mundo obedece aos ensinamentos de Cristo. Que este tempo de reflexão deixem as pessoas mais amáveis e tolerantes com o próximo”, Darci Deodato, aposentada e participante da Paróquia Cristo Operário.