Homilia da missa com o Clero presidida por Dom Pedro Carlos Cipollini
Diz o Senhor: “Eu mesmo cuidarei do meu rebanho e dele me ocuparei” (Ez 34, 11). Deus promete cuidar de seu rebanho e se ocupar dele. Assim ele enviou seu Filho Jesus para ser o Pastor dos Pastores. Jesus é o Verdadeiro Pastor no pastoreio do qual estamos inseridos, Ele é o Sumo Sacerdote no sacerdócio do qual estamos inseridos. Assim através dos sacerdotes de sua Igreja Ele se ocupa e cuida de seu rebanho.
Estamos reunidos para rezar pela santificação dos sacerdotes, do clero em geral. Este dia foi desejado por São João Paulo II para recordar a todos nós que se a santidade é vocação de todos os batizados que detêm o sacerdócio comum dos fiéis, a santidade para nós que pelo sacramento da Ordem fomos configurados a Cristo Jesus de forma toda particular, a santidade é para nós mais que uma vocação e um dever, é uma obrigação. Deus nos chamou para a santidade (cf. 1 Ts 4,7).
Jesus é o Bom Pastor que vai atrás da ovelha perdida. Nós como pastores fazemos as vezes de Jesus no cuidado do rebanho, ouvindo sempre de Jesus: “Tu me amas? Apascenta minhas ovelhas”. Na alegria na tristeza e também na monotonia do dia a dia o padre é o bom pastor, imitador de Jesus que seguimos carregando a cruz. Cruz que é sempre o amor a Deus e aos irmãos que exige de nós o morrer a sí mesmo para viver para os outros. O padre funcionário pensa em sí e em seus projetos como os apóstolos antes de Pentecostes. Os apóstolos não seguiam a Jesus, estavam com Ele. Mas após a vinda do Espírito Santo passaram a seguir a Jesus fazendo-se próximos dos que iam evangelizar. O próximo deve ser sempre o pastor que vai ao encontro da ovelha perdida, o próximo é o pastor que se aproxima daqueles que evangeliza.
Ir ao encontro é característica do pastor segundo o coração de Jesus. Assim como Jesus o pastor empreende o êxodo de sí mesmo e de tudo o mais para ir ao encontro dos outros que nos leva ao grande OUTRO (Deus). O Coração de Jesus é paradigma do grande desapego que se exige de nós. Ele nos amou até o fim e deu tudo até o sangue e água que jorraram de seu coração transpassado. O momento que atravessamos é de crise, insegurança e tristeza para todo o nosso povo. Em nosso meio há muito sofrimento e nos perguntamos: o que poderemos fazer? O que estou fazendo? Sozinhos nada poderemos fazer mas unidos a Jesus Cristo teremos a força necessária para apascentar o rebanho que nos foi confiado.
Amor incondicional é o que Jesus pede de seus pastores. A misericórdia do pastor leva a um amor incondicional. Este amor incondicional leva-nos a abdicar de muitos direitos em favor dos outros. Direito não é dever! Cristo Jesus abdicou do direito de ser reconhecido como Deus encarnado e se tornou servo por amor. Abdicar do tempo que me é devido, abdicar das honrar que me são tributadas, abdicar do tamanho da côngrua a que tenho direito, enfim abdicar de meu egoísmo que está grudado em nós como uma segunda pele.
Rezemos com humildade para que o senhor nos santifique e nos faça cada vez mais semelhantes a Ele em tudo. Estarmos unidos a Deus é a vida eterna já começada aqui. Que estejamos sempre em estado de graça. Que sejamos o que nosso rebanho espera de nós: sacerdotes santos, misericordiosos, dignos de fé e confiança como diz do Senhor Jesus a Carta aos Hebreus. Ele o pastor dos pastores nos santifique e nos torne santificadores. AMÉM.
3.5.2016
Solenidade do Sagrado Coração de Jesus – Ez 34, 11 – 16 Lc 15, 3 – 5
Santuário – Milícia da Imaculada