Tendo em vista que é imenso o desejo dos diocesanos por relatos de Padre José Mahon, que há nove meses, reside na França, após uma vida missionária na Diocese de Santo André, reproduzimos a carta que foi enviada ao seu amigo, Humberto Domingos Pastore, onde passa informações de sua vida atual, e também narra com profundo conhecimento aspectos do passado e da atualidade de nossa região e de nosso país.
Prezado amigo Humberto Pastore
Espero que esta carta o encontrará com ânimo, fé e espírito missionário.
No funeral do padre Carlos Alberto (Cristo Operário – Vila Linda), lhe falei da minha volta definitiva na França, na casa dos padres idosos, que ocorreu na 2ª feira, 26 de setembro de 2016: Amanhã, completará 9 meses, (a hora do parto!).
Esperava muito continuar em Santo André. O meu superior pensou diferente. Hoje, reconheço que ele tinha razão: 90 anos, saúde muito problemática (quimio 5 dias por mês no hospital, transfusão de sangue cada 90 dias, cansaço físico quase constante). Enfim seja feita a vontade de Deus.
Acompanho de longe a vida da diocese (sínodo) e do Brasil (bastante confusão política), mas, sobretudo lembro o tempo passado na diocese desde 1961, (a diocese tinha sete anos).
O que mais me marcou? A vida e a fé do povo, sempre Amigo, Acolhedor, Religioso, Trabalhador, Participativo, Alegre, (sempre disposto para festas). Foi um encanto viver em Santo André e Mauá, embora faltassem para o povo, bons salários, casas, escolas, hospitais, água, esgoto, asfalto, transportes, etc. Vida dura para o povo.
Chegava de todo canto do Brasil. Muitos casais praticantes, muitos jovens na Congregação Mariana ou na Pia União das Filhas de Maria.
O entusiasmo do povo pela comunidade sempre me impressionou;
Depois houve os anos da ditadura militar. Com apoio de Dom Jorge Marcos de Oliveira, depois de Dom Claudio, a partir de 1975, houve a participação do povo nas lutas operárias, nascimento e crescimento das Comunidades Eclesiais de Base, Pastoral Operária e outros movimentos.
As mentalidades mudavam: jovens e adultos. Houve crescimento das vocações sacerdotais, renovação pastoral, mas sempre faltava uma visão comum da parte do clero, cada um segundo a sua visão pastoral, de acordo com a sua formação.
As periferias cresciam muito e, com elas apareciam as igrejas evangélicas, hoje tão numerosas e tão frequentadas – mesmo assim, crescendo a população, as missas continuavam lotadas.
Hoje, com a pesquisa social organizada pela diocese, temos uma visão muito mais clara da realidade.
Com as orientações do papa Francisco e do atual bispo, Dom Pedro, sabemos o rumo a seguir juntos. Também, no ano passado, as visitas pastorais do bispo em todas as Regiões Pastorais da diocese constituíram um grande passo a frente.
Hoje, tão longe, só posso rezar por vocês, o que faço diariamente. Aproveito desta carta para dar um grande abraço ao nosso bispo, Dom Pedro, ao clero e todo o povo da diocese. A presença de Jesus vivo no meio de nós nunca vai faltar.
Abraços.
Assinado José Mahon.