Diocese de Santo André

Homilia na Missa De Nossa Senhora no Sábado – Concentração do Terço dos Homens

23 de setembro de 2017

Santuário Nossa Senhora Aparecida – Paulicéia – S. Bernardo do Campo

Dom Pedro Carlos Cipollini

Prov. 8,22 – 31

Gl 4,4 – 7

Ev. Lc 1,39 – 47

Caríssimos irmãos e irmãs aqui presentes. Saúdo os padres e autoridades aqui presentes, saúdo a todos os que vieram de outros lugares e aos que nos seguem pela TV Aparecida. Acolho vocês com grande alegria, neste momento em que nos reunimos para celebrar a Santa Eucaristia. A Palavra de Deus vem até nós mais uma vez para nos iluminar e instruir no caminho do Senhor. Abramos a ela nosso coração!

A primeira leitura nos mostra a Sabedoria de Deus. Deus é sábio em todas as coisas. Toda a criação é organizada com sabedoria infinita e profunda. A sabedoria de Deus tem um plano, um objetivo: nada é em vão, nada é por acaso. Tudo se encaminha para a consumação feliz da Criação redimida.

Em meio à confusão da vida presente, os dramas e contradições, devemos ter confiança em Deus. Ele governa tudo com sabedoria. A sabedoria de Deus se manifestou em Jesus Cristo pelo qual tudo foi criado. Jesus, o Filho de Deus, é a Sabedoria de Deus, Ele é a imagem do Deus vivo.

Deus tudo dispôs e preparou para a vinda de seu filho ao mundo. Jesus veio para nos resgatar do pecado e nos tornar livres como ouvimos na segunda leitura. Nele temos a filiação divina.

Deus envia seu Filho nascido de mulher, esta mulher é Maria. Jesus chama Maria, sua mãe, de “mulher” no Evangelho de S. João em duas ocasiões especiais: no início de sua missão, nas bodas de Caná, e no final de sua missão terrena, na cruz.

Este fato, ao contrário de mostrar distanciamento de Jesus em relação a sua mãe, é um modo de valorizar a missão de Maria. Ao dizer mulher, dirigindo-se a Maria, Jesus quer demonstrar que ela é a nova Eva (a primeira mulher) da nova criação que Deus está realizando através da obra da redenção realizada por Ele. Jesus de fato é o novo Adão desta nova criação.

Jesus, o filho de Maria, é nosso libertador, e através dele temos a filiação divina. Por isso podemos dizer que Maria sendo mãe de Cristo é mãe também dos que nele crendo se tornaram filhos e filhas de Deus.

No Evangelho ouvimos o relato de Maria visitando Isabel. Maria é a primeira na ordem da fé e do seguimento de Jesus. Ela foi quem por primeiro acreditou em Jesus, mesmo porque, na anunciação do anjo, ela foi a primeira a saber de sua vinda ao mundo.

Feliz aquela que acreditou, diz Isabel. Maria acreditou na Sabedoria de Deus encarnada: Jesus Cristo! Maria se torna a porta do céu, ou seja através dela passa o redentor que vem nos salvar e dar a salvação.

Maria é também a primeira a receber o Espírito Santo que veio sobre ela. Assim ela concebeu por obra do Espírito Santo. O mesmo Espírito Santo foi o que moveu Isabel a saudar Maria, chamando-a de feliz, bem-aventurada, santa. Isabel, podemos dizer, é a primeira devota de Maria, a quem ela chama de mãe de meu Senhor.

Estas duas mulheres se encontram na fé. A nossa vida muda quando a vivemos na fé: tudo adquire um novo sentido! São duas mães de fé que se encontram. Feliz o povo que tem mães cheias de fé, que não desanimam diante das dificuldades.

Maria aparece como aquela que acredita, aquela que fez experiência de Deus. Ela soube ouvir Deus, guardou sua Palavra no coração e a praticou. Acompanhado do testemunho de vida, evangelizar, levar Jesus ao mundo, é o mais importante. A mãe de Jesus é evangelizadora. Ela leva Jesus, a salvação que acolheu em sua vida. Essa é sua missão e serviço.

Seguindo o exemplo de Maria temos a tarefa de evangelizar, de sermos discípulos missionários: ir ao encontro, ser Igreja em saída, com o sonho missionário de chegar a todos, como preconiza nosso Sínodo Diocesano.

Maria comunica alegria e paz. Esta é a mensagem central do Reinado de Deus. Os anjos anunciam Alegria quando Jesus nasce em Belém e paz às pessoas de boa vontade. O arcanjo Gabriel saúda Maria convidando-a à alegria ao anunciar a encarnação de Jesus. Maria canta o Magnificat, hino de alegria por tudo que Deus realiza em sua vida. De fato, ninguém é tão feliz como o cristão autêntico.

Maria anuncia a alegria do Evangelho: estar presente a Deus, estar presente aos irmãos, em especial aos que mais necessitam de nós, os que mais sofrem.

Estamos comemorando trezentos anos do aparecimento da imagem de Nossa Senhora Aparecida no Rio Paraíba, e os 100 anos das aparições de Nossa Senhora de Fátima. Nestes dois eventos somos convidados à oração e à conversão.

Nossa Senhora Aparecida, de mãos postas e o sorriso nos lábios, anima-nos a confiar em Deus apesar das dificuldades. Nossa Senhora de Fátima convida-nos para rezar o rosário e viver uma vida de conversão. Maria vem em nosso socorro, porque nos ama, e manifesta com seu amor, o grande amor de Deus por nós.

Aqui hoje, ao celebrarmos esta concentração estadual do Terço dos Homens, nós bendizemos a Deus, porque o apelo de Maria encontra acolhida também entre os homens. Isto nos anima a redobrar nossa fé na força e poder de Deus que age na história. O terço coloca-nos na perspectiva da história da salvação, do anúncio do Reino de Deus que é justiça e paz.

Quero encerrar com as palavras do Papa Francisco pronunciadas em Aparecida quando ali esteve: “Frente ao desânimo que poderia aparecer na vida de quem trabalha na evangelização ou de quem se esforça por viver a fé como pai e mãe de família, quero dizer com força: tenham sempre no coração uma certeza. Deus caminha ao nosso lado. Nunca percamos a esperança. O ‘dragão’, o mal, se faz presente em nossa história mas ele não é o mais forte. Deus é mais forte. Deus é nossa esperança.”

Amém.

 

 

 

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