Diocese de Santo André

Palestra e celebração resgata legado dos beneditinos no tricentenário da primeira capela de São Caetano 

Iniciativa da Fundação Pró-Memória, da Prefeitura de São Caetano do Sul, com apoio da Diocese de Santo André, relembrou os 300 anos da construção da paróquia, em ato realizado na noite de domingo (10/12), na igreja localizada na Praça Comendador Ermelino Matarazzo, no Bairro Fundação

Como recordação desse momento histórico da atuação dos monges beneditinos na região do ABC desde o século XVII, desde a chegada ao sítio Tijucuçu e posteriormente denominada Fazenda São Caetano, pertencente à Ordem do Mosteiro de São Bento durante 246 anos, local onde seria erguida a primeira capela da cidade – hoje, conhecida como Matriz Velha – , o Abade do Mosteiro São Bento, Dom Mathias Tolentino Braga, foi convidado para presidir a missa, acompanhado de integrantes do Coral do Canto Gregoriano da Ordem Beneditina, do bispo da Diocese de Santo André, Dom Pedro Carlos Cipollini, do pároco anfitrião Gilberto Dias Nunes e padres de outras paróquias da cidade que também participaram da celebração.

Legado dos monges 

Saudando aos presentes durante a homilia, Dom Mathias fez um breve resumo da presença da comunidade monástica na evangelização por mais de três séculos no estado de São Paulo.

“Para os monges beneditinos, o resgate dessa história é fundamental. Ano que vem vamos celebrar 420 anos (do Mosteiro de São Bento) ali, naquele monte que Tibiriçá (líder indígena tupiniquim dos primórdios da colonização portuguesa do Brasil) doou aos monges, no Centro de São Paulo, e dali irradiamos para algumas cidades do entorno. Em 2010, celebramos 350 anos em Sorocaba, o ano que vem estaremos celebrando 350 em Jundiaí e por mais de 300 anos permanecemos em Santana do Parnaíba e na cidade de Santos. Há mais de 300 anos envolvidos em trabalhos na região de Mogi das Cruzes e municípios vizinhos. Mas de modo especial, em São Caetano e nas cidades vizinhas, foi um momento rico da congregação beneditina no estado de São Paulo”, revelou.

Trabalho e evangelização 

Ao final da missa, Dom Pedro solicitou a palavra para relembrar a importância dos monges beneditinos nas “sementes” da Igreja na região do ABC e clamou que o legado permaneça para as futuras gerações.

“A memória, as vozes, a presença do abade traz uma lembrança magnífica no sentido de reviver, de não deixar cair no esquecimento essas raízes. Nós recordamos (na palestra do professor José de Souza Martins) a arquitetura, a arte, o trabalho, a oração, a cultura. Na plantação, a produção de alimentos, a indústria possível da época, a manufatura que aqui existia. Tudo isso quem estava por trás? A Igreja Católica, através dos monges, que foram aqui nessa região, em São Bernardo e São Caetano, promotores não somente da fé, mas da cultura e do trabalho, com o lema deles “ora et labora”, ou seja, rezar e trabalhar. Uma oração que dignifica o homem porque o coloca diante do seu criador. O homem sábio tira do seu tesouro coisas novas e antigas”, reflete o bispo diocesano.

Relíquia da construção 

A palestra do escritor e sociólogo José de Souza Martins (professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP – Universidade de São Paulo) abrilhantou a abertura do ato, em que fez uma viagem no tempo para descrever os primórdios da construção da capela, em 1717, e a chegada dos religiosos à região, no século anterior.

Pesquisador sobre o tema, Martins encontrou anos atrás, nos arquivos do Mosteiro de São Martinho de Tibães, na cidade de Braga (Portugal), uma relíquia que relembra com detalhes a elaboração da arquitetura da igreja. Ele leu o manuscrito relatado por um abade, datado de 27 de março de 1772, em que os fiéis mergulharam no imaginário descrito pelo documento para entender as inspirações da construção à época.

“É de extrema importância a preservação da memória e relembrarmos neste encontro um pouco da história da igreja, da cidade e resgatar a presença beneditina que se fez presente em São Caetano por mais de dois séculos”, ressalta Martins.

Relatos do próprio estudioso sobre os 300 anos da capela destacam, na Revista Raízes (Fundação Pró-Memória) – edição de agosto de 2017, que “a mesma capela situada ao lado das senzalas da antiga fazenda beneditina, foi frequentada pelos escravos até setembro de 1871 e pelos monges e seus hóspedes até o início de 1877. Foi-o pelos colonos italianos, a partir da tarde de 28 de julho de 1877, ainda durante 23 anos. Até que a capela, quase bicentenária, fosse demolida, em 1900, e substituída pela igreja que hoje conhecemos”.

Representatividade 

A organização do evento montou uma tenda com cadeiras e telão no lado externo da paróquia, a fim de acomodar os fiéis que não conseguissem lugar dentro da igreja.

O prefeito de São Caetano do Sul, José Auricchio Júnior, a primeira-dama Denise Auricchio, o presidente da Câmara Municipal, Pio Mielo, vereadores, secretários de governo, representantes de entidades da sociedade civil e inúmeros fiéis que frequentam a paróquia há décadas também prestigiaram o ato.

“Nós temos em nossa memória recente o período mais fértil de nossa história, que é o período da autonomia administrativa (de São Caetano do Sul) no século passado. Mas não podemos esquecer de uma história que se entrelaça há mais de 300 anos (com a primeira capela da cidade) e como disse Dom Pedro: uma árvore forte que cresceu em São Caetano do Sul. Um ato como esse nos deixa a certeza que temos uma história muito mais longa do que a gente costuma comemorar com os anos de fundação e as datas do movimento autonomista de São Caetano do Sul”, comenta o chefe do Executivo sulsancaetanense.

Reportagem: Fábio Sales 

Fotos: Elaine Venciguerra 

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