A Diocese de Santo André, no dia 04 de agosto, ordenará seus cinco novos padres. E para que possamos conhecer um pouco mais sobre eles, desenvolvemos essa série de entrevistas, que serão divulgadas toda quarta-feira.
Qual o seu nome?
Sou Vinícius Ferreira Afonso, diácono transitório em preparação para a ordenação presbiteral em nossa Diocese de Santo André.
Qual a sua filiação?
Meus pais são Ulbino Afonso e Jozina Ferreira Afonso, migrantes respectivamente do interior paulista e paranaense, que encontraram no Grande ABC um lugar de oportunidades para constituir uma família e viverem felizes.
Qual a cidade onde nasceu?
Nasci no Arraial Santo Antônio, em Santo André, aos 11 de junho de 1986.
Como era a sua relação com a Igreja na infância?
Minha família sempre cultivou a fé de maneira bastante viva, recebendo esta herança de meus avós e bisavós, para os quais a vivência eclesial sempre foi determinante. Por isso, desde o ventre materno, para mim sempre foi muito normal rezar, ir à Igreja e falar das coisas de Deus. Além disso, tive a graça de, em todos os lugares por onde passei, encontrar cristãos convictos (vizinhos, amigos, professores…) cujo exemplo de vida sempre me inspirou.
Cresci em meio a grupos de rua, vicentinos e músicos, o que me fez desejar ansiosamente o início da Catequese, tempo privilegiado de inserção na comunidade e iniciação na fé. Mais tarde, descobri a riqueza das espiritualidades do Coração de Jesus e Nossa Senhora, mediante o Apostolado da Oração e a Legião de Maria, cujos traços carrego até hoje em minha caminhada de seguimento a Cristo.
Quando sentiu o chamado vocacional?
Difícil precisar quando floresceu o desejo de seguir Jesus mais de perto, pois desde muito cedo sempre apresentei sinais claros de vocação, como o gosto pela oração, participação frequente na Liturgia e admiração pelo ministério sacerdotal (uma de minhas brincadeiras favoritas, ao contrário da maioria das crianças, era a de missa). Com o tempo, foi crescendo a atração pela vida profissional, o que me motivou inclusive a cursar uma faculdade – Tradutor e Intérprete – para desenvolver esta carreira como qualquer cristão comum.
No meio da graduação, contudo, surgiu uma séria inquietude: relendo minha vida, percebi que Deus e a Igreja ocupavam um lugar muito importante em meu cotidiano e me traziam uma grande realização, razão pela qual comecei a pensar seriamente se eu não estaria chamado a uma vocação específica.
Após dois anos de discernimento pessoal, ajudado por sacerdotes e consagrados, cheguei à conclusão de que o sentido para a vida estava em fazer dela um dom, assim como o Senhor fez da sua uma dádiva para toda a humanidade. Foi então que, tendo cogitado brevemente a vida religiosa, optei pelo discernimento vocacional na Diocese de Santo André, onde nasci e passei toda a vida e com a qual desejava comprometer-me de maneira definitiva.
Como foi contar para a família?
Mesmo uma família muito participante na Igreja fica hesitante quando um de seus membros escolhe o caminho da consagração, por se ter a impressão de perder alguém que ama. No entanto, passados os primeiros momentos de incerteza, meus familiares compreenderam e acolheram muito bem esta opção de vida, porque concluíram que um operário da Vinha divina, ao contrário de uma perda, é um enorme ganho, porque ama sua família com um amor sobrenatural e passa a compartilhar o amor de diversas outras famílias. Tenho em meus familiares grandes apoiadores desta longa caminhada, a quem devo muito durante os oito anos de formação.
Como foi contar para os amigos?
A maioria foi acompanhando minha participação na Pastoral Vocacional e, de certo modo, já intuía que cedo ou tarde eu tomaria esse tipo de decisão o que, portanto, não lhes representou grande novidade. A reação mais surpreendente foi a dos funcionários de minha seção de trabalho, muitos dos quais sequer têm vínculos com a Igreja, mas que acabaram descobrindo uma opção de vida que jamais haviam cogitado para si e passaram a admirar ao conhecer.
Qual a sua paróquia de origem?
Fui enviado ao Seminário pela Paróquia Nossa Senhora do Carmo, da qual faço parte há dezessete anos, desde o ensino médio, cursado junto às religiosas salesianas, cujo instituto fica bem perto da igreja, facilitando à época a participação frequente.
Qual foi o sacerdote que mais o incentivou?
Inicialmente, um grande amigo e confessor que percebeu os sinais de vocação e prontamente se pôs a disposição para um discernimento inicial foi o Pe. Flávio Gomes de Alcântara, à época vigário em nossa paróquia. Posteriormente, Pe. Hildebrando Rodrigues de Oliveira, que o sucedeu no ofício, também se deu conta dos indícios vocacionais e deu continuidade ao meu acompanhamento espiritual e sacramental.
Devo ainda fazer referência ao Pe. Lourenço Gauci, presbítero maltês fidei donum, que passou vários anos na Diocese e com quem convivi intensamente na infância, cuja personalidade dedicada, simples e próxima marcou igualmente minha visão sobre a figura do sacerdote. Sou grato aos três pela solicitude de pastor e pelo exemplo de vida doada, bem como a todos os presbíteros com os quais tive contato e de alguma maneira me auxiliaram no itinerário vocacional.
Teve dúvidas durante a caminhada? Se teve, como trabalhou este momento?
Fiz um processo de discernimento bem aplicado, tanto em nível pessoal (meditação, leitura, direção espiritual) quanto comunitário (encontros da Pastoral Vocacional, momentos de diálogo, convivência com outros vocacionados), o que me deu bastante clareza sobre a importante decisão que estava por tomar. Por esse motivo, desde o primeiro passo, nunca cogitei outro tipo de vocação; cada dia ia amadurecendo mais aquela resolução inicial. Os anos de seminário foram para mim a encantadora descoberta de algo que, quando mais se revelava, mais me causava o desejo de contemplar.
De forma semelhante, as dificuldades ao longo do caminho foram poucas, mas as que houve foram superadas através da oração e do desapego, exercícios frequentes da rotina de quem trilha um caminho de consagração.
Quando e como foi entrar na vida do seminário?
O início do processo de formação foi a descoberta de que Deus age, sobretudo, por vias ordinárias. De fato, a rotina em um seminário é composta, em grande parte, por atividades bastante corriqueiras: estudo, espiritualidade, convivência, tarefas domésticas e pastorais. Apenas uma pequena parte é realmente inovadora, como a condução de celebrações ou de encontros pastorais. Portanto, o grande desafio é enxergar em cada pequena coisa uma ocasião para servir a Deus da melhor forma possível.
Quais foram as paróquias que serviu até agora?
Durante os anos de preparação para o ministério ordenado, a partir de 2011, realizei estágio pastoral, respectivamente, nas Paróquias Santa Luzia e São Carlos Borromeu; Imaculada Conceição (Mauá); São Pedro (Taboão); Sagrada Família (São Bernardo do Campo); Jesus de Nazaré e Nossa Senhora de Guadalupe (Santo André). Após a ordenação diaconal, fui enviado inicialmente como assistente pastoral para a Paróquia Santíssima Virgem e, após quatro meses, para a Paróquia Jesus Bom Pastor (Santo André).
Importante destacar que essa peregrinação me mostrou um rosto completamente variado de nossa Diocese, na qual cada comunidade tem uma identidade e missão diferentes. A experiência pastoral em tantos locais diferentes dá-nos capacidade para aplicar em cada realidade uma metodologia pastoral diferente, preservando a unidade essencial que nossa profissão de fé exige.
Qual o santo de sua devoção?
Desde a adolescência, nutro forte devoção por Santo Antônio, em virtude de sua piedade, devoção mariana e amor aos pobres; nos últimos anos de seminário, descobri na figura de São Josemaria Escrivá um eloquente chamado à santidade por meio do trabalho, nas atividades cotidianas, nas quais Deus nos convida constantemente a darmos nosso melhor para o bem de todo o mundo.
Termine fazendo um convite para que participem da missa de ordenação
Tendo apresentado este breve relato vocacional, quero apontar para um gesto prático: a cerimônia de ordenação presbiteral é de uma riqueza simbólica sem par; além disso, é um dos pontos altos da vida de uma Diocese, bem no momento em que ela ganha novos servidores para seu trabalho evangelizador. Todo diocesano consciente participa deste momento de júbilo para toda a sua Igreja particular.
Assim, caro leitor, convido você a tomar parte nesta bonita história e comparecer no dia 4 de agosto às 9h na Paróquia Santo Antônio, na Vila Alpina, em Santo André, onde nossa Diocese, em todas as suas expressões, estará reunida em torno de seu pastor, para vivenciar este momento de graça em que os diáconos Cláudio, José Aparecido, Marcos Vinicius, Rudnei e eu seremos configurados a Cristo, sumo e eterno Sacerdote, para sermos sinal de sua presença nesta porção do Povo de Deus no Grande ABC. Sua presença é importante para nossa caminhada de fé e, por isso, esperamos você lá!