Diocese de Santo André

Laicato: alimentar-se da Palavra

Inspirados pelo Espírito Divino escreveram os sagrados autores aqueles livros que Deus, no seu paterno amor para com o gênero humano, se dignou dar-nos […] (Papa Pio XII – Carta Encíclica Divino AfflanteSpiritu, n. 1)

A ação do leigo na Igreja e no mundo se dá fundamentada na Palavra de Deus. A Sagrada Escritura revela todo projeto de amor de Deus para com a humanidade, sendo esse amor pleno por meio da Palavra que se fez carne e habitou entre nós, Jesus Cristo. Explicita-se, então, uma relação entre Deus e a humanidade. Essa relação de Deus com o humano, segundo ensina a Mãe Igreja (cf. 1Tm 3,15), se faz plena em Jesus Cristo enviado por Deus Pai como expressão máxima da revelação, da auto-comunicação histórica de Deus. Na liberdade, cabe ao humano acolher a auto-doação de Deus.

Essa acolhida se dá pela “auditusfidei” (ouvir a fé), isto é, pela escuta e depois proclamação. A fé é uma correlação do Deus que se doa e o homem que o recebe. Muitos teólogos vão buscar falar sobre essa relação, nesse ponto se destaca Hans Urs von Balthasar quando traz o conceito de “via amoris” (caminho do amor), sendo o reconhecimento do amor como base e fundamento da existência. Assim a existência se faz gratuidade. Deus ao se encarnar na história pela “via amoris” se faz amor doante que tudo dá e nada perde. Jesus é a Revelação de todo amor.

Por esse amor, a Igreja se congregou e encorajada pelo Espírito Santo se fez comunidade ouvinte e pregadora da Palavra de Deus. Não se vive a fé cristã desprezando a Palavra, por isso é de suma importância que leigos e leigas assumam com seriedade o estudo, a reflexão e a leitura orante como práticas de fé e testemunho missionário. A pregação não pode ser esvaziada e desencarnada. Em vista disso, o Sagrado Concílio Vaticano II (1962-1965) vai apresentar a Constituição Dogmática Dei Verbum(Palavra de Deus).

Nota-se na Dei Verbum a forte presença de dois verbos: ouvir e proclamar. Através do ouvir e proclamar a Palavra de Deus, os bispos se colocam em sintonia com São João (1Jo 1, 2-3), numa atitude de continuidade aos Concílios de Trento (1545-1563) e Vaticano I (1869-1870),fazendo da Palavra de Deus elemento imprescindível para a teologia católica. A Constituição Dogmática apresenta forte colorido bíblico quando mostra o plano da economia da revelação. Essa economia se manifesta na história da Salvação que conhece a plena revelação em Jesus Cristo, verbo encarnado. É Ele, diz a Dei Verbum, o mediador e a plenitude de toda a revelação.

“Esta «economia» da revelação realiza-se por meio de ações e palavras intimamente relacionadas entre si, de tal maneira que as obras, realizadas por Deus na história da salvação, manifestam e confirmam a doutrina e as realidades significadas pelas palavras; e as palavras, por sua vez, declaram as obras e esclarecem o mistério nelas contido. Porém, a verdade profunda tanto a respeito de Deus como a respeito da salvação dos homens, manifesta-se-nos, por esta revelação, em Cristo, que é, simultaneamente, o mediador e a plenitude de toda a revelação” (DV, 2).

Após ter falado pelos profetas chega a plena realização, pois agora Jesus é a Palavra revelada de Deus. O Pai envia para a humanidade a Luz. É enviado como homem aos homens. Jesus com sua vida, morte, ressurreição, ascensão e pela vinda do Espírito sela a Revelação de Deus. Eis a nova Aliança.

Na dinâmica da Economia da Revelação, a Constituição Dogmática nos apresenta o momento definitivo da Revelação, pois agora Deus é homem. A palavra revelada agora se torna a carne revelada, o rosto revelado de Deus. Quem vê Jesus vê o Pai. Para aprofundar essa fé é de suma importância a leitura da Bíblia individualmente, mas, sobretudo, em comunidade – lugar da Revelação.

A fé é sumamente importante para a aceitação da Revelação. Nesse sentido, a fé é sinônimo de entrega e obediência a Deus, para tornar mais profunda a compreensão da Revelação com o auxílio do Espírito Santo.

Cabe seguir o exemplo e a admoestação de São Jerônimo: “Ama a sagrada Escritura”. Para o santo a “ignorância das Escrituras é a ignorância de Cristo”. Por isso toda a ação do cristão leigo deve ser fundamentada na Palavra de Deus, segundo os ensinamentos da Igreja.

Jerry Adriano Villanova Chacon

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