O Óbolo de São Pedro é um gesto de fraternidade e de solidariedade responsável com o qual os fiéis católicos participam das ações de caridade do Papa pelos mais necessitados e pelas comunidades cristãs em dificuldade.
Óbolo era uma pequena moeda de valor insignificante, usada na antiguidade grega. Uma doação de pouco valor econômico partilhada com os pobres; uma esmola. Na Igreja, a pequena ajuda que os fiéis católicos oferecem é sinal de adesão à solicitude do Papa em relação às carências de tantas comunidades cristãs presentes em áreas menos assistidas e de tantas obras de caridade em favor dos necessitados vítimas da pobreza, da violência, da escassez de saúde e de educação e das tensões políticas e econômicas. Este gesto solidário tem raízes nas primeiras comunidades cristãs e continua sendo realizado, porque a caridade é o distintivo dos discípulos de Jesus: se vocês tiverem amor uns aos outros, todos reconhecerão que vocês são meus discípulos (Jo 13, 35). O mandamento novo de Jesus gera comunidades que oferecem opções de vida digna e liberdade perante morte e a opressão.
Neste precioso dom, o fiel católico estende o seu olhar solidário iluminado pela fé e abre o seu coração para a Igreja, que está espalhada no mundo inteiro e é companheira de estrada das famílias e dos povos em busca do desenvolvimento humano, espiritual, material em benefício de toda a sociedade. O Papa Francisco diz que diante do grito da fome de tantos irmãos e irmãs em cada parte do mundo, o cristão não pode ficar imóvel e ser um espectador tranquilo. O anúncio de Jesus, pão da vida eterna, requer um generoso empenho de solidariedade pelos pobres, débeis, últimos e indefesos (Ângelus, 29 julho de 2018). Na Audiência aos Membros do Círculo São Pedro, em 12 de maio de 2018, o Papa lembrou que as doações dos cristãos para o Óbolo de São Pedro sustentam as atividades e as iniciativas de solidariedade da Santa Sé em favor dos mais necessitados e a Igreja toda pode continuar buscando, visitando, encontrando, escutando, compartilhando e ao lado dos pobres. Quando nos deixamos envolver nesta solidariedade e fidelidade com Jesus, somos capazes de cumprir boas obras que perfumam de Evangelho as realidades deste mundo.
O cristão deve ser o rosto solidário de uma Igreja que sai e caminha ao encontro dos irmãos e irmãs famintos e sedentos de escuta, de partilha e proximidade; uma Igreja que não se envergonha da carne ferida dos pobres e dos sofredores; uma Igreja que descobre o rosto de Cristo em cada necessitado; uma Igreja que não cansa nunca de dar testemunho da caridade e da bondade e da misericórdia de Deus; uma Igreja que é instrumento da consolação para tantas pessoas frágeis e desesperadas. O bem comum e a justiça social só serão possíveis quando a fraternidade, a solidariedade responsável e a partilha se tornarem hábito.
A pobreza está ceifando a vida de milhares de crianças, jovens, idosos e doentes, especialmente nos lugares mais pobres do mundo; quantas pessoas amedrontadas diante das enfermidades, prisioneiras de doenças, obrigadas a aceitar a silenciosa esperança da morte quando pequenos cuidados médicos bastariam para prolongar suas vidas e torna-las mais saudáveis. Nos vários lugares do mundo mergulhados em situações econômicas e políticas tensas e violentas, a Igreja é a única esperança, um pouco de proteção e de segurança existencial para milhares de pessoas desamparadas. As críticas maliciosas e destrutivas por pessoas ou grupos de dentro da própria Igreja são irritantes e assolam o ponto de referência luminoso da fé de muitas pessoas. A Igreja, sacramento digno de fé no mundo e para o mundo (LG 1), aponta para a luz que nos redime a todos. A fé transformadora e viva faz brotar o zelo, a prontidão da partilha e a solidariedade de empenhar-se pelos interesses dos mais pobres. A comunhão universal dos fieis deve levar a uma solidariedade responsável. O cristão não pode fugir desta responsabilidade e nem ficar cego diante do sofrimento e da pobreza de irmãos e irmãs de fé, pois as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens, sobretudo dos mais pobres e aflitos são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Jesus (GS 1).
O Óbolo de São Pedro é um gesto pequeno e simples para quem partilha, mas um respiro de vida e um olhar solidário para quem recebe. O gesto torna visível a comunhão universal dos fiéis e a solidariedade responsável da Igreja pelos mais necessitados. A coleta do Óbolo de São Pedro acontece, tradicionalmente no mês de junho de cada ano, na celebração litúrgica da Solenidade dos santos apóstolos Pedro e Paulo.
Artigo desenvolvido por Pe. Clemilson Pereira Teodoro