Neste ano de 2020, a Quaresma tem início na Quarta-Feira de Cinzas, dia 26 de fevereiro, e vigora até a Quinta-Feira Santa, no dia 9 de abril. Um tempo de preparação para a Páscoa do Senhor. A palavra Quaresma vem do latim “quadragésima”, em referência ao quadragésimo dia antes da celebração da Páscoa, na Semana Santa. É uma referência também às diversas passagens bíblicas, como os quarenta dias das tentações sofridas por Jesus no deserto, o dilúvio e a permanência de Moisés no Monte Sinai.
É considerado o tempo litúrgico mais propício para reflexão, meditação, penitência, conversão e a prática da caridade. Um período de quarenta dias em que abdicamos de certos prazeres da vida. Mas será que deixar de fazer algo que gosta, exercitar a solidariedade e frequentar a igreja resume o sentido da Quaresma?
Ou é possível ir além, abrir o coração para as vocações e acolher o chamado de Deus, que muitas vezes dialoga conosco no silêncio.
Numa iniciativa pioneira, a Diocese de Santo André promove o Ano Vocacional Diocesano cujo objetivo é incentivar o surgimento de vocacionados para o sacerdócio, mas também para os leigos e leigas que contribuem para o fortalecimento da ação pastoral em nossa sociedade.
Missão e vocação
Coordenador da Comissão Diocesana dos Ministérios Extraordinários, Pe. Gonise Portugal, reforça que esse tempo litúrgico incentiva o processo de conversão, do encontro com Cristo e consigo, mesmo.
“Diante do Ano Vocacional Diocesano, nesta Quaresma somos convidados ao encontrar o Senhor, superarmos com Ele o deserto árido, as seduções que o mundo nos oferece, como veremos a cada domingo da Quaresma, descer a montanha com Ele, a transfiguração de Jesus, no poço na figura da samaritana, abrindo os olhos para compreendermos qual a nossa missão e vocação neste mundo”, reflete.
Pe. Gonise diz que o tempo litúrgico é uma grande oportunidade para os jovens observarem atentamente aos sinais de Deus para a vocação, seja aos ministérios ordenados, seja nos diversos ministérios de leigos na igreja.
“É hora também de assumirmos o sim. Portanto, que nessa Quaresma o suave sopro do Espírito Santo aconchegue toda a sua família, na Igreja casa de portas abertas, famílias das famílias que se encontram e são alimentadas com as ternuras maternais de Nossa Senhora, que aos pés da cruz do seu Filho Redentor, na escuridão da noite, já sente pulsar o amanhecer da vitória do Cristo Ressuscitado”, destaca.
Chamado à santidade
Em sintonia com a Exortação Apostólica ‘Gaudete et Exsultate’ do Papa Francisco (2018), que indica sobre os desafios do chamado à santidade no mundo atual, o coordenador diocesano da Infância e Adolescência Missionária e integrante da Comissão Teológica, Glauber Machado, avalia que durante a Quarema o jejum, a penitência e as orações são bem-vindas na preparação à vigília pascal. Porém, ele reforça que a estreita relação entre a Quaresma e o Batismo nos faz recordar que pelo mergulho batismal recebemos um importante chamado: sermos santos.
“Esse chamado à santidade não deve ser posto como algo simples. É um chamado que Deus faz a todos nós. Um chamado único, individual, que só cada um de nós pode viver do seu jeito e da sua maneira. Não tem nenhum santo igual ao outro. Deus prepara o caminho de santidade que só pode ser feito pela própria pessoa”, explica.
Diálogo com Deus
Integrante da Comissão Teológica e da Campanha da Fraternidade, Jerry Adriano Villanova Chacon, cita que a Quaresma é um momento de se aproximar de Deus, do diálogo e da escuta da palavra, do encontro ao próximo, de vivencia da oração e da esmola.
“Deus não esquece do seu povo, desde lá do livro do Êxodo 3:7, Ele escuta o clamor do povo. Em Jesus Cristo, esse Deus se revela plenamente sendo aquele que também vê, sente compaixão, cuida, acolhe e abraça”, enfatiza.
Segundo Jerry, “Esse Deus nos chama à vocação, a fim de que possamos viver intensamente a prática da oração pelas vocações, a vocação ao ministério ordenado, ao matrimônio, na vida religiosa, e a todas as vocações que são necessárias para a construção do Reino de Deus”, finaliza.
