A Liturgia está no coração da vida cristã, pois atualiza na História o mistério da salvação e antecipa no tempo o que se viverá na eternidade. Está, portanto, intimamente relacionada com a dimensão vocacional, uma vez que o chamado divino é ao mesmo
tempo embrião e concretização do seguimento a Cristo, cuja meta também é a redenção do gênero humano.
Tanto o Batismo – a vocação primária na vida de fé – como o Matrimônio e a Ordem – modos palpáveis de desenvolver o chamado universal à santidade – ocorrem no âmbito da Liturgia; também a vida consagrada – radical testemunho no mundo dos valores evangélicos – é abraçada mediante um rito litúrgico específico, aprovado pela autoridade eclesiástica.
A vocação, contudo, não se liga à Liturgia apenas em virtude de sua gênese no âmbito celebrativo; qualquer chamado só se sustenta à luz do Mistério Pascal, do qual se alimenta e ao qual por natureza tende. Carece de fundamento, portanto, qualquer vocação que prescinda da comunhão eclesial expressa de modo visível e efetivo pela Liturgia da Igreja.
O fiel em discernimento do chamado a uma das modalidades de vocação encontra na Liturgia um valioso auxílio para perceber os sinais de Deus em sua vida, especialmente na participação frequente da Eucaristia e da Reconciliação, cuja graça sobrenatural lhe abre o coração para responder com generosidade ao apelo divino.
Muitas vezes, é no contexto litúrgico que se desperta a sensibilidade para o seguimento mais consciente de Jesus num âmbito específico: pelo encanto diante de uma liturgia bem celebrada; ou pela conscientização da escassez de ministros ordenados numa celebração animada por cristãos leigos; ou ainda, na descoberta da escolha divina revelada após a experiência do pecado redimido de forma sacramental…
Celebrar com piedade e amor a Sagrada Liturgia é uma excelente via de promoção vocacional, uma vez que a Beleza (não apenas no quesito estético, mas sobretudo espiritual) atrai e confere sentido à vida.
Neste Ano Vocacional Diocesano, em meio à desintegração e vazio próprios de nosso contexto urbano, as celebrações de nossas
comunidades permaneçam pequenos oásis de escuta e perseverança na Vontade Divina!
* Artigo por Pe. Vinícius Ferreira Afonso
(Paróquia Jesus Bom Pastor / SA Centro)