Instituído pelo Papa São João Paulo II no dia 11 de fevereiro de 1992, o Dia Mundial do Enfermo alcança a 29ª edição nesta quinta-feira. Na mensagem divulgada anualmente sobre o tema, Papa Francisco destaca que o tema desta data é inspirado no trecho evangélico em que Jesus critica a hipocrisia de quantos dizem, mas não fazem (cf. Mt 23, 1-12).
“Quando a fé fica reduzida a exercícios verbais estéreis, sem se envolver na história e nas necessidades do outro, então falha a coerência entre o credo professado e a vida real. O risco é grave; Jesus, para acautelar do perigo de derrapagem na idolatria de si mesmo, usa expressões fortes e afirma: “Um só é o vosso Mestre e vós sois todos irmãos” (23, 8).
Mesmo diante de uma pandemia, o egoísmo, o individualismo, a ganância e o poder presentes na sociedade são marcas que se acentuam em detrimento da ajuda e do cuidado ao próximo, por inúmeras vezes afetados pelas crises sanitárias e econômicas que levam ao principio de uma doença, do corpo e da alma, muitas delas incuráveis. “A doença tem sempre um rosto, e até mais do que um: o rosto de todas as pessoas doentes, mesmo daquelas que se sentem ignoradas, excluídas, vítimas de injustiças sociais que lhes negam direitos essenciais”, (cf. Enc. Fratelli Tutti, 22).
E neste sentido, a conversão e a espiritualidade são caminhos indicados para mudar essa realidade. A fé, sempre acompanhada de ação, se torna um poderoso remédio para curar enfermidades e trazer de volta a vontade de viver. Dos mais populares entre aqueles que imploram por graças num leito de hospital e pela recuperação da saúde, estão padroeiros dos doentes e patronas dos enfermos, cujas devoções ultrapassam séculos e passam de gerações para gerações.
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Pela conversão dos pecadores
Um dos títulos mais conhecidos da Mãe de Deus, Nossa Senhora de Lourdes é celebrada no dia 11 de fevereiro, mesma data em que se recorda o Dia Mundial do Enfermo.
Na conhecida aparição a jovem Santa Bernadete (Santa Marie-Bernard Soubirous) até então com 14 anos, no ano de 1858, na França, a Virgem Maria faz um pedido especial para que rezássemos pela conversão dos pecadores com oração e penitência. Santa Bernadete, que também é considerada padroeira dos doentes, deixou um testemunho sobre esse momento sempre relembrado no Dia de Nossa Senhora de Lourdes: “Certo dia, fui com duas meninas às margens do Rio Gave buscar lenha. Ouvi um barulho, voltei-me para o prado, mas não vi movimento nas árvores. Levantei a cabeça e olhei para a gruta. Vi, então, uma senhora vestida de branco; tinha um vestido alvo com uma faixa azul celeste na cintura e uma rosa de ouro em cada pé, da cor do rosário que trazia com ela. Somente na terceira vez, a Senhora me falou e perguntou-me se eu queria voltar ali durante quinze dias. Durante quinze dias lá voltei e a Senhora apareceu-me todos os dias, com exceção de uma segunda e uma sexta-feira. Repetiu-me, vária vezes, que dissesse aos sacerdotes para construir, ali, uma capela. Ela mandava que fosse à fonte para lavar-me e que rezasse pela conversão dos pecadores. Muitas e muitas vezes perguntei-lhe quem era, mas ela apenas sorria com bondade. Finalmente, com braços e olhos erguidos para o céu, disse-me que era a Imaculada Conceição”.
No local foi construída uma fonte considerada milagrosa, onde muitas pessoas conquistariam graças através do uso da água, sendo que em 1862, o bispo de Tarbes, Monsenhor Bertrand-Sévère Laurence, autorizaria o culto a Nossa Senhora de Lourdes. Isso nos ensina que muitas vezes a doença está na alma das pessoas, que mergulham no pecado e não enxergam soluções para os problemas, sejam físicos ou espirituais. Por isso, o ensinamento dessa aparição de Nossa Senhora de Lourdes revela a necessidade da oração cotidiana pela conversão dos pecadores.
Na Diocese de Santo André, a Paróquia Nossa Senhora de Lourdes está localizada na Rua Carmem Miranda, 529, Jardim Sonia Maria – Mauá.
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A cura do corpo e da alma
Outro exemplo de santo que conta com muitos devotos curados de enfermidades é São Camilo de Léllis (1550-1614). Seguiu os passos de seu pai na carreira militar, mas não pôde continuar em razão de um tumor surgido num de seus pés. No hospital São Tiago em Roma, onde foi buscar a cura de sua ferida, começou a viver um pouco daquele que seria um de seus principais carismas: a compaixão pelos enfermos.
Entretanto, as armadilhas do pecado, nas quais se entregou ao vício do jogo, fez com que caísse na miséria. O psicológico afetaria profundamente Camilo de Léllis, que não conseguia encontrar a cura do espírito e do corpo. Até que em determinado momento, como uma luz divina, seria acolhido pelos franciscanos capuchinhos. Seria a porta que se abriria para trabalhar na obra de Deus e jamais se fecharia… A mudança de comportamento e o processo de conversão começaria aos 25 anos de idade, quando num Hospital de Roma seria tocado pela santidade de enxergar nos doentes, o rosto de Cristo em cada um deles. Então, Camilo de Léllis encontrou na vocação sacerdotal, a maneira de servir aos peregrinos de Roma, muitos deles pobres e doentes, que não tinham acesso ao atendimento digno na saúde, tendo a disposição de construir uma Irmandade que teve o apoio do Papa Sisto V para socorrer os mais necessitados e excluídos da sociedade. São Camilo de Léllis também se tornaria um modelo de vida para muitos profissionais da saúde. Ele é celebrado todo dia 14 de julho.
Na Diocese de Santo André, a paróquia dedicada ao santo está localizada na Praça São Camilo, 53 – Vila Camilópolis, Santo André.