Diocese de Santo André

Dia Mundial do Desenhista: a arte de evangelizar e transmitir esperança

Celebramos neste 15 de abril, o Dia Mundial do Desenhista, data criada em 2011 pela Associação Internacional de Arte, ligada à Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) como uma homenagem ao dia do nascimento de Leonardo da Vinci (1452-1519), um dos mais importantes artistas do período renascentista italiano.

E também para homenagear aqueles que fazem dessa nobre arte, um modo de evangelizar, a Diocese de Santo André convidou duas pessoas de gerações diferentes para produzirem desenhos com temáticas sobre o Tempo Pascal, Cristo Ressuscitado e a Esperança.

Em tempos de pandemia, o seminarista de Teologia, Willian Maia Gomes Leite, 23 anos, utilizou da criatividade e imaginação para apontar o fundamento absoluto da esperança que é, ao mesmo tempo, a base central da fé pascal cultivada de forma muito particular nesse tempo do Ano Litúrgico da Páscoa: Jesus Cristo, Ressuscitado e Salvador.

“Não hesitei em representar Nosso Senhor portando um jaleco médico e um estetoscópio, não só por significar, para o tempo específico em que vivemos, o popular título de “Médico dos médicos” que tantos atribuem a Jesus, mas também para representar o sentido profundo que a palavra saúde (do Latim, salus) pode ter”, ressalta Willian.

“De fato, a etimologia das palavras “saúde” e “salvação” é a mesma! Derivam do termo latino “salus”. Em Cristo, por isso, temos o fundamento da nossa esperança pelo fato de, somente Nele, podemos saciar nossa sede de salvação, de vida e de eternidade. Ele é o Salvador e Nele colocamos nossa esperança. Na mão do Senhor que se aproxima do globo terrestre está a marca do prego com o qual, suspenso na Cruz, alcançou a salvação do mundo”, explica.

As ilustrações e os desenhos são marcas registradas do ABC Litúrgico. Desde 2016, a autoria compete ao ilustrador Antônio de Pádua Luz, 65 anos, paroquiano da Igreja Matriz – Basílica Menor da Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, em São Bernardo.

“Uma das coisas que demora numa arte é pensar: o que vou desenhar? Seria ótimo se sempre a ideia viesse pronta. Aí o artista só representaria graficamente. Como pode alguém querer representar toda a grandeza da 

ressurreição do Senhor num único desenho? Pode ser que haja, mas o Espírito Santo mesmo poderia fazê-lo”, comenta Antônio, que trouxe vários ícones que simbolizam o amor, o serviço, o respeito e a paz numa única exposição.

“Quando estava rascunhando essa arte, queria deixar um quadro em branco ligando a  mão de Cristo para que alguém, quando visse o desenho, imaginasse algo de bom para colocar ali naquela área. Mas a maioria iria pensar: o que é isso? Será que o desenhista esqueceu de desenhar  aqui neste quadro em branco?”, revela.

E para falar sobre a vocação para o desenho, as inspirações e as técnicas, a dupla de artistas da evangelização concedeu entrevista à reportagem da Diocese de Santo André. Confira:

Desde quando e como surgiu essa vocação?

Willian: Gosto de desenhar desde sempre. Aliás, quando eu era menor, o uso do papel e do lápis era muito mais difundido entre as crianças do que o uso dos smartphones.

Antônio: Sempre gostei de desenhar. Desde criança sempre me vi desenhando.

Já desenhava na infância? Teve alguma influência na família ou em outro local?

Antônio: Sim, tive influência de um tio, o Lucas. Eu ficava na casa da minha avó, gostava muito dela. No terreno da casa dela tinha umas árvores grandes e uma sombra embaixo das árvores formava aquela areia bem fininha e o tio Lucas ficava lá desenhando. Eu admirava e com certeza me influenciou bastante na vontade de desenhar.

Willian: Sim, já desenhava quando era bem pequeno. Em casa sempre fui incentivado: me levavam a exposições de arte; cheguei a fazer curso de desenho por um tempo.

Já trabalhou profissionalmente com essa arte ou é apenas um hobby?*

Willian: O desenho para mim sempre foi uma atividade totalmente associada à ideia de hobby. Desenhava somente quando tinha vontade e porque gostava. Atualmente o faço com menos frequência, também por conta da falta de tempo.

Antônio: Sim. Já trabalhei profissionalmente com essa arte e trabalho até hoje.

Tem alguma técnica para iniciar e desenvolver a criatividade num desenho?

Antônio: Sim. Tem técnicas, a gente observa uma pessoa trabalhando, a gente trabalha junto, um ensina o outro, a gente vai aprimorando. Não é um dia que levantei cedo e já conheço todas as técnicas. Incrivelmente descobrimos sempre coisas novas. Muito bacana. Mas o mais importante é a gente aprender baseado na técnica, identificar a melhor maneira para ficar menos cansativo e aumentar a produtividade.

Willian: Penso que a melhor técnica para desenvolver a criatividade seja a de não ter receio de deixar o desenho fluir por si só e buscar, de nossa parte, que a inspiração não fique presa. Ter referências em outros desenhos pode ser muito importante, mas expressar o que se sente é o que garantirá a sua originalidade.

Quais materiais são utilizados por ti, na produção de um desenho?*

Willian: Depende da ocasião. De modo geral, uso de tudo um pouco: grafite, lápis de colorir, carvão, giz pastel e aquarela. Também já usei tela, pincel e tinta óleo. Tipos de papel variados.

Antônio: Os materiais são diversos. É uma infinidade. Depende o que vou fazer, utilizar um tipo de material. Eu posso pegar um papel sulfite e um lápis e já posso criar um desenho. Posso desenhar no chão, em qualquer lugar. Todo lugar que eu desenho é chamado de suporte. A tela é um suporte, o papel é um suporte, a parede de uma igreja é um suporte, o chão é um suporte. Qualquer lugar em que eu possa riscar, desenhar alguma coisa é o meu suporte.

Tem algum artista de sua preferência ou material (revistas, gibis…) como referência?

Willian: O período do Renascimento Italiano me deixa fascinado. Michelangelo (1475-1564)  é um dos meus preferidos.

Antônio: Eu tenho. Gosto muito de um artista. Acho que o nome dele é (Ivo) Milazzo (desenhista italiano do Ken Parker, personagem criado em 1974). É uma história em quadrinho. O cara é muito bom! Tem também o (quadrinista luso-brasileiro) Jayme Cortez (1926-1987). Os desenhos a bico de pena são excelentes. E vários outros ilustradores.

O que procura transmitir de mensagem por meio dos desenhos? Qual a inspiração?

Antônio: Claro, a gente deve sempre transmitir algo positivo, uma coisa boa, com os nossos desenhos, com a nossa imaginação, com a nossa inspiração. No caso, os desenhos que faço atualmente são para o ABC Litúrgico. Claro, que o folheto tem um grau muito importante. Participar de um folheto desse onde a Palavra de Deus está ali, precisamos ter bastante discernimento e procurar fazer o melhor possível. É claro que eu confesso que fico mais tranquilo sabendo que o padre, muitas pessoas estão ajudando para que não façamos nada que venha a desagradar o nosso trabalho, a nossa mensagem. A inspiração do desenho para o ABC Litúrgico obviamente está nas leituras da bíblia e do evangelho.

Willian: No desenho tento transmitir sobretudo uma mensagem de fé. Os temas religiosos são os que mais aparecem quando eu desenho. Acho que, nesse sentido, um desenho pode ter, muitas vezes, mais eloquência que um texto escrito.

Qual a principal dica para quem quer aprender a desenhar?

Willian: No começo, penso que seja importante não ter medo de “errar” e não se impor um ideal de perfeição pré-estabelecido. Depois, para a questão da técnica de desenho que se usa, existem muitos tutoriais na internet e cursos que podem ser facilmente encontrados na internet.

Antônio: Para aprender a desenhar precisa praticar bastante, repetir e repetir. Ser bastante humilde, aprender com os professores, um bom curso, uma boa escola. Para desenhar, a pessoa que observa bastante facilita muito. Observar a anatomia, a luz, a sombra, a perspectiva. Pode ser que eu passe o dia inteiro sem desenhar, mas na viagem olhava como que fazia a sombra daquela árvore, como fazia o reflexo na água. Aquele prédio, olha o desenho bonito que ele tem. Então mesmo que eu não esteja desenhando com um lápis num papel, mas estou treinando a minha visão que precisarei muitas vezes para poder desenhar.

Qual a importância dessa arte para a sua vida?

Willian: O desenho me ajuda a relaxar e, além disso, é um grande aliado na evangelização.

Antônio: É o que eu gosto de fazer desde criança e procuro sobreviver dela.

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