Missa Crismal – 14 de Abril de 2022
Matriz de Santo André Apóstolo Santo André – Dom Pedro Carlos Cipollini
Estimados presbíteros, diáconos, religiosos e religiosas, seminaristas, irmãos e irmãs vocacionados a viverem o batismo, dando testemunho de Jesus Nosso Senhor e Redentor. Saúdo e acolho a todos, também os que nos seguem pela internet.
Hoje é um dia especial. De manhã estamos celebrando esta Santa missa crismal, à tarde com a Missa da Ceia do Senhor, iniciamos o tríduo Pascal, cerne da nossa fé e das celebrações de todo o Ano Litúrgico.
Nesta Missa Crismal, abençoamos os santos óleos que serão usados nos sacramentos, do batismo, crisma, ordem e unção dos enfermos. Por que abençoamos hoje estes santos óleos? Porque nesta santa missa, comemoramos o dia do nascimento do sacerdócio que é participação na missão do Messias (o ungido) Jesus Cristo!
Abençoamos os santos óleos para ungir o povo de Deus, ou seja todos os que foram batizados. Nos sacramentos o Senhor Jesus nos toca por meio dos elementos da criação. Os sacramentos são expressão da corporeidade de nossa fé, que abraça o corpo e a alma, a pessoa inteira. Deus assume nossa corporeidade, nossas fraquezas, nossas inseguranças, dúvidas e fragilidades físicas. Ele sabe que desejamos ser melhores, mas nossas forças às vezes não ajudam. Então ele vem em nosso socorro como bom samaritano e derrama óleo sobre nossas feridas.
Vivemos um tempo desafiador. A pandemia que graças a Deus vai diminuindo sua intensidade, deixou-nos muitas lições e uma tarefa que toca a todos nós: reconstruir, restaurar, impulsionar a vida da nossa sociedade e sobretudo dinamizar a vida de nossa Igreja, nossas comunidades. Deus conta com cada um para esta tarefa e sobretudo com seus amados sacerdotes. O motor que nos impulsiona na vocação, é a certeza de que somos amados por Jesus, como diz a segunda leitura do Livro do Apocalipse ao definir quem é Jesus para nós: “Jesus, aquele que nos ama e que pelo seu sangue nos libertou de nossos pecados e fez de nós um reino de sacerdotes”(Ap 1,5-8).
Nesta Santa Missa os presbíteros renovam suas promessas sacerdotais, mas sobretudo renovam sua fé na certeza do chamado que receberam, para serem amigos íntimos de Jesus, o qual disse; “Não vos chamo servos, mas amigos, porque vos revelei tudo o que ouvi de meu Pai”(Jo 15,15). Jesus ama seus sacerdotes, os anima e conforta nas lutas e dificuldades. Basta que não se esqueçam de recorrer a Ele, estar com Ele e nada antepor ao seu amor.
A primeira leitura nos recorda esta “aliança de amor” que deve haver entre o Senhor e seus sacerdote. Os presbíteros renovam as promessas sacerdotais. Jesus também renova sua promessa para com os sacerdotes, como está na primeira leitura: “Eu vos recompensarei por vossas obras segundo a verdade farei com eles uma aliança perpétua”(Is 6,1-9). Não se esqueçam: Jesus é o bom Pastor do rebanho, mas é também o Bom Pastor dos pastores.
No Evangelho nos é recordada a unção. Todos nós aqui nesta igreja fomos ungidos, quer seja pelo batismo ou outros sacramentos que tenhamos recebido. Mas a Igreja nos chama a atenção hoje, para a unção que receberam os presbíteros, os sacerdotes, que participam do sacerdócio de Jesus Cristo, o “ungido” do Pai como transparece no Evangelho de S. Lucas: “O Espírito do Senhor está sobre mim para anunciar a Boa Nova e proclamar a libertação“ (Lc 4,16-21). Ungidos para libertar!
Libertação, é o que mais precisamos hoje. As pessoas são escravas de muitas coisas e por isto adoecem, ficam deprimidas, vazias, sem rumo e até desesperadas. Jesus é o libertador que restitui a saúde do corpo, do espírito, da alma. Os sacerdotes são associados à esta missão de forma especial. O presbítero participa do único sacerdócio de Cristo, participa desta unção para libertar através da Palavra e da Eucaristia. Palavra que se faz pão na Eucaristia.
Esta libertação se intensifica justamente com a eucaristia que é fonte de vida solidária, é fonte da qual surge a Igreja. Por isso o sacerdote é o homem da Eucaristia. Esta Eucaristia que celebramos todos os dias no altar, para ser celebrada na vida, e celebramos na vida, para poder ser celebrada no altar. Não se pode separar a Eucaristia da vida.
São Francisco escreveu estas palavras sobre a presença real de Jesus na Eucaristia : “Vede vossa dignidade, irmãos sacerdotes, e sede santos, porque Ele é santo… Grande miséria é, quando o tendes tão presente e vós buscais alguma outra coisa em todo o mundo. Pasme o homem inteiro, estremeça todo o mundo e exulte o céu quando, sobre o altar, na mão do sacerdote, está Cristo, Filho do Deus vivo; Vede, irmãos, a humildade de Deus e derramai diante dele os vossos corações; Por isso não retenhais nada de vós para vós mesmos, para que vos receba inteiros aquele que a vós se dá inteiro”(Na Carta a toda a Ordem escreve).
Celebrem a Santa Eucaristia para o povo, celebrem também no domingo à tarde, missa vespertina, pois muitos fiéis não conseguem participar domingo de manhã. Em certos lugares a missa é celebrada somente no domingo de manhã. Celebremos também, com fervor, a Oitava da Páscoa, estes oito dias que prolongam o Domingo de Páscoa. Caríssimos presbíteros, nossa Igreja pede de cada um de vocês que voltem ao primeiro amor, não deixem a apatia e o desencanto tomar conta de vossa vida sacerdotal. A intimidade com Jesus, com sua Palavra e a oração constante vos manterão perseverantes.
Agradeçamos hoje o grande dom que nos é dado na última ceia, no lava pés. O dom do serviço sacerdotal. O serviço, é a virtude própria de quem preside, é o que Jesus deixou aos pastores da Igreja, como sua herança mais querida. Todos os carismas, estão em função do serviço; mas de maneira bem particular assim está o carisma de “pastores e mestres” (cf. Ef 4,11), que é o carisma da autoridade. Serviço que é nosso peso e nossa glória.
Faço neste momento um agradecimento ao Presbitério de nossa Igreja de Santo André. Como Bispo e em nome de nossa Igreja, agradeço ao nosso Clero, pela generosidade e trabalho durante a pandemia. Fomos um clero solidário, trabalhador. Com muito sacrifício por parte de todos, houve atendimento aos fiéis, muitas vezes pondo em risco a própria vida. Deus seja louvado! Nosso Presbitério é uma bela floresta que cresce no cumprimento do dever e sobretudo na fé traduzida em obras. Se alguma árvore cai fazendo barulho, não podemos desviar a atenção do conjunto bonito da floresta.
Que Nossa Senhora, nossa mãe querida, a serva do Senhor, nos apare sempre, para que perseveremos até o fim em nossa maravilhosa vocação!
A todos os queridos Presbíteros e Diáconos desejo uma feliz e Santa Páscoa, repleta de esperança.
Amém.