As questões sociais e humanitárias sempre estiveram no centro dos debates e ações da Igreja Católica, especialmente no que tange ao cuidado dos mais vulneráveis. Este debate se intensifica ao redor da figura do Padre Júlio Lancellotti, Vigário Episcopal para a Pastoral do Povo da Rua na Arquidiocese de São Paulo, que é conhecido por seu trabalho incansável junto à população em situação de rua em São Paulo. Recentemente, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi instaurada para investigar as ações do Padre Júlio e das entidades associadas, Dom Pedro Carlos Cipollini, Bispo da Diocese de Santo André, e Padre Ryan Matthew Holke, MIPK, Vigário Episcopal para Caridade Social, expressam suas visões e preocupações sobre este cenário, enfatizando a complexidade da realidade das pessoas em situação de rua e a importância do trabalho humanitário realizado pela Igreja.
O trabalho do Padre Júlio Lancellotti é sério e é bem feito, seguindo o Evangelho, procurando dentro do possível atender estas pessoas neste grave problema humanitário, que a própria Câmara Municipal de São Paulo e a Prefeitura, não conseguiram resolver até hoje. Por isso ele incomoda, como todos os que defendem as vítimas da sociedade. Jesus incomodou…Quem defende a causa dos perdidos, perdido está. Dizia Dom Paulo Evaristo Ars, perdido para os grandes do mundo, mas não para Deus. Deus ama os pobres. Deus fará justiça aos pobres e seus defensores, como sempre fez ao longo da história humana. O ideal é que se investigue a fundo as causas desta calamidade que está aumentando. Cada dia aumenta o número dos moradores de rua. Não seria melhor atacar o problema, e não os que trabalham para resolvê-lo?
+ Dom Pedro Cipollini
Bispo da Diocese de Santo AndréAo ver as notícias sobre uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que questionam a conduta de Padre Júlio Lancelotti junto ao povo em situação de rua, bem como o trabalho das entidades que servem diariamente estes irmãos e irmãs, fiquei entristecido e perplexo. A realidade das pessoas em situação de rua é complexa e envolve o engajamento de toda a sociedade, mas principalmente as políticas públicas específicas para esta população vulnerável. Nem sempre é fácil reconhecer Jesus no próximo, mas Padre Júlio Lancelotti, que pude conhecer de um jeito bem simples, acompanhando seus trabalhos e orações numa manhã comum em 2021, durante a Pandemia, é um padre que muito pode ensinar. Enquanto se discute valores financeiros, Padre Júlio nos lembra a todos que o valor da vida humana não tem preço e vem em primeiro lugar. Nosso trabalho da Pastoral do Povo de Rua na Diocese de Santo André, juntamente com tantos irmãos e irmãs do Vicariato Episcopal para Caridade Social, segue na mesma convicção de Cristo nos fez todos irmãos, e por isso, não podemos ficar indiferentes. Foi Jesus quem nos ensinou – ser próximo significa ver, sentir compaixão e cuidar. Acompanhemos na oração e como cidadãos ativos de nossa sociedade este acontecimento para que prevaleçam a justiça e a paz. Nossa Igreja Diocesana ouve e atende a palavra de Jesus: “estava com fome e me destes de comer… o que fez ao menor de meus irmãos, foi a mim que o fizestes” (cf. Mt 25, 35,40). Estamos com os irmãos e irmãs que estão nas ruas e com aqueles que se colocam a serviço deles, como o Padre Júlio e tantos outros das pastorais, movimentos e grupos que se somam ao Vicariato do Povo da Rua na Arquidiocese de São Paulo.
Padre Ryan Matthew Holke, MIPK
Vigário Episcopal para Caridade Social