No dia 7 de setembro, a Diocese de Santo André se uniu ao 30º Grito dos Excluídos e Excluídas, um movimento que, desde 1995, dá voz às pessoas que vivem à margem da sociedade, denunciando as injustiças que ainda persistem no Brasil.
Organizado pelo Comissão de Justiça e Paz da diocese, este ano, teve início com a celebração da Santa Missa na Paróquia Imaculada Conceição, em Diadema, presidida pelo Vigário Episcopal para Caridade Social, Pe. Ryan Matthew Holke, e contou com a participação do pároco Pe. Dayvid da Silva e membros do clero diocesano.
Durante sua homilia, Pe. Ryan destacou a importância de refletir sobre aqueles que continuam excluídos, mesmo após a Independência do Brasil:
“O Grito dos Excluídos vem nos lembrar que, naquele grito que inaugurou a luta pela independência do nosso país, muitas pessoas ainda não tinham sido incluídas. Hoje, mais uma vez, somos convidados a uma contínua mudança do nosso coração, para que seja cada vez mais semelhante ao coração de Deus, que acolhe todos os seus filhos e filhas.”
Ele ainda acrescentou:
“Como Igreja, não podemos fechar os olhos para as necessidades dos mais pobres. Assim como os discípulos de Jesus, que arrancaram espigas em dia de sábado, nós também somos chamados a romper com as barreiras das convenções humanas e enxergar a fome, tanto material quanto espiritual, que está à nossa volta”.
Após a reflexão de Pe. Ryan, uma mensagem do bispo diocesano, Dom Pedro Carlos Cipollini, foi lida por Walter Veludo Neto. Dom Pedro destacou o papel profético da Igreja na defesa dos mais vulneráveis, afirmando: (leia a mensagem completa, clicando aqui)
“A sociedade está se esquecendo de Deus, e com isso, esquecendo dos irmãos, especialmente os marginalizados. O ‘Grito dos Excluídos’ brota da fé, da ética e da misericórdia do Evangelho de Jesus Cristo”. Ele reforçou que a promoção humana é parte essencial da evangelização.
Após a celebração a Folia de Reis se apresentou e os participantes tomaram café na praça da matriz, seguindo em caminhada pelas ruas de Diadema, passando por avenidas movimentadas, como Antônio Piranga e Fábio Eduardo Ramos Esquivel, até a Praça Castelo Branco. Ao longo do percurso, paradas foram feitas para que vítimas de exclusão relatassem suas experiências, ecoando o clamor dos invisíveis da sociedade.
Na chegada à praça, um momento inter-religioso envolveu lideranças de diversas denominações religiosas, reforçando o lema deste ano: “Vida em primeiro lugar: todas as formas de vida importam. Mas quem se importa?”.
Ronaldo Machado, membro da comissão organizadora, destacou a importância de descentralizar o evento:
“Precisamos prestar atenção em todos aqueles que sofrem, seja violência, discriminação ou exclusão. A Igreja tem um papel essencial nisso, como Jesus nos ensinou”.
Francielly Mello, catequista da Paróquia Nossa Senhora das Graças da cidade, também partilhou sua experiência, afirmando:
“Participar do Grito é ver a pluralidade da nossa Igreja e como outras pessoas se juntam a nós nesse clamor. Como cristãos, devemos nos importar e agir em defesa da vida em todas as suas dimensões”.
Com o lema “Todas as formas de vida importam. Mas quem se importa?”, o Grito dos Excluídos, que completa 30 anos em 2024, permanece como uma importante ferramenta de resistência e denúncia contra as desigualdades sociais. Ao longo de sua trajetória, o movimento segue firme em sua missão de inspirar e mobilizar a sociedade para a construção de um país mais justo, solidário e inclusivo, dando voz aos excluídos nas ruas e praças de todo o Brasil.
Desde 2022, a Diocese de Santo André tem se mobilizado nas setes cidades do Grande Abc para a realização do Grito dos Excluídos e Excluídas. A edição deste ano reuniu 300 pessoas, e uma ampla gama de movimentos sociais, comunidades e grupos religiosos, mostrando a força e a união de diferentes setores em prol da justiça social. A caminhada pelas ruas de Diadema, com a participação ativa de diversas lideranças e fiéis, reforça o compromisso da diocese com a promoção da dignidade humana e a luta pelos direitos dos mais vulneráveis.